domingo, 10 de julho de 2016

A um ano da invasão da Líbia: pobreza, divisão e morte

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Líbia - Diário Liberdade - Resumen Latinoamericano/AVN - Faz um ano que o início dos bombardeios da OTAN na Líbia começaram. Um país destruído e sem estabilidade política. Este é o resultado da invasão.

A França foi o país encarregado por lançar a primeira bomba sobre a Líbia e, assim, abrir o caminho para uma invasão militar encabeçada pela Organização do Tratado para o Atlântico Norte (OTAN), que teve como objetivo preciso derrotar o governo de Muammar Al Gaddafi.
No dia 19 de março de 2011, logo depois do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovarem a instalação de uma zona de exclusão aérea sobre o país do norte da África, começou a invasão que durou cerca de oito meses e, ainda hoje, não houve um registro real das consequências que produziram na população.

Mas ao final de fevereiro, a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, já declarava que seu país não descartava a possibilidade de intervir na Líbia.

Depois de poucos dias, os Estados Unidos alavancariam a intervenção da Otan ao apelar pela “colaboração” dos seus aliados – França, Grã-Bretanha, Itália, etc. –, diferentemente das invasões que liderou no Afeganistão e no Iraque, nos quais usou sua força militar de modo unilateral.

Antes que o governo de Gaddafi caísse, em outubro do ano passado, nesta administração se contabilizaram 5 mil mortos devido aos bombardeios. Por sua parte, em informes preliminares divulgados recentemente pela ONU, se contabilizaram a morte de apenas 60 civis pelas incursões aéreas da aliança atlântica.

Para o embaixador venezuelano na Líbia, Afif Tajeldine, a cifra de mortos poderia passar os 70 mil, tendo em conta que a OTAN efetuou mais de 20 mil incursões aéreas, superando assim os 8 mil ataques armados.

Entrevistado por La Radio del Sur, o diplomata, que agora reside na Tunísia depois que a sede diplomática venezuelana foi atacada pelos grupos pró-coloniais que derrotaram a Gaddafi, afirmou que a invasão teve como objetivo a conquista do petróleo por parte dos Estados Unidos.

“Antes da entrada da Otan, haviam 118 pessoas mortas na Líbia. No dia que entraram em Trípoli morreram mais de 70 mil pessoas na capital e nos seus arredores. Eles morreram vítimas do armamento norte-americano e isso não foi contado. Contam nada mais que 118 mortos no conflito entre o governo Gaddafi e os grupos militares. Mas os 70 mil mortos da OTAN foram contados”, denunciou Tajeldine.

O diplomata recordou o alto nível humano que existia na Líbia, que se encontra no segundo posto dentro da África e entre os dez primeiros em nível mundial

O país norte-africano foi vítima de um “plano macabro contra a tranquilidade e o desenvolvimento do povo líbio, agredido militarmente pela Europa e os Estados Unidos, com base na desinformação e uma guerra midiática, onde mostraram Gaddafi como um ditador, antissocial e assassino, transformaram-no em em diabo”, afirmou.

Antes do seu assassinato sem julgamento prévio, Gaddafi havia denunciado que a nação terminaria como o Afeganistão, que dentro das fronteiras operavam células da Al Qaueda e que o objetivo principal era dividir geograficamente o território.

Em 22 de fevereiro de 2011, o líder líbio expressou um discurso à nação que “os Estados Unidos queria fazer na Líbia o mesmo que fizeram no Afeganistão e no Iraque. Queriam que a Líbia se convertesse em um país destruído, que os Estados Unidos viriam aos nossos territórios e fariam o mesmo que fizeram com os afegãos e iraquianos?”

Gaddafi agregou que “se os americanos viessem o colonialismo iria voltar, eles são uns terroristas que querem converter a Líbia em um país que dependa deles”.

Na atualidade, a Líbia sofre um profundo conflito interno, no qual as bandas armadas da CNT se enfrentam permanentemente pelo poder das regiões; diversas investigações jornalísticas comprovaram a presença de milicianos da Al Qaeda, situação que não teve nenhum pronunciamento por parte da ONU, e muito menos por parte dos Estados Unidos e da OTAN; o processo de divisão da Líbia começou a algumas semanas atrás, quando os chefes tribais e políticos declararam a autonomia da Cirenaica, antiga região que formava parte das três federações durante a monarquia derrotada em 1969 pela Revolução Verde, encabeçada por Gaddafi.

“Agora vemos uma Líbia dividida, na qual mandam os grupos militares ajudados pelos Estado Unidos, pela Otan e pelos governos do Golfo. Agora cada qual tem sua parcela. Em Trípoli, há nada menos que 20 grupos militares e cada qual faz o que tem vontade. Assistimos à Líbia dividida, mas o plano é dividi-la ainda mais”, advertiu Tajeldine.

Sobre a situação interna no território líbio, o diplomata venezuelano apontou que no país “ninguém pode sair na rua depois das 7 da noite e quase não há como pagar os salários”.

Tajeldine alertou que as reservas internacionais da Líbia, que superam os 200 bilhões de dólares, estão em poder do “imperialismo, que é quem desfruta desta riqueza”.

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