Mais da metade dos jovens
americanos se informa sobre política através do Facebook, e noticiários devem
ser cada vez mais compatíveis com smartphones. Em congresso em Washington,
empresas de mídia discutem tendências.
“Vocês todos falam sobre as
tendências da minha geração, mas nenhum de vocês é da minha idade!” A frase
proferida por um espectador do World News Media Congress foi aclamada pelo
público. No encontro anual da imprensa mundial em Washington, cabeças com
cabelos brancos e grisalhos dominam as mesas de discussões.
Os diretores das empresas de
mídia mais importantes do mundo aproveitam o evento, cuja edição deste ano
termina nesta quarta-feira (03/06), para apresentar suas novas estratégias. Com
isso, eles pretendem alcançar e compreender especialmente a chamada “Geração
Y”, à qual pertencem pessoas na faixa dos 19 aos 34 anos, que cresceram com a internet.
Eles são o presente e o futuro do consumo de mídia e notícias.
De acordo com um novo estudo do
Centro de Pesquisas PWE, mais da metade dos jovens americanos toma conhecimento
de informações de relevância política exclusivamente através do Facebook.
Exatamente o mesmo percentual da geração dos baby boomers – nascidos no
pós-guerra, entre 1946 e 1964 – prefere assistir à televisão.
“É interessante o fato de que
mais da metade das informações no feed de notícias da Geração Y envolve
aspectos políticos”, disse no congresso a diretora da pesquisa jornalística no
PWE, Amy Mitchell.
Segundo o chefe de pesquisa do
Instituto Reuters, Robert Picard, é um erro pensar que os jovens não têm
interesse por política ou notícias. “Muitas vezes, porém, eles não encontram
uma abordagem pessoal do assunto, porque a mídia tradicional ainda não entendeu
como deve se dirigir a essa geração”, disse.
Isso porque é difícil descobrir
exatamente o que, onde e por quanto tempo alguém assiste, lê ou ouve algo. “O
consumo de notícias desta geração é cada vez mais personalizado e está em
constante mudança. É por isso que não se pode prever tendências absolutas para
eles”, afirmou Picard.
No entanto, é senso comum que as
notícias para cada dispositivo precisam ser produzidas de modo diferente. A
versão para smartphones desempenha o papel mais importante, pois as notícias
são lidas principalmente quando as pessoas estão a caminho de algum lugar.
“Produzimos primeiramente para o consumo móvel, em seguida, para o tablet e o
computador e, depois, caso a história ainda seja relevante, ela é impressa”,
disse o diretor de marketing do diário americano USA Today, Tom Miller.
Há apenas algumas semanas, vários
veículos – entre eles os portais de notícias alemães Bild.de e Spiegel Online –
anunciaram que publicarão notícias completas diretamente no aplicativo do
Facebook. Isso significa que, no futuro, notícias e reportagens multimídia
aparecerão diretamente no feed de notícias do Facebook, sem que o usuário tenha
que abrir um link para o respectivo site. Em troca, o Facebook oferece receitas
geradas por publicidade e dados de usuários.
Apenas três segundos de atraso
“Desta forma, no futuro, notícias
urgentes aparecerão em todas as telas”, disse Andy Crosby, vice-presidente do
Newzulu, um aplicativo que coloca online conteúdo gerado pelo usuário enquanto
ainda está sendo filmado. “Um incidente como o do [ataque ao jornal parisiense]
Charlie Hebdo, pode ser transmitido ao vivo do local com este aplicativo”,
exemplificou Crosby.
O Newzulu, que está no mercado
desde abril, fornece a empresas de mídia e agências de notícias também um
software que permite que o material de vídeo dos correspondentes e repórteres
possa ser colocado em suas páginas online no calor dos acontecimentos. “Em
algum momento, as emissoras de televisão farão o mesmo e não precisarão mais de
caminhões de transmissão”, previu Crosby.
No início deste ano, o aplicativo
Periscope já ofereceu uma tecnologia semelhante. Em março, ele foi comprado
pelo Twitter por 100 milhões de dólares. “O Newzulu funciona de forma
semelhante ao Periscope, mas filtra conteúdo desagradável ou ofensivo”, disse
Crosby.
Isso ocorre durante os três
segundos de atraso que existem entre o local de gravação e a transmissão do
material na internet. Com um bilhão de smartphones no mundo e uma rede cada vez
mais rápida, este é “o futuro das notícias e do jornalismo moderno”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12