Por Rogério Maestri / http://jornalggn.com.br/
Como seria o Estado Brasileiro com a ascensão de um presidente evangélico ao poder?
Já tivemos um presidente protestante no país, o General Ernesto Geisel, porém como aquela era uma época de intolerância política e não religiosa, não sentimos o efeito de um governo religioso no poder. Os outros presidentes eram geralmente católicos e lá não muito praticantes, logo a influência da religião no Estado era somente quando esta apoiava os atos reacionários do poder temporal.
Nos dias atuais a intolerância religiosa aumenta no mundo inteiro e pela primeira vez temos uma bancada que se toma o nome de uma denominação religiosa como o seu nome, a bancada Evangélica, logo o que se pode esperar é que com o executivo na mão a intolerância religiosa aumente profundamente e ocupe espaços típicos da sociedade laica atual. Vendo como agem os religiosos em outros países, podemos imaginar como seria o caso brasileiro, logo vamos aos diversos aspectos que sofreriam mudanças.
Quanto à religião:
Como grande parte da população é ainda católica, não seria possível declarar uma religião oficial no Brasil ou transformar num Estado Religioso, porém é possível imaginar que diversos credos e religiões não cristãs sofrerão uma espécie de perseguição velada. Por exemplo, as religiões afros certamente por conta de alguma lei de proteção aos animais terão suas sacralizações de animais impedidas pela polícia e questionadas no judiciário. Algo como isto já foi tentado no Rio Grande do Sul por uma deputada evangélica, não passou porque por incrível que pareça neste estado o movimento afro é altamente organizado. Centros espíritas provavelmente sofrerão intervenção em função das curas que serão caracterizadas como exercício ilegal da profissão. Talvez, se a influência for mais forte também sobre algo contra os Maçons que são alvos de críticas dos pastores e bispos pentecostais como agentes de forças ocultas e muitas vezes demoníacas. Talvez outras religiões mais exóticas, como as orientais, também achem alguma forma de reprimi-las, isto só o tempo dirá. Faltou chamar a atenção sobre a muito provável repressão ao Islã, pois além das mortes e prisões de pregadores evangélicos causadas por grupos fundamentalistas, como o Estado Islâmico na Síria ou o Boko Haran na África, isto servirá de pretexto de provocar o rompimento para países como o Irã que faz parte da agenda direitista internacional. Aí não haverá diferenciação entre fundamentalistas e não fundamentalistas, serão todos considerados uma ameaça ao estado cristão brasileiro.
Quanto ao relacionamento homoafetivo:
As relações homoafetivas não serão criminalizadas, porém legalmente elas deverão sofrer ataque por dois lados, pelo lado civil, caracterizando o casamento ou ligações válidas somente as heterossexuais, os direitos concedidos pelos tribunais superiores como o direito de herança, pensão e outros serão retirados, assim como poderão estabelecer o impedimento que pessoas com sexualidade não convencional participarem de determinadas carreiras que teoricamente induziriam crianças ao homossexualismo, ou seja, a educação. Também é de se esperar que o internamento involuntário em clinicas de tratamento seja aplicado não só para estes grupos como para viciados em entorpecentes.
Quanto a Educação:
Na educação já estamos sentindo desde já a influência dos grupos religiosos neste setor, provavelmente isto vá mais fundo, adotando-se o criacionismo sob o nome de design inteligente no estudo de primeiro e segundo grau assim como outros dogmas religiosos. Talvez se introduza o ensino religioso obrigatório nas escolas, ensino que provavelmente ficará restrito as religiões consideradas como tal.
Quanto à Ciência:
Com a adoção do ensino do criacionismo fantasiado de ciência através do design inteligente, no ensino de primeiro e segundo grau, ela será esta simplesmente violada nos seus pré-requisitos básicos, ficando uma grande resistência nas Universidades contra isto no início, que poderá ser vencida lentamente. Pesquisas com células troncos e outras do tipo, poderão ser anuladas por comissões de ética sem a necessidade de legislação especial. O ensino de história e outras ciências sociais que não sejam condizentes com os novos padrões morais poderão também ser devidamente reprimidos também não diretamente, mas sim pela restrição de financiamentos públicos que dependem de burocratas colocados em postos chaves.
Conclusão final:
Se alguém acha que isto não é possível é só ver fotos de países como a Afeganistão, Egito e outros países muçulmanos há cinquenta anos e nos dias atuais, e verão como uma sociedade moderna pode ter muitos aspectos da sua vida reduzida a Idade Média em menos de meio século, o fundamentalismo religioso é algo que vem de forma doce e suave como uma forma de moralização da sociedade, e através disto impõe-se a maior das indecências da sociedade nos últimos anos, a intolerância, a regressão social e a perseguição das minorias.
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