Vulgaridade
Nonato Menezes - Bom seria se a
razão tomasse conta do povo brasileiro neste momento de crise. Como se trata de
um momento rico em manifestações, valeria a pena o “juízo” se assentar para daí
se fazer uma leitura mais ou menos precisa sobre o que de fato está causando
tamanho rebuliço na vida nacional.
Para a massa,
qualquer que seja o adjetivo dado a ela, se de senso comum ou não, a Presidenta
Dilma é causa e efeito de quase tudo que acontece no Brasil, e ao Brasil.
No mais
distante povoado ou no centro de qualquer grande centro, se tiver a Globo para
deformar desinformar, ouve-se que a falta d’água ou o excesso dela, caso a lama
enlameie casas e vidas, a culpa ou responsabilidade é da Presidenta.
Acontece que o
momento que vivemos tem sido didático em mostrar o que muitos não querem
perceber, ou se percebem, não querem discutir. Ou seja, o olhar tende a ser
torto e a leitura, muitas vezes, enviesada. Por isso, a culpa ou a
responsabilidade tende a ser dirigida para a pessoa e ou instituição erradas.
Por exemplo. Na
estrutura do poder executivo do país, temos uma Presidenta da República, vinte
e sete governadores de estados, um governador do Distrito Federal e mais de
cinco mil e quinhentos prefeitos. Ainda mais, temos o dobro disto, mesmo sendo
os vices, figuras “decorativas”.
Pois bem. Só no
Congresso Nacional são mais de seiscentos parlamentares. Nos Estados temos mais
de quinhentos deputados. Vereadores são mais de sessenta mil e trezentos.
O Brasil é
grande e estes números são importantes, mas, mais importante é o poder que de
direito têm nossos Legisladores, ou pelo menos deveriam ter. E é aqui, no
Legislativo, o nosso céu e o nosso inferno políticos.
Ao
acompanharmos o que ocorre no Congresso Nacional, em especial, na Câmara dos
Deputados, cujo presidente é o terceiro no processo de sucessão da Presidência
da República, vamos perceber que a atual crise, se não nasceu ali, ali cresceu
e ganhou tanta importância, que está colocando a própria democracia em risco.
Uma crise
capitaneada, basicamente, por um único indivíduo. E pior; por um bandido de
altíssima periculosidade.
Não há nenhum
exagero na afirmação acima, afinal se trata mesmo de uma criatura veterana em
praticar crimes de toda espécie. É acusado, por exemplo, de violar a Constituição,
descumprir o regimento da casa, inviabilizar funcionamento de comissões,
ameaçar companheiros, praticar corrupção, entre outros.
Isto mostra o
quanto o legislador tem poder. Poder que pode ser usado para o bem ou para o
mal. Não fosse o antro que virou nosso legislativo, seja na esfera federal,
estadual ou municipal, nosso país já viveria outro momento. Afinal, é o legislativo
que poderia e deveria dizer o que fazer do ponto de vista do interesse público.
É ele que tem a função de definir os critérios de legalidade. Em outras
palavras: é quem deve assumir a responsabilidade do pacto social.
Não fosse a
bandidagem que tomou conta das nossas casas legislativas, conduta que se
atualiza pela prática persistente da compra, literal, de vereadores, deputados
e até senadores pelo executivo, por seus próprios pares, por empresas e
instituições variadas, isto a despeito da Lei da Ficha Limpa, já teríamos
definido uma estratégia de superação da miséria, do analfabetismo e da
ignorância profunda que existe sob quaisquer aspectos na vida nacional.
Ignorância, por
exemplo, como a demonstrada no vídeo acima, onde um “legislador” expõe toda sua
estupidez num momento onde o “discurso” deveria ser para demonstrar sua
principal virtude: a de defender uma ideia e convencer ou tentar convencer seus
pares, seus eleitores ou o público em geral, o qual se diz representante. É ou
não para causar arrepios.
A mim esses arrepios
não aparecem apenas nos momentos de crise, como a que estamos vivenciando, mas
e, sobretudo, quando vejo um “legislador” como o do vídeo ou como o Eduardo
Cunha – O Achacador – fazendo exatamente o que o Brasil não precisa e o que a nação
e o povo não merecem.
Contudo, o que
mais me arrepia é vê-los como “legisladores” e ter a certeza de que foram
pessoas, em sua maioria são simples, mas ingênuas, quem os elegeram para
funções de responsabilidade, lisura e competência. Arrepia-me mais ainda, o
entendimento que tenho da traição perpetrada contra a inocência dos eleitores,
que recebem da maioria de seus eleitos a prática reiterada do que a ética não
recomenda, a moral abomina e a estupidez explícita permite, mas que ao final,
não vai além de ser motivo de gracejo, e nada mais.
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