sábado, 11 de maio de 2019

Procurador dos EUA revela que só conseguiu multar Petrobras graças à Lava Jato

Publicado por Vinicius Segallahttps://www.diariodocentrodomundo.com.br/

O procurador norte-americano Daniel Kahn, parceiro de investigações de Deltan Dallagnol

O jornal “Estado de S.Paulo” traz em sua edição deste sábado (11) uma entrevista reveladora com o procurador norte-americano Daniel Kahn, chefe da área de investigações internacionais do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Muito embora o tratamento editorial concedido pelo centenário periódico paulista não foque nesta questão, o que a entrevista com o funcionário norte-americano evidencia é que os procuradores do Ministério Público Federal no Paraná, notadamente aqueles que tocam desde 2014 a Operação Lava Jato, o fazem desde sempre em fina sintonia com autoridades estrangeiras.

Em outras palavras, a concepção, a execução e a filosofia de trabalho encampadas no Brasil pelo procurador Deltan Dallagnol e seus colegas de MPF e Polícia Federal foram e são estabelecidas não apenas levando em conta as leis, o Direito e os interesses brasileiros, mas também o que é conveniente e juridicamente cabível para os Estados Unidos.

De resto, isso não é novidade para ninguém que acompanha os trabalhos da Lava Jato ao longo dos anos, aí incluindo a ação do ex-juiz Sergio Moro, que tem por hábito citar – seja em suas sentenças ou em suas postagens no Twitter – mais doutrinas e jurisprudências dos EUA do que de seu próprio país.

De qualquer forma, é reveladora a entrevista do procurador Daniel Kahn porque escancara a forma como a autoridade chefe norte-americana para investigações estrangeiras não se constrange em mostrar o grau de influência de seu país sobre o nosso.

Por exemplo, o procurador estrangeiro admite que escolhe a dedo com quais procuradores brasileiros ele deseja “cooperar”. No caso específico de que trata a entrevista, ele escolheu os procuradores da Lava Jato. Não fica claro se a autoridade estrangeira tem conhecimento de que, de acordo com a lei vigente no Brasil, esses procuradores não possuem autonomia para estabelecer tais “cooperações” sem antes levar o assunto ao Ministério da Justiça, ao Ministério das Relações Exteriores e à Procuradoria-Geral da República. O que fica claro é que é só que ele não se importa com isso. Pelo contrário, se regozija da situação:

Como temos um relacionamento bom e forte (com os procuradores da Lava Jato), podemos chamá-los e dizer se há evidências do que estamos procurando e vice-versa. O que isso permite é agilizar o processo de obtenção da prova do que se feita de uma maneira mais formal. O bom disso é que, se pudermos ter uma conversa antecipada, podemos começar reunir informalmente a coleta de provas e, em seguida, quando enviamos a solicitação formal, podemos encaminhá-la a um promotor específico no Brasil.

Assim, de informalidade em informalidade, as autoridades norte-americanas foram obtendo provas até multar a Petrobras em mais de R$ 14 bilhões, conforme já revelou o DCM.

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