terça-feira, 8 de outubro de 2019

Bolsonaro manda “esquecer” PSL para botar a mão em R$ 359 milhões de fundo partidário do PSL

Reprodução do Facebook do ministro anticorrupção.

Esquece o PSL, esquece o Queiroz, esquece as queimadas na Amazônia, esquece a tortura na ditadura, esquece o laranjal… Bolsonaro faz a política do esquecimento. Foge daquilo que não lhe agrada e torce para que o povo tenha memória curta. Mas nós não esqueceremos. Sâmia Bonfim, deputada federal (Psol-SP).
O laranjal é imenso. As laranjas rolam pela rampa do @planalto até o gabinete presidencial. O ministro do Turismo já tinha sido convidado. Faltou. Agora, foi convocado. Terá de vir obrigatoriamente falar sobre essa fraude pela qual ele foi indiciado. Humberto Costa, senador (PT-PE).

Jair Bolsonaro envolvido no esquema de laranjas do PSL-MG. Flávio Bolsonaro maculado pelas rachadinhas na Assembleia do Rio. Queiroz desaparecido. Brasil contestado pelos incêndios na Amazônia. E o Bolsonaro diz que é o Bivar quem está queimado? Aff! Margarida Salomão, deputada federal (PT-MG).
Da Redação
O cochicho do presidente Jair Bolsonaro, na porta do Palácio do Alvorada, foi ostensivo.
Foi feito para ser gravado e ouvido.
Foi um recado.
Foi um blefe.
O diálogo foi assim:
Bolsonaro, Bolsonaro, eu sou de Recife, sou pré-candidato do PSL.
Esquece o PSL, tá ok? Esquece.
Eu, Bolsonaro e Bivar. Juntos por um novo Recife. Aê!
Cara, não divulga isso não, cara. O cara tá queimado para caramba lá. Entendeu? E vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara. Esquece o partido.
Luciano Bivar, o presidente do PSL, afirma que não entendeu nada.
Major Olímpio, líder do governo no Senado, disse que ficou perplexo com a declaração.
Olímpio é aquele que pregou a saída do PSL do senador Flávio Bolsonaro.
 O major acusou Flávio de mudar repentinamente de posição sobre a CPI da Lava Toga.
O filho de Bolsonaro teria feito isso em troca da ajuda de ministros do STF para se livrar de investigações das tramoias em que se envolveu com o laranja Fabrício Queiroz.
Para proteger a própria pele, Flávio provocou o desembarque da senadora Juíza Selma, que trocou o PSL pelo Podemos mas corre o risco de ser cassada.
Ela é acusada de ter sido eleita em Mato Grosso com o uso de caixa dois e abuso de poder econômico. É a “Moro de saias”.
Uma nota da coluna Radar, da revista Veja, especulou que Bolsonaro levaria com ele 30 dos 53 deputados da bancada do PSL se decidisse deixar o partido.
Mas, neste caso, Bolsonaro ficaria sem dinheiro para eleger aliados em 2020.
Bolsonaro não é de rasgar dinheiro, como o repentino enriquecimento de Flávio Bolsonaro demonstra.
Bolