MAURO SANTAYANNA // http://www.brasil247.com/
Conferencista internacional, assim como Fernando
Henrique Cardoso e Lula, e um dos mais bem pagos palestrantes do mundo, o
ex-presidente Bill Clinton esteve na última semana em Brasília, onde encerrou
encontro da CNI – Confederação Nacional da Indústria.
Em seu discurso, ele lembrou as conquistas do
Brasil nos últimos anos, afirmou que o nosso futuro é brilhante, e que é
preciso unir as forças positivas da Nação para enfrentar os eventuais desafios
deste que é “um dos melhores países para se investir em todo o mundo”.
E, por isso, por nadar contra a corrente - daqueles
que prefeririam ver o país descer, se arrebentando, pedregosas corredeiras em
direção a um ralo de esgoto - Clinton foi e está sendo execrado e insultado por
dezenas de indignados hitlernautas na internet.
Em quem os brasileiros que “detonam” Clinton nas
redes sociais - porque ele diz que o Brasil não é, ao contrário do que afirmam
muitos, um barco que está afundando - querem que o ex-presidente
norte-americano confie?
Nas manchetes de uma mídia seletiva, associada
entre si em veículos, negócios e pautas comuns, que pinta com as cores do
diabo, o Brasil de todos os dias, na capa dos diários, das revistas semanais,
nos telejornais e nos programas de rádio?
Ou no que diz, por exemplo, o órgão de espionagem e
contra-espionagem norte-americano, que tem o dever de informar o governo dos
EUA, a Central Intelligence Agency, Agência Central de Inteligência, tão
cantada e decantada - como bastião na linha de frente da defesa do “ocidente” e
da democracia, contra a assustadora “ameaça comunista” - pelos mesmos radicais
de direitaque atacam o ex-presidente norte-americano, por falar bem do Brasil?
Pelo que dizem a mídia, e os fascistas de plantão
nos grandes portais e nas redes sociais, o Brasil está quebrado, no fundo do
poço, dominado, destruído e inviabilizado economicamente, por um grupo criminoso mais poderoso e tentacular que a
K.A.O.S, a organização galhardamente combatida pelo Agente 86, mais conhecido
como Maxwell Smart, nas telas de televisão, no auge da Guerra Fria.
Uma suposta e fantasiosa ORCRIM (organização
criminosa) - comandada por certo Foro de São Paulo, com o objetivo de se
assenhorear do poder na América Latina, e construir “paredões” por todos lados
- que destruiu o país.
Pelo que diz a CIA, em seus relatórios anuais de
informação (The Worldfactbook 2002) (The Worldfactbook 2015), o Brasil passou
de um PIB de 1.3 trilhões de dólares, em 2002, para 3.2 trilhões de dólares, em
2014, quase triplicando o tamanho de sua economia por Poder Paritário de
Compra, e mais que duplicando, de pouco mais de 7.000 dólares, em 2002, para
16.100 dólares, a renda per capita, também por Poder Paritário de Compra, desde
que o Senhor Fernando Henrique Cardoso deixou o poder.
É esse o retrato de um país acabado, no fundo do
poço, que está quebrado e sem solução?
Vejamos como começa o relatório da CIA sobre o
Brasil:
“Characterized
by large and well-developed agricultural, mining, manufacturing, and service
sectors, and a rapidly expanding middle class, Brazil's economy outweighs that
of all other South American countries, and Brazil is expanding its presence in
world markets. Since 2003, Brazil has steadily improved its macroeconomic
stability, building up foreign reserves, and reducing its debt profile by
shifting its debt burden toward real denominated and domestically held
instruments. Since 2008, Brazil became a net external creditor and all three of
the major ratings agencies awarded investment grade status to its debt.”
“Caracterizada por setores agrícola, de mineração,
manufatura e serviços grandes e bem desenvolvidos, e uma classe média em rápida
expansão, a economia do Brasil supera a de todos os outros países da América do
Sul, e o Brasil está expandindo sua presença nos mercados mundiais. Desde 2003,
(será que essa data é mera coincidência?) o Brasil melhorou a sua estabilidade
macroeconômica, construiu reservas de divisas, e reduziu o seu perfil de
dívida, transferindo sua dívida para instrumentos denominados em reais no
mercado interno. Desde 2008, o Brasil tornou-se um credor externo líquido e as
principais agências derating concederam grau de investimento para sua dívida.”
