Só pode ter sido proposital e Steve Bannon tem alguma coisa a ver com isso. Deve haver algum sentido obscuro em falar conge e conja, no desprezo pela língua culta, ou confundir ventríloquo com ventrículo
Por ARMANDO COELHO
Steve Bannon. Conge, conja, ventrículo e a língua presa de Moro
Por Armando Coelho Neto
Parar de escrever é uma frase que não me sai da cabeça, nesse exercício inútil de resistência consentida. Todos os dias, leio mensagens estúpidas de delegados da PF, que me chegam por vias transversas. O baixo nível intelectual choca, o tecnicismo cego idem. Envergonhado, leio análises umbilicais extremistas, nas quais a palavra povo não existe. Tomando pelo sentimento de covardia, insisto na escrita e cá estou, misturando alhos com bugalhos, sob angustiante sentimento de manipulação.
Recentemente saí de grupos de delegados, num dos quais participava o delegado Protógenes Queiroz, meu colega de trabalho que foi demitido por um crime que o juiz Sejumoro cometia todos os dias. A trupe de Curitiba quebrava sigilo de audiência até por telefone. Mas, o que é o sigilo de audiência diante do sigilo de uma Presidenta da República? Portanto, apoiar a anistia do delegado Protógenes seria retomar um pouco a dignidade do caolho Poder Judiciário e do Congresso Nacional.
Saí dos grupos. Se os delegados da PF só têm dois mais dois, como negar que a soma não seja quatro? O que fazer se Macabéa e Moscas Azuis da PF não se permitem enxergar mais números para avançar em debates? Fechados em quadrados corporativistas e umbilicais, são vítimas da manipulação midiática e fazem parte do consenso produzido na engenharia social do golpe de 2014.
É impossível para eles constatarem que as más leis brasileiras são frutos da cultura de Sejumoro/Bozo e que as boas são obras de Dilma/Lula/PT. Não obstante, se submetam sem questionamento, ao ritual de Mr. Buclay – xerife americano que não aplica a lei, mas sim faz o que lhe dá na telha. Assim como os prendedores do traidor Michel Temer, que mereceria mesmo a cadeia por trair a Nação, Dilma e 54 milhões de brasileiro, independentemente dos 40 anos de roubalheira que a PF sempre soube e se omitiu. Isso também não provoca reflexão sobre a realidade…
Minha compreensão do mundo foge do consenso construído por Globo/Veja et caterva, mas não estou seguro de estar isento às manipulações de Steve Bannon. Não estou em sintonia com o “Brazil” abaixo de tudo, povo abaixo do poleiro de galinhas. Mesmo assim, me sinto manipulado ao reverberar ou ao ver ser reverberada tanta idiotice, todos os dias por todas as mídias. Só pode ser proposital, e eu já não sei se quero escrever ou ler sobre isso.
De repente, só acreditei vendo: Sejumoro falou mesmo “conge e conja” – palavras que até meu corretor automático rejeita. Só pode ter sido proposital e Steve Bannon tem alguma coisa a ver com isso. Meus colegas da PF estão sendo manipulados e eu também. De minha parte, me angustia desconhecer meu papel nesse processo de mediocridade absoluta e desconfiar não me consola.
Deve haver algum sentido obscuro em Sejumoro falar conge e conja, no desprezo do Bozo pela língua culta, nessa história de falar talkei e ou no seu filho confundir ventríloquo com ventrículo.
Resolvi voltar ao manual de Steve Bannon, que mediante seus softwers de tecnologia política, utilizados na campanha de Donald Trump, criou truques de manipulação social imperceptíveis. Ele tem trabalhado a psicologia de países inteiros sem que ninguém saiba, mas sofre com os resultados. Consegue envolver emocionalmente pessoas com interferência direta no fator emoção (cérebro), adequando tudo à conveniência de seus interesses. Sem muito sucesso, a oposição nos EUA tenta dar nós no Trump, mas o laço não fecha. Dai que, no Brasil, imprensa e esquerda levam um banho diário nas propositais trapalhadas. Ou seria mesmo burrice e o despreparo da equipe bolsopata? As duas coisas?
Pelo o manual de Bannon, não é interessante concorrer eleições com fatos, mas sim com fantasias. Tudo tem que acontecer sem que se perceba que se trata de propaganda, e para tanto, o palhaço Bozo teria conseguido 400 mil perfis falsos e, recentemente, uma universidade na Indiana (EUA) identificou 4900 robôs entre os seguidores do Coiso (1). Foram eles que, por meio de financiamento obscuro ou quem sabe com dinheiro de alguma Casa de Mãe Joana qualquer (no melhor estilho Farsa Jato), trambicaram a eleição do Coiso.
Pesquisando sobre Bannon, assisti uma entrevista de um pesquisador que analisa o novo processo de fascismo. Segundo ele, um dos caminhos é o desprezo pelo intelecto e a erudição. O anti-intelectualíssimo deve ser tratado com raiva e emoção, na base do “temos que matar, construir prisões e muros”, expedientes fartamente utilizados pelo Bozo durante a campanha. A verdade precisa ser tratada como Fake News e estas precisam ser tratadas como inverso. Como exemplo, ele cita que a anti-corrupção precisa ser vista corrupção e isso me fez lembrar a tal PEC 37, tratada pelo Ministério Público Federal como PEC da Corrupção. Lembram?
Outro instrumento de manipulação seria a destruição das verdades consagradas (aceitas pela comunidade científica, terra redonda, aquecimento global). Desse modo, a razão precisa ser substituída por teorias da conspiração. Não à toa, pesquisadores brasileiros de pronto constataram a manobra quando o palhaço Bozo passou a questionar a escravidão, questionou cotas e exibiu para a grande mídia um livro que nunca existiu.
As pesquisas apontam também o fator “vitimismo”, por meio do qual os grupos dominantes são transformados em vítimas. Os empresários se tornaram vítimas e os brasileiros vítimas dos 40% de brasileiros vagabundos que vivem às custas dos que trabalham. Portanto, nem um centímetro de terra para índio e zero centavo para organizações não governamentais.
Finalmente, o fator “temporal”, que seria o que vocês estão lendo e vendo não é o que está acontecendo. Eu vou lhe mostrar as verdades numa conversa direta com vocês, etc etc etc. E aqui, acho que meus colegas da PF, à revelia de títeres e “ventrículos”, deveriam conhecer um pouco mais sobre o manual de Steve Bannon.
Longe de esgotar o manual de traquinagem de Steve Bannon, acho que Sejumoro está se deixando influenciar demais pelo seu marqueteiro. Ao falar conge, conja e mim (se não foi descuido), depois de realizar o fetiche de prender Lula e sonhar com a Presidência da República, corre o sério risco de a qualquer momento começar a falar com a língua presa.
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