12 entidades deram o primeiro passo para a
constituição do Fórum de Defesa da Liberdade das Religiões de Matriz Africana,
Afro-Brasileira e Ameríndia – FDL
Hamilton Pereira (Pedro Tierra) // www.cartamaior.com.br
Ecoaram atabaques no Plenário da Câmara Legislativa
do Distrito Federal, nesta sexta-feira 13 de novembro. Um momento histórico
para a Casa e para a Capital do país. Doze entidades que organizam as
expressões religiosas afro-brasileiras deram o primeiro passo formal para a
constituição do FÓRUM DE DEFESA DA LIBERDADE DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA,
AFRO-BRASILEIRA E AMERÍNDIA – FDL. A relevância desse momento, não reside
apenas no aspecto de que se trata de um fato inédito.
Os representantes das expressões religiosas de
matriz africana ocuparam o espaço físico do Parlamento para apresentar-se
diante da sociedade do Distrito Federal e Região Metropolitana, como um
organismo que resulta de uma árdua construção coletiva, como sociedade civil,
para exercer seu direito constitucional de, num Estado Laico, expressar com
plena liberdade sua fé religiosa. Movidos por uma sequência de atos de agressão
aos seus espaços de culto, suas casas de santos, seus terreiros, nos últimos
meses, acorreram ao chamado de suas lideranças para constituir esse instrumento
permanente de diálogo com a sociedade e de autodefesa dos seus princípios
diante da hostilidade sistemática que enfrentam e que tende a se aprofundar.
“Se queremos o reconhecimento da sociedade devemos
antes informa-la. Mais do que informa-la, devemos educa-la. Transmitir valores.
De respeito. De cuidado. Não queremos ser tolerados. Exigimos respeito.” (...)
“Em que país do mundo se costuma queimar templos? Que país é esse que incendeia
Espaços Sagrados onde suas etnias cultuam divindades ancestrais?” afirma a
Carta de Lançamento do Fórum Em Defesa da Liberdade das Religiões de Matriz
Africana, Afro-Brasileira e Ameríndia.
Para informar a sociedade, e formá-la de maneira
adequada, é preciso fazer valer o que determina a Lei 10.639/2003 e levar a
todas as escolas do país os conteúdos que tratam da história da África e sua relação
com os processos de colonização das Américas, pelos europeus. As novas gerações
não respeitam o que desconhecem. Assumem uma atitude preconceituosa. É
necessário conhecer a trajetória dos povos africanos que estão na raiz da nossa
formação cultural, da nossa identidade, da nossa fisionomia como povo. Isso se
aprende na Escola. É preciso conhecer essa história para respeitá-la, para
amá-la.
A conquista da Democracia que desejamos se alcança
com instrumentos coletivos organizados e fortalecidos na sociedade civil. Como
este Fórum que acaba de nascer. Fruto da maturidade e do respeito às
diferenças. Eles é que vertebram uma sociedade civilizada. E só prosperam no
ambiente de um Estado que se define constitucionalmente como um Estado Laico,
fiador e garantia do pleno exercício da liberdade religiosa. Instrumentos como esse precisam ser
multiplicados no Brasil. Sem eles, resta a barbárie.
A Audiência Pública, presidida pelo Deputado
Ricardo Vale, Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, ao lado da
Deputada Luzia de Paula e dos Deputados Reginaldo Veras, Lira e Claudio
Abrantes, numa Mesa composta por representantes das Casas de Santo, pelo
Governo do Distrito Federal, Fundação Palmares, entidades civis e movimentos
populares, marcou o reconhecimento do Legislativo a esse novo mecanismo de
exercício da cidadania no Distrito Federal, o que implica em compromisso com os
objetivos que defende, assegurados pela Constituição de 1988.
O Fórum de Defesa da Liberdade das Religiões de
Matriz Africana, Afro-Brasileira e Ameríndia - FDL não é apenas um encontro de pessoas e
instituições que ocupou o Plenário da Câmara Legislativa na noite desta sexta-feira
13 de novembro. É um instrumento permanente da sociedade civil que buscará
abrir espaço para que as organizações, entidades, casas de santo, terreiros e
movimentos identificados com os princípios e objetivos que defende possam
formular iniciativas comuns e projetar ações coletivas buscando abolir
preconceitos e construir uma sociedade que respeite a Liberdade e a Diversidade
Religiosa, na Capital do segundo país de população negra do mundo.
Nessa noite em que os orixás nos abençoam, e nos
damos as mãos para lutar contra a discriminação e a intolerância religiosa
recebemos a notícia do ato de barbárie que aterrorizou a França e o mundo. Mais
de uma centena de civis foram assassinados num ato terrorista, assumido pelo
autointitulado Estado Islâmico. Uma resposta selvagem contra cidadãos inocentes
aos bárbaros bombardeios que as grandes potências – as Forças Armadas Francesas
inclusive – despejam sobre populações civis, na Síria, provocando uma
assombrosa crise humanitária. Nossa solidariedade às vítimas do terror de dupla
face que se comete em nome do fundamentalismo, religioso ou do mercado, seja
ele qual for.
Hamilton Pereira (Pedro Tierra)
Secretário da Comissão de Defesa dos Direitos
Humanos
Da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Créditos da foto: Toninho Oliveir/ Prefeitura de
Campinas
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