quarta-feira, 20 de julho de 2016

O governo de Ali Babá e os 45 ladrões

ALEX SOLNIK // http://www.brasil247.com/

Esta não é a primeira vez que um golpe parlamentar assalta o Brasil.

Deputados e senadores já têm uma tradição de ou consumar ou aderir a golpes, civis ou militares.

Foi assim na decretação do Estado Novo, em 1937. Surpreendidos com o cerco militar ao Congresso, na manhã de 10 de novembro, os parlamentares, em sua maioria, em vez de protestar contra a destruição do regime democrático correram ao Palácio do Catete para aplaudir Getúlio e assim legitimar a ditadura que se instalava.

Seguiram-se oito anos de um regime que esmagou os valores nacionais – uma das primeiras medidas foi queimar os livros de Jorge Amado – implantou a censura na imprensa e nas artes e a tortura para quem se opunha ao regime.

Algo parecido ocorreu em 1964. Foram muito mais eles do que os militares os autores do golpe de Estado. Foi o senador Auro de Moura Andrade que anunciou que a cadeira do presidente da República estava vaga quando João Goulart abandonou Brasília para tentar organizar a resistência no Rio Grande do Sul, o que não poderia ter anunciado já que o presidente se encontrava em solo nacional.

Para esquentar o lugar dos militares foi instalado no Palácio o deputado Ranieri Mazzili, presidente da Câmara dos Deputados, pois João Goulart, tal como Temer, era o vice e portanto não tinha vice.

Logo a seguir foram deputados e senadores, inclusive o ex-presidente Juscelino que escolheram, em eleição indireta, o marechal Castello Branco como o primeiro presidente militar.

Não houve nem a tal revolução, como os militares tentaram chamar o golpe, nem um golpe militar clássico, que se caracteriza pela tomada de poder atacando o palácio e matando ou prendendo o presidente da República. Aqueles tanques que o general Olympio Mourão Filho enviou de Minas para o Rio não serviram para nada, além de gastar dinheiro inutilmente e carimbá-lo como “a vaca fardada”, como ele mesmo gostava de se chamar.

E então seguiram-se vinte anos de destruição dos verdadeiros valores nacionais, de censura à imprensa e às artes, tortura aos que se opunham ao regime e retrocesso na educação. Foram vinte anos perdidos e banhados em sangue.

Tal como fizeram em 64, entregando o país aos militares, os parlamentares, em parceria com a classe média estão entregando o país agora a um partido cujos antecedentes de fracasso e corrupção são as maiores marcas.

Todos os governos do PMDB, com exceção do governo-tampão de Itamar Franco, sejam nacionais ou estaduais não produziram resultados positivos, a não ser para os governantes.

O governo nacional de Sarney provocou a maior inflação da história. E seus governos estaduais, dele e de sua filha afundaram o Maranhão na miséria, onde chafurda até hoje, ao mesmo tempo em que o seu clã, ao contrário, tornou-se milionário e politicamente poderoso e assim continua até hoje.

O governo de Orestes Quércia, a quem Temer substituiu na presidência do PMDB, quebrou o estado de São Paulo, mas ele morreu deixando uma herança bilionária que nem ele nem niguém conseguiu explicar.

O governo de Sérgio Cabral quebrou o estado do Rio de Janeiro, hoje dominado pelas quadrilhas mais organizadas e mais sanguinárias do país.

Apesar de tantos exemplos negativos, tanto a classe média imbecilizada quanto os parlamentares golpistas estão mais uma vez entregando um grande país nas mãos do partido mais incompetente e mais corrupto de todos.

E cujos programas de governo jamais receberam a bênção das urnas.

Estão entregando o galinheiro para as raposas mais vorazes da história.

O impeachment não foi inventado para acabar com a corrupção e sim acabar com um governo de esquerda que pela primeira vez na história deu voz e vez aos trabalhadores.

A Operação Lava Jato, é o que se vê, não acabou nem vai acabar com a corrupção e sim acabar com o PT e tentar derrotar seu maior líder e o maior líder brasileiro desde Getúlio.

Essa história de que o PT destruiu a Petrobrás é a maior mentira já espalhada no país. O grande patrimônio da Petrobrás é o petróleo e ninguém roubou o petróleo. Ele está lá. No fundo do oceano.

Quem destruiu a Petrobrás, derrubando o valor de suas ações foi Sérgio Moro, o maior traidor da história do Brasil, e que serão compradas pelos grandes investidores estrangeiros, principalmente americanos, na baixa e em pouco tempo vão voltar a subir.

E agora quem vai dar sequência à destruição da Petrobrás é Temer, aprovando o projeto de Serra de quebrar o monopólio do pré-sal.

Se os senadores cometerem a insanidade de legitimar um deputado golpista, inexpressivo, esquivo e conservador, cúmplice dos maiores corruptos de todos os tempos, como o presidente do Brasil nos próximos dois anos, temos muito a temer e a perder.

Serão dois anos de nenhum desenvolvimento e muita corrupção.

Nenhum desenvolvimento e muita repressão.

A cultura já foi golpeada e poderá voltar a censura.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes ficará conhecido como o Filinto Muller do século 21.

E Temer como Ali Babá e os 45 ladrões.

Alex Solnik

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12