Faltou completar dizendo que a dívida líquida
pública brasileira caiu quase pela metade no mesmo período, e que o Brasil é,
hoje, o terceiro maior credor individual externo dos EUA, como se pode ver na
página do próprio tesouro norte-americano:
Estará a imprensa brasileira sabendo de alguma
coisa que a CIA, ou, melhor, que o Fundo Monetário Internacional, ou o Banco
Mundial, que apresentam números ainda melhores do que os da Central
Intelligence Agency sobre a evolução do
Brasil nos últimos 13 anos, não sabem?
Ou que a ONU não sabe, sobre a evolução dos
indicadores sociais do Brasil no mesmo período?
Ou terão sido os valorosos agentes secretos dos
EUA, sedutoramente enganados pelos malvados e famintos "MAVs"
comedores de pão com mortadela do PT?
Ou pior, não terão os petistas, com sua conhecida
competência na insidiosa arte do aparelhamento, tão a gosto dos
esquerdistas-comunistas-gramscianos-bolivarianos, infiltrado alguns agentes
duplos “melancia” (verdes por fora, vermelhos por dentro), nos escritórios da sede
da CIA, em Langley, na Virginia?
A resposta é simples.
Clinton é norte-americano – teoricamente menos
informado sobre o Brasil, embora já tenha estado aqui por 15 vezes nos últimos
anos – mas não é burro, nem idiota.
Ao contrário de uma pseudo “maioria” ignorante e
manipulada que pulula pelos portais e redes sociais brasileiras, torcendo
abertamente contra o país e contra nossas maiores empresas (praga de urubu
magro não pega em cachorro gordo) ele não tem a mente feita – ou melhor,
permanentemente desfeita – pelo discurso raso e rasteiro da crise absoluta e do
apocalipse nacional.
Mister Clinton vive no século XXI, em um momento em
que os Estados Unidos acabam de reatar relações diplomáticas com Cuba, e são
obrigados a sentar-se e a negociar com russos e iranianos a situação na Síria.
E como uma figura pública, cuja mulher disputa a
indicação para candidata a Presidente da República pelo Partido Democrata nos
EUA, ele prefere certamente se basear em informações como as compiladas
pelos funcionários do serviço secreto do
seu país e por organizações econômicas multilaterais internacionais, para
analisar o Brasil, diante de
brasileiros, muitos deles contaminados, infelizmente, por um ódio cego e um preconceito ideológico
que os impede, como viseiras, de avaliar a verdadeira situação do país.
Nisso, Clinton se iguala a Obama, que, apesar,
também, de ser norte-americano, sabe muito bem que o Brasil é, enquanto a
quinta maior nação do planeta em território e população, e a sétima maior
economia do mundo (ocupávamos o décimo-quarto lugar em 2002) uma potência
mundial, e não regional, como disse claramente - contestando à abjeta
pergunta-afirmação de uma repórter “brasileira”, em entrevista coletiva na Casa
Branca, durante visita da Presidente Dilma aos EUA, em julho deste ano.
Tem razão o Ministro Lewandowski, que está sendo
também execrado, como Judas, pela mesma tropa fascista da internet, ao dizer
que é preciso esperar “três anos” sem golpe, que haverá eleições daqui a um
ano, e que a crise é mais política que econômica.
Como se pode ver pela recuperação do saldo da
balança comercial, pelo aumento da produção da Petrobras, pelo avanço da
redução da desigualdade, por 1.5 trilhão de reais em reservas internacionais,
pelos fantásticos lucros dos bancos, está claro que a crise é, principalmente,
política.
Uma crise cada vez mais artificial, exagerada,
mentirosa, conspiratória e hipócrita.
Que precisa ser desmentida, desmistificada e
combatida, politicamente, por todo cidadão responsável e consciente deste país.
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