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Por Miguel do Rosário
Partiu o trem da alegria!
Agora entendi um pouco melhor dois movimentos da Folha nos últimos sete dias. Primeiro, o jornal publicou reportagem sobre si mesmo, se autoelogiando, dizendo que faz "cobertura crítica" do governo Temer. Segundo, publica matéria requentando notícia de maio deste ano, sobre decisão do governo de suspender publicidade federal aos blogs, uma não-notícia bizarra, pois não informa afinal que veículos receberam recursos durante esses primeiros meses de governo Temer.
Os pagamentos federais à Folha/UOL, nos quatro meses de maio a agosto de 2016, foram 78% maiores que no mesmo período de 2015.
Apesar da grave crise fiscal, da recessão, da campanha da mídia para o governo cortar gastos, o volume de recursos publicitários pagos nos últimos meses já é quase 50% maior que o registrado em 2015.
A grande mídia começou a receber a propina oficial do governo pelo apoio ao golpe, e a campanha contra os blogs é um preparativo para neutralizar aqueles que podem denunciar a mamata.
É bom lembrar que o governo Temer só conseguiu sua verdadeira "alforria" há pouco mais de um mês, quando o Senado aprovou o afastamento definitivo da presidenta Dilma, e as execuções contratuais espelham frequentemente contratos celebrados em período anterior.
O trem da alegria está apenas começando a pegar velocidade.
Mas já dá para ter uma ideia dos pixulecos a serem pagos à mídia tradicional, em pagamento a uma cobertura bem ao contrário de "crítica" ao governo Temer. Na verdade, a mídia, assim como durante o regime militar, dá sustentação ao golpe que ela mesmo articulou.
A Globo não viu crise este ano em termos de publicidade federal. De maio a agosto, as empresas da Globo receberam R$ 15,8 milhões de repasses federais (sem contar as estatais!), 24% a mais que no ano anterior.
Enquanto os Marinho defendem o fim da aposentadoria rural, o fim da gratuidade da universidade pública, o arrocho do salário mínimo, eles arrancam mais e mais dinheiro do povo brasileiro. E olha que isso é só o começo!
A Abril também começou a recuperar o terreno perdido. Nos quatro meses de maio a agosto de 2015, o grupo que edita a Veja recebeu apenas R$ 52 mil, valor que saltou para R$ 380,77 mil no mesmo período de 2016, um crescimento de 624%!
A concentração dos recursos federais em mãos da Globo já era uma realidade gritante antes do golpe, como se pode ver nos dados de 2015, quando a Globo ficou com 31% de toda a publicidade federal sem as estatais.
É bom lembrar que estamos falando apenas da publicidade do governo federal e seus ministérios. Se o Judiciário aceitar a liberação dos dados das estatais, veremos que o trem da alegria para a mídia que apoiou o golpe é bem maior.
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