POR FERNANDO BRITO
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A notícia de que o ex-presidente Lula não quer aceitar o regime semiaberto (ou aberto, como é mais provável, pois seria inviável um “entra-e-sai” diário do ex-presidente) deve ser lida pelo lado político, muito menos do que pelo jurídico.
É, na situação vergonhosa em que se encontra o Judiciário brasileiro, a pressão que o ex-presidente pode exercer para que o Supremo faça o que é seu papel fazer: julgar a inconstitucionalidade da prisão antes do trânsito em julgado de sentenças e apreciar o que está já evidente, a parcialidade do então juiz Sérgio Moro, autor de sua sentença.
Sim, é claro que essa posição correspondem aos sentimentos de honra e dignidade – algo “fora de moda”, hoje, entre os homens públicos.
Mas é, essencialmente, um bloqueio a que se faça uma “conta de chegar” judicial, negando ou protelando as decisões e devolvendo a normalidade aos processos que Lula enfrenta com a atenuante do “ah, mas ele não está preso”.
Se tiver de lançar mão disto, só o fará se mudarem as circunstâncias.
Lula é um animal político – não se confunda com os políticos animalescos, tão em voga – e sabe que ele é um símbolo, o único que a sociedade brasileira tem, neste momento, para que se assinale o ponto de viragem na escalada de autoritarismo em que vem o Brasil.
É a única vítima que nossos algozes temem
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