sábado, 24 de setembro de 2016

Stiglitz e a tragédia das políticas de austeridade, por André Araújo

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Por André Araújo

Escrevi aqui mais de vinte artigos mostrando a irracionalidade absurda do plano Meirelles - Goldfajn de centrar toda a economia na meta de inflação, um erro de uma tal magnitude que custa a crer que essa insanidade possa continuar sendo vendida como solução para a economia brasileira em sua maior recessão histórica.

O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz em seu último livro THE EURO: AND ITS THREAT TO THE FUTURE OF EUROPE mostra o desastre que é uma política amarrada exclusivamente em metas de inflação e não em emprego e crescimento.

Stiglitz começa no plano do governo Hoover de aumentar a austeridade na crise de 1930, o que tranformou uma recessão na Grande Depressão.

Mostra também a obsessão dos bancos centrais europeus pelo controle da inflação, o que liquidou com a prosperidade na Europa e propiciou maior concentração de riqueza nos 1% mais ricos sem nenhum benefício para os demais.

Demole o conceito de "banco central independente" dizendo que não há poder sem dono - este acaba sempre sendo capturado por grupos de interesses que se vinculam ao mercado financeiro.

Stiglitz prega aquilo que qualquer pessoa racional vê: a flexibilidade monetária é essencial para manter a prosperidade, a inflação pode ser uma ferramenta para sair da recessão e voltar a crescer, da mesma forma que a contração monetária em um ciclo seguinte pode ser uma ferramenta para baixar a inflação, o nome do jogo é flexibilidade, como um fole, expandir e contrair de acordo com as circunstâncias, amarrar toda a economia à meta de inflação é algo absurdamente irracional, é ENGESSAR a economia para que ela não cresça para manter a inflação no sacrossanto "centro da meta".

Os monetaristas perderam a guerra pela "prosperidade" na Europa, lá é dificil mudar porque o Euro é uma convenção political complexa. No Brasil é facílimo, basta não ter ultra-monetaristas no comando da economia.

Pretender cortar gastos por uma lei rigida para 20 anos a frente é loucura ainda maior do que aquela que Stiglitz aponta, aumentar a taxa de juros em plena recessão, e mais loucura ainda quando a Selic de 14,25% foi fixada a inflação estava em torno de 10% - hoje caiu a pouco mais de 6%, que quer dizer que a taxa real era de 4,5%, hoje a taxa real está e 8,5%. Estamos pagando muito mais juros com a arrecadação em queda vertiginosa e ainda querem que esse plano absurdo de certo com meia dúzia de concessões e parcerias que ninguém sabe se saem do chão.

Se todas as concessões e privatizações acontecerem não serão suficientes em valor para tirar o país da recessão, o Brasil precisa de um trilhão de reais de injeção monetária e não 30 ou 40 bilhões em complicadas parcerias que até agora são apenas uma intensão.

Não há registro na história econômica moderna de um País sair da recessão apenas com investimentos privados. Só se sai do buraco com investimento público em grande escala, é o que ensina Siglitz e a história econômica, mesmo porque o investimento privado não tem estimulo em acontecer sem investimento público antecedente.

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