Unânimes contra a elevação dos
juros, intelectuais e lideranças da sociedade civil divulgam uma nota em
repúdio ao aumento da taxa SELIC.
FÓRUM 21 e Frente Brasil Popular
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Representantes do Fórum 21
reuniram-se em Assembleia Geral, na última sexta-feira (18.01), em São Paulo,
para debater e aprovar o estatuto da entidade, a ONG Fórum 21: ideias para o
avanço social. Durante o encontro, também foi discutido o aumento da taxa de
juros SELIC, programado para os próximos dias, pelo Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Em repúdio à elevação dos juros,
intelectuais, professores universitários, jornalistas, lideranças da sociedade
civil, sindicalistas e militantes políticos que compõem o Fórum 21 e a Frente
Brasil Popular divulgam, nesta segunda-feira (18.01), uma nota denunciando a
irresponsabilidade do Banco Central e as consequências nefastas da elevação dos
juros ao país.
%u20B“Isso nada contribui para reduzir
a inflação, mas é um poderoso mecanismo de transferência de renda da parcela
mais pobre e mais produtiva para a parcela mais rica e menos produtiva da
população”, aponta a nota. Segundo as entidades, “uma nova rodada de aumento da
taxa de juros significa que o Banco Central almeja abertamente uma contração
maior da demanda, mais desemprego e mais redução do salário real médio”.
O Fórum 21 e a Frente Brasil
Popular também questionam o que pretende o Banco Central: “produzir a maior
recessão da história brasileira e uma trajetória explosiva da dívida pública,
gerando mais desvalorização cambial e mais pressão inflacionária? A quem isso
pode interessar?”
Confiram a íntegra da nota:
NOTA: A quem serve o Banco
Central?
Nos próximos dias, os diretores
do Banco Central do Brasil se reunirão para decidir sobre a taxa de juros
SELIC. Diante da fragilidade da economia brasileira, essa reunião é
particularmente importante e deixará claro a quem o BC serve: à população
brasileira ou ao mercado financeiro.
Como a própria instituição
reconhece em suas publicações, nos últimos meses houve contração da demanda
agregada e aumento no desemprego no Brasil. Uma nova rodada de aumento de taxa
de juros significa que o Banco Central almeja abertamente uma contração maior
da demanda, mais desemprego e mais redução do salário real médio.
O patamar elevado das taxas de
juros em 2014 contribuiu para a desaceleração da economia, mas o novo ciclo de
elevação de juros iniciado em outubro desse ano jogou o Brasil, em 2015, em uma
recessão que ainda não deu mostras de reversão. Ao mesmo tempo, a taxa de
inflação aumentou por causa de eventos únicos como a desvalorização cambial e o
reajuste abrupto de preços administrados, cujo impacto não vai se repetir,
muito menos sobre o núcleo da inflação brasileira.
Não há qualquer pressão de
demanda excessiva que exija contenção com elevações da taxa de juros. Pelo
contrário, experimentamos a maior recessão desde a Grande Depressão de 1929,
podendo tornar-se a mais profunda da história republicana. O aumento acelerado
do desemprego inviabiliza qualquer recuperação do salário real médio, que cai
há vários meses. Sob qual pretexto o BC pretende reduzir ainda mais o nível de
emprego e salários, assim como os lucros de empresas especializadas na produção
de bens e serviços?
Os beneficiários exclusivos do
aumento de juros são os bancos e investidores financeiros, curiosamente o único
grupo cujas expectativas de inflação o Banco Central se preocupa em consultar.
Como não há qualquer excesso de demanda que o aumento dos juros possa conter, a
determinação dos juros SELIC deixa de servir para controlar a inflação e se
transforma em um instrumento para preservar juros reais elevados para os
portadores de títulos financeiros.
%u20B%u20BIsso nada contribui
para reduzir a inflação, mas é um poderoso mecanismo de transferência de renda
da parcela mais pobre e mais produtiva para a parcela mais rica e menos
produtiva da população.
A economia brasileira e as
finanças públicas não suportam mais financiar a bolsa-rentista que o Banco
Central insiste em oferecer. Em 2015, os juros nominais devidos pelo setor
público devem alcançar cerca de R$ 500 bilhões (meio trilhão de reais!), tendo
registrado pouco mais de R$ 300 bilhões em 2014. Como exemplo desta situação
vemos um corte brutal nas áreas sociais no orçamento da União.
O que pretende o Banco Central:
produzir a maior recessão da história brasileira e uma trajetória explosiva da
dívida pública, gerando mais desvalorização cambial e mais pressão
inflacionária? A quem isso pode interessar?
É inadiável repensar o mandato do
Banco Central e a porta giratória entre sua diretoria e o mercado financeiro.
Diante disso, o Fórum 21 vem a
público denunciar a gravidade da situação econômica brasileira e a
irresponsabilidade da política monetária do Banco Central do Brasil, reivindicando
a redução urgente da taxa de juros SELIC.
Créditos da foto: REPRODUÇAO
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