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As recentes trapalhadas do procurador Deltan Dallagnol nas denúncias contra Lula, quando ele disse que não tinha provas, mas convicções, foram apenas mais uma etapa no longo processo que começou com o mensalão e continuou com o impeachment da Dilma.
Com tantos atores assim incompetentes, logo, logo, a direita vai ter que abandonar a farsa de defesa da moralidade e da democracia e pedir socorro à Cavalaria, como já fez em 1964.
A primeira tentativa, o tal mensalão, não deu certo e Dilma se elegeu. Ninguém deu muita importância ao fato, porque qualquer pessoa bem informada sabe que as verbas publicitárias das grandes empresas acabam abastecendo o Caixa Dois dos partidos.
Tanto sabem que, ninguém no parlamento, na imprensa e nos meios empresariais, está interessado em fazer uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial para partidos e políticos, sejam eles de qualquer ideologia.
Dilma reeleita, foi preciso criar um fato político para desestabilizar seu governo. Amparados por uma intensa campanha de mídia, surgiu a imagem do Moro Justiceiro e sua corte de defensores da moral nos negócios, do Japonês da Polícia Federal, hoje preso por corrupção e do procurador Dallagnol, até então acostumado a deitar sua falação moralista do púlpito dessas novas igrejas evangélicas.
Descobriram que a Petrobrás e as grandes empresas da construção civil financiavam partidos e políticos desde sempre. Foi preciso, então, filtrar as denúncias, buscando apenas aquelas que atingiam o PT e seus políticos a partir do momento que chegaram ao Governo.
Os jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão, que sempre se beneficiaram, direta ou indiretamente desses procedimentos desonestos, se transformaram em novas vestais, cobrando a moralidade pública e a punição dos culpados.
Alguns desses veículos, apontados publicamente como culpados de sonegação e tentativa de compra de indultos fiscais, abriram manchetes exigindo justiça, tentando fazer com que ninguém lembre dos seus telhados de vidro.
Criou-se o instituto da delação premiada, com malfeitores enriquecidos às custas do dinheiro público, transformados em acusadores de seus antigos aliados e ganhando com isso o direito de desfrutar tranquilamente do que amealharam desonestamente.
Aproveitando-se de uma situação econômica internacional desfavorável para todos os países, inclusive o Brasil, montou-se a grande farsa nacional do impeachment. Uma presidenta, legitimamente eleita, deveria ser derrubada para que o Brasil recuperasse sua imagem de um País onde a lei seria sempre respeitada.
Primeiro foi o episódio de uma Câmara de Deputados transformada num circo mambembe, liderado pelo grande corrupto, Eduardo Cunha. Transmitido ao vivo e a cores, os brasileiros puderam ver a que ponto pode chegar a vilania de alguns homens e mulheres. Deputados, corruptos de carteirinha, votando em nome da moralidade. Malfeitores, com o título de deputado votando pela família, pela Pátria e por Deus. Outros, mais práticos, votando pela esposa e pela amante. Um, voltando ao microfone, para votar em nome de um dos filhos que tinha esquecido de nomear na primeira vez.
Depois, o Senado da República, com a sua corte de homens engravatados, ternos reluzentes, cabelos alisados com muito gel e mulheres emperiquitadas, com seus discursos vazios de conteúdo e cheios de preconceito contra um partido, apenas porque ele ainda representa uma boa parte dos trabalhadores, completando o trabalho sujo.
Tudo de novo, ao vivo e a cores, como se fosse a novela da televisão, na qual não faltaria a grande atriz dramática, a advogada Janaina Pascal, melhor no seu histerismo incontido de que muitas atrizes das novelas mexicanas do SBT.
Para que tudo isso?
Toda essa quebra da normalidade institucional, a quase bancarrota da maior empresa brasileira, o que obviamente serviu aos interesses internacionais, feitas para criar uma imagem de legalidade a um ato, intrinsicamente ilegal, de derrubar uma Presidenta legitimada pelo voto da população, além de prender uma meia dúzia de políticos e empresários desonestos, o que poderia ser feito sem todo esse teatro.
O golpe, porém, não ficará completo enquanto não destruírem toda as possibilidades do PT voltar ao governo através do voto em 2018. Para isso, é preciso afastar da disputa o Presidente Luta, que se concorrer, deve ganhar a eleição.
A primeira tentativa, o espetáculo midiático das denúncias do Procurador Dallagnol, parece não ter dado certo, o que pode levar os golpistas ao seu último recurso, o de chamar a Cavalaria.
Certamente, muitos deles, estão lembrando o que disse Carlos Lacerda em relação a Getúlio Vargas antes das eleições em 1950:
"Ele não pode ser candidato; se for, não pode ser eleito; se eleito, não pode assumir e se assumir, precisa ser derrubado"
É só trocar o nome de Getúlio por Lula e procurar um Carlos Lacerda para chamar a Cavalaria.
Marino Boeira
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