terça-feira, 2 de junho de 2015

A conversa fiada para tirar do Brasil a tecnologia, militar e não militar

molotares
Fernando Brito / http://tijolaco.com.br/
Quando eu era guri, contava-se uma piada – na época, “suja” – sobre um mexicano, daqueles da época de Pancho Villa, que tinha presenteado, aos 15 anos, seu filho com um revólver,  o que os “politicamente corretos” vão achar uma abominação, porque não estavam no Deserto de Sonora naqueles anos 1800.
Só que o guri se encantou com um daqueles relógios de corrente e trocou seu Colt de segunda mão pelo dito cujo.
E o pai, um dia, pergunta-lhe sobre a arma.
– Ah, padrecito, lo cambie por este lindo reloj…
– Qué rico! Pero dejame preguntarle: si dicieren que usted es un hijo de puta, tu va a decir que son las tres de la tarde? 

Não é. Exportadores de armas são os EUA, a Rússia, a China, França, Inglaterra, Israel, Índia. Alemanha e Japão, que possuem alta tecnologia militar, só não são dos maiores exportadores por causa das limitações que vêm de lá, da 2a. Guerra Mundial. Até a Espanha do El País vendia armas no exterior, para Israel e continua vendendo para a Arábia Saudita, aquele primor de democracia.
Não é, basicamente, porque a pesquisa citada é mambembe e trata apenas de armas leves.
É óbvio que um míssil tem um potencial letal muitíssimo maior que uma garrucha.Ou que as bombas de gás lacrimogêneo que a reportagem cita. Francamente, né, isso não pode ser comparado com tanques, caças, ogivas explosivas. Querer comparar gás lacrimogênio com bomba atômica é dose pra leão.
Em segundo lugar, temos uma base industrial de armas necessária para o abastecimento interno, o que torna a exportação uma consequência natural.
O Brasil tem perto de meio milhão de policiais militares, outros tantos vigilantes provados, legalizados. É obvio que é preciso ter uma indústria capaz de equipa-los,  e não ao cidadão comum, que não deve ter nem muito menos deve portar uma arma de fogo. Temos leis para isso e só quem quer revogá-las são os Bolsonaro da vida, infelizmente em número cada vez maior.
Não temos um grande contingente de militares -cerca de 300 mil – e mesmo sendo o quinto país em extensão territorial, éramos , em 2010, o 13° contingente militar do mundo. Seis vezes menos que os EUA, que não chegam a ter 40% mais de população.
Na relação entre efetivos militares e população devíamos andar la pelo 40°lugar no planeta.
Em gastos militares sobre o PIB, perto de 1,5% , ficamos muito abaixo da média mundial de 2,4% e muito atrás de nossos vizinhos econômicos (Franças e Reino Unido), ambos gastando 2,5% do PIB, em números redondos.
E, claro, muito menos que os EUA ( 4%) e sua “polícia” do mundo árabe, a Arábia Saudita, com 9%.
A Colômbia, aqui do lado, tem quase 500 mil militares e gasta 3% do PIB com eles, além de contar com farto apoio americano.
Na América do Sul, o Chile é o país que tem maior percentual de efetivos militares em relação à população. O Brasil é o quinto, atrás também da Colômbia, Venezuela e Argentina.
Qualquer “zé mané” sabe que boa parte do desenvolvimento tecnológico provém dos sistemas de defesa, inclusive esta internet que estamos usando agora, um conceito criado nos anos 60, no auge da Guerra Fria, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para criar uma rede de computadores que não pudesse ser destruída por bombardeios e que conseguisse ligar pontos considerados estratégicos para o país, como bases militares e centros de pesquisa e tecnologia, depois desenvolvida para fins civis em laboratório de partículas nucleares na Europa.
E é assim na indústria bélica, cujos projetos de sensoriamento, de aviônica,  de detecção e tantos outros são um imenso suporte para o desenvolvimento da indústria não-bélica.
E é isso, muito mais que uns cargueiros aéreos ou uns  mísseis “daqui pra ali” (os deles são para dar a volta ao mundo) ou em um mínimo de proteção aero-naval às nossas jazidas de petróleo- agora imensas – que querem nos impedir de fazer.
Isso sem falar no nuclear, onde o governo Fernando Henrique aderiu sabujamente ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, um absurdo que permite a uma dezena de países terem a bomba, matarem a humanidade 50 vezes e nós, aqui dizendo: não, nós somos bonzinhos e vamos morrer em silêncio, dizendo só que são três da tarde.
Abolir as armas nucleares é uma das maiores e mais urgentes necessidades da espécie humana, mas isso não se faz sem que a regra valha para todas as nações, sem exceção.
Abrimos mão de nosso poder de pressão, porque somos defensores da paz, paz que pode ser abolida (se é que existe) com um dedo num botão.

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