
Privilegiadíssima pelo oligopólio
midiático que lidera – e encorajada pelo acovardamento do partido que governa o
país – a Rede Globo choca seus ovos de serpente.
Via Brasil de Fato em 9/4/2015 / http://limpinhoecheiroso.com/
Em 2010, quando Maria Judith
Brito, então presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do
grupo Folha de S.Paulo, anunciou que a imprensa deveria assumir, de fato, “a
posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”,
escancarou o ovo de serpente que estava sendo chocado.
O filme O ovo da serpente, do
sueco Ingmar Bergman, produzido em 1977, retratou a Alemanha dos anos pós 1ª
Guerra Mundial, e captou com magistral sutileza uma sociedade à beira do caos econômico
e político, onde já era possível vislumbrar o réptil que estava sendo gerado: o
nazismo.
Muitas das faixas carregadas na
avenida paulista, na manifestação do dia 15 de março, se devem à essa
partidarização da mídia brasileira. Sem as amarras da legislação que regem os
partidos políticos, a mídia se sentiu livre para criminalizar a política, de
modo geral, e, especificamente, destilar seu ódio de classe contra o partido
que venceu as últimas quatro eleições presidenciais, o PT.
Até poucos anos atrás, era
impensável imaginar que os setores retrógrados, minoritários e que sempre
existiram, se atreveriam ir às ruas carregando faixas com a suástica nazista ou
pedindo a volta da ditadura militar. Sentiram-se encorajados e incentivados por
um único motivo: também fazem oposição ao atual governo federal.
Não se esconde mais a baba de
ódio e de preconceito desses grupos fascistas. Os alvos preferidos são os
esquerdistas, comunistas, os negros, os nordestinos, os petralhas, gayzistas,
feministas, bolivarianos, chavistas etc. São alvos por causa da sua militância
política e pela sua posição social, gênero e/ou raça.
Ver o senador tucano Aloysio
Nunes, de honroso passado de lutas contra a ditadura militar, dizer com mórbido
prazer que quer sangrar a presidenta da República é algo estarrecedor. Talvez,
ele, com sua face crispada de ódio, sintetize o melhor retrato da transformação
que vem ocorrendo em nossa sociedade.
Privilegiadíssima pelo oligopólio
midiático que lidera – e encorajada pelo acovardamento do partido que governa o
país – a Rede Globo choca seus ovos de serpente.
Haverá a história de elucidar
quem segurava a faca no pescoço do STF, durante o julgamento da Ação Penal 470
– o mensalão petista –, denúncia feita por um dos ministros do próprio Supremo.
A espetacularização midiática daquele julgamento assegurou o resultado
desejado e anunciado insistentemente pela mídia, às custas de que a verdade é
uma quimera.
É vergonhosa, e cada vez mais
escancarada, a forma como mídia partidariza o seu jornalismo. Escândalos nos
governos aliados a seus interesses, principalmente dos tucanos, não são
notícias. A conta-gotas se noticia a corrupção existente no transporte público
de trens em São Paulo, governado há duas décadas pelo PSDB.
Sobre o governo de Aécio Neves,
em Minas Gerais, só há espaços para elogios e para enaltecer seu “choque de
administração”. Veremos como será noticiado/ocultado a radiografia das finanças
do Estado, feita nesses primeiros 100 dias de governo petista em Minas.
Deverá receber tanto destaque
quanto recebeu o helicóptero apreendido com 450 quilos de pasta de cocaína,
pertencente (o helicóptero!) ao senador amigo e aliado político do senador
Aécio Neves.
O mensalão tucano, devolvido à
primeira instância do poder Judiciário – direito negado aos petistas – espera
apenas, tudo indica, prescrever e deixar impunes tucanos gordos e vivos.
As vezes que aparece o nome do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em denúncias que possam ligá-lo aos
casos de corrupção, há sempre a sutil observação de editores atentos: podemos
tirar, se achar melhor.
Há que se reconhecer, no entanto,
que esse zelo que a mídia tem pela imagem de alguns partidos não se restringe
aos tucanos. O senador Agripino Maia (DEM/RN), desfila alegremente nas
passeatas como paladino da ética na política e na luta contra a corrupção,
mesmo acusado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, de cobrar
propinas para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção
veicular, no seu Estado.
E Demóstenes Torres, ex-senador e
procurador de Justiça acusou o senador Ronaldo Caiado (DEM/GO) de roubar,
mentir e trair, ter campanhas eleitorais financiadas pelo contraventor Carlos
Cachoeira e de passar férias na Bahia à custa da empresa OAS. Virou mais uma
não-notícia, na mídia partidarizada.
Não bastasse a corrupção
partidária em suas fileiras, a mídia agora precisa não noticiar as milionárias
contas bancárias mantidas no HSBC, na Suíça e a bilionária sonegação e
impostos, desbaratada pela Polícia Federal, na Operação Zelotes.
No primeiro caso aparece até
mesmo a viúva de Roberto Marinho, Lily de Carvalho. Integrantes da família
Saad, donos da Rede Bandeirantes, também estão lá, juntamente com os da Rádio
Jovem Pan. Não é ilegal ter uma conta bancária no exterior, desde que declarada
à Receita Federal.
Na operação Zelotes, está lá a
RBS, umas das principais afiliadas da Rede Globo. Começam a ser tantos os fatos
não noticiados que será necessário aumentar o tempo das novelas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12