A única estrutura de relacionamento entre cidadãos que ainda existe hoje no Brasil é a própria sociedade civil, em suas raízes mais genuínas. Acima dela, todas as instituições do Estado faliram. Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, todos eles, por diferentes razões, seja diretamente por corrupção, seja por invasão de competência uns dos outros, seja por inércia e compactuação com o crime, perderam credibilidade junto à população. Somos uma sociedade sem superestrutura. Isso, como advertiu numa entrevista recente o senador Roberto Requião, pode levar a uma ruptura social, uma guerra civil.
Não estou sendo dramático. Se olharmos a própria sociedade civil em si, veremos que também ela sofreu as consequência do derretimento acima dela. Quem tem memória lembra-se das três grandes instituições da sociedade civil no tempo das diretas já. O processo político avançou em grande parte por conta da atuação gloriosa da OAB, ABI e CNBB. Hoje, das três, resta apenas a CNBB. A OAB optou pelo golpismo. E a ABI é um departamento ideológico do Sistema Globo. A pergunta óbvia é: Quem salvará a República? Claro que não serão essas instituições derretidas, pois ninguém pode se erguer puxado pelo próprio cabelo.
Foi em razão da angústia diante desse quadro político que estamos reunindo um grupo de cidadãos de notória credibilidade em torno do Movimento Brasil Agora. Estamos desenhando uma estratégia de regeneração. Nossa convicção é que, na sociedade civil, sobraram uma e parte de outra instituição com real credibilidade. A primeira é a universidade. A segunda é o sindicalismo autêntico. A universidade, mesmo semi-estrangulada financeiramente, vem sobrevivendo bem à crise, retendo o respeito das famílias e do conjunto da sociedade. O sindicalismo autêntico cresce na razão mesma de suas adversidades.
Nossa estratégia, apelando a esses dois esteios e aos movimentos sociais, é conciliar o enfrentamento dos ataques contra os direitos sociais, empreendidos pelo atual governo com cobertura da Câmara dos Deputados, com um programa mais vasto, visando as eleições de 2018. A curto prazo, na Câmara, perderemos quase todos os embates. Contudo, no Senado, com uma devida articulação, poderemos pelo menos bloquear emendas constitucionais mais extravagantes, como é o caso, por exemplo, da PEC-241. Faremos isso mediante a organização de seminários em todo o país, cujas conclusões serão levadas aos senadores.
A esse ciclo de seminários, tipicamente defensivo, se seguirá um segundo ciclo, propositivo. Aí, com as mesmas bases, percorremos de novo o país inteiro apresentando as propostas da sociedade civil para as eleições de 2018. Mas qual será o o candidato presidencial?, perguntarão logo. E nossa resposta é: Sairá do movimento. Não cometeremos a imprudência de colocarmos um candidato presidencial, que dificilmente evitaria uma postura messiânica, antes de resolver o problema maior: Como será o Congresso eleito de 2018? Diante desse enigma, nossa resposta é: Vamos espalhar pelo país inteiro cursos de formação política para estimular uma renovação completa do Congresso Nacional a partir, como disse acima, da sociedade civil.
Essa estratégia começará a ser implementada na próxima semana, dia 26, no IFICS, Rio (Largo do São Francisco), com um seminário a partir de 18h contra a privatização fatiada da Petrobrás, um crime contra a economia brasileira que está sendo cometido ao total arrepio da sociedade, e que não pode ser combatido apenas pelos petroleiros, pois uma empresa forte interessa a todos No dia 3, o seminário será em Brasília, na UnB, para uma avaliação aprofundada da PEC-241. Outros seminários ocorrerão sucessivamente em outras capitais, até completar todas. Para cada uma, faremos uma síntese a fim de leva-la aos senadores, confiando em que, ao menos em alguns casos, consigamos maioria nessa Casa.
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