quarta-feira, 8 de maio de 2019

Um projeto de poder sem projeto de país, por Frederico Firmo

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Muitos tentam ver o binômio Guedes e Bolsonaro como dois polos. Mas Guedes com sua ignorância econômica é apenas um Bolsonaro com diploma de ensino superior.


Um projeto de poder sem projeto de país, por Frederico Firmo

Este é um governo que nasceu sem projeto. Inicialmente Bolsonaro e os políticos que se agregaram a seu redor não tinha sequer pretensões ao poder. Como outras legendas e outros candidatos Bolsonaro pretendia apenas a vitrine da disputa eleitoral, quem sabe amealhar tantos votos e cadeiras como a extrema direita em muitos países. A auto destruição da direita e dos seus partidos ocorreu no processo suicida de acusar o opositor de todos os seus próprios males. A grande luta contra a corrupção visando assassinar moralmente o PT e as esquerdas se voltou rapidamente contra os inventores da corrupção. Assassinaram moralmente a política que se transformou na tal velha política. Um bordão muito útil do ponto vista eleitoral.

A imprensa com os seu motes e bordões se encarregou de distanciar cada vez mais a narrativa dos fatos da própria realidade. A mídia se especializou na desinformação, utilizando para isto todos os meios de informação. Era preciso esconder a realidade para que uma narrativa pudesse se impor. Era preciso criar monstros e quimeras e depois acusar os monstros criados de criarem monstros. Fazendo censura dos fatos e da realidade a imprensa dizia lutar pela liberdade de expressão e de informação. ( Um exemplo tipico foi a proibição do nome Lula e finalmente a proibição de sequer mencionar sua entrevista recente).

Quando alguém questionava notícias baseadas em vazamentos arguiam ser um atentado à liberdade de informação. Apenas Kamel podia censurar. A regulamentação da mídia com a quebra dos monopólios foi tratada como uma censura típica de países comunistas. E Waack e suas companheiras televisivas ecoavam com Sardenberg e Merval a luta contra o populismo, que seria outro bordão para criminalizar qualquer política pública.

Mesmo sendo capitalistas, qualquer forma de incentivo a empresas nacionais se transformou em mera corrupção. Deram destaque a um procurador imberbe e messiânico que não sabia fazer power points. Do judiciário só sobrou a comarca do Conge. Em outro canal os vendilhões do templo vislumbraram as possibilidades de chegar a um poder maior, embora não bíblico. Mobilizaram suas forças em nome de Deus da Bíblia, da Terra Plana e do Criacionismo. Com tamanho exército cruzado ampliaram seus poderes das Câmaras de Vereadores, para o Congresso e embora não ousassem pensar chegaram ao Palácio.

A mídia continuou jogando um véu sobre a realidade. Depois de transformar toda a política em corrupção, transformaram todo o país em balas perdidas e feminicídios.

A indústria desapareceu dando lugar às oscilações da bolsa e do mercado. O desemprego era evocado só quando necessário para algum ataque. A arte se transformou em lei Rouanet, e a comédia se transformou em Gentilli, as redes comandadas por Robots e ou Zumbis aprenderam com Olavo de Carvalho a odiar os acadêmicos e os intelectuais. Aprenderam com Olavo que mandar tomar no c* é chique, e ao mesmo tempo é bom pagar o dízimo para Edir Macedo.

Neste momento a realidade já não fazia mais parte da cena. O pais inteiro num transe não discernia mais entre o que é e o que não é. Até a famosa luta contra as fake news entra no contexto de fazer com que todos desconfiem de todos. Este é o cenário perfeito para que Bolsonaro que era apenas candidato a candidato eterno, como Emayel, se transformasse em candidato presidencial e chegasse ao poder. Claro que a tal facada teve também um papel, mas não decisivo. Como disse seu filho na época. Esta facada vai eleger meu pai.

Neste caldo um projeto de propaganda politica, que era a candidatura Bolsonaro, se transformou em projeto de poder. Destroçados PSDB e PMDB e DEM correram para tomar conta do mito. Como sempre baseando-se na própria arrogância supuseram que como sempre manobrariam a partir dos bastidores. Não emplacaram seus economistas de pedigree e tiveram que, a contragosto, apoiar Guedes. Quem não lembra as palavras desabonadoras dos Mendonça de Barros e outros.

A intelectualidade antipetista torcia o nariz, mas afirmou seu apoio contra o tal mal maior. A mídia titubeou mas também, contra o tal mal maior, correram a apoiá-lo. O fizeram com restrições é verdade, mas era puro jogo de cena para uma posterior pressão. Ledo engano, afinal, já neste momento do segundo turno o projeto de Bolsonaro havia se tornado um projeto de poder solo e estava diposto até mesmo a desafiar certa imprensa. Na sua tentativa de destruir o que consideravam inimigo, pequenez de nossas elites políticas e empresariais os levou a uma auto destruição e abriram a porta para um presidente sem projeto.

Ele chega ao poder, porém não tem projeto. No meio do caminho sem ter provado do poder e reconhecendo a falta de projeto econômico hipotecou a Guedes, o celebre posto Ipiranga. E Guedes só tinha um único projeto, a privatização da Previdência. O mercado financeiro continua exultante até hoje e fala através de seus porta-vozes na mídia, que todos devem perdoar “os pequenos erros do presidente”, em favor da tal REFORMA. A mídia como um todo bate diuturnamente neste mesmo bordão.

Quanto mais a economia afunda, quanto maior o desemprego e a informalidade mais despenca arrecadação e mais se comprometem as contribuições previdenciárias . Já se tem 28 milhões a menos de contribuintes. Ms isto não computado no tal déficit. Afinal isto é receita, e Guedes só entende de gastos. A mídia no auge da irresponsabilidade continua sua campanha chantageando a população com a frase de que se não houver reforma será um caos.

Mas o tempo passa e fica cada vez mais difícil esconder uma realidade que está cada vez mais explosiva. Os inconsequentes da política e da imprensa, continuam esticando a corda, embora saibam que o país não aguenta a paralisia por mais um ano. E este é o tempo mínimo para a tal reforma. E para sair desta barafunda será necessário revogar a tal PEC do orçamento. O que demandará mais tempo. Todos sabem que o país só vai se recuperar se investimentos do estado voltarem a movimentar a economia.

Guedes querendo atrelar tudo ao mercado financeiro prefere manter a PEC e propor que o país se endivide. Logo Guedes irá propor que voltemos ao FMI. No momento o que temos é um governo com poder mas completamente fora da realidade e sem nenhum projeto social e econômico, apenas o projeto Guedes de capitalização.

Muitos tentam ver o binômio Guedes e Bolsonaro como dois polos . Mas Guedes com sua ignorância econômica é apenas um Bolsonaro com diploma de ensino superior, truculento autoritário e ideológico. Ambos apenas surfam nas correntes geradas lá atrás pelos artífices do golpe e da PEC do orçamento. Guedes lembra Meirelles, que com todos os seus títulos no mercado, em sua campanha presidencial repetia sempre o mesmo bordão, “eu sou competente “,e jamais se apercebeu que estava diante do país e não de seu umbigo. Se Meirelles e Guedes são expoentes do Mercado, isto me fortalece a ideia de que o mito não é apenas Bolsonaro, mas também o Mercado.

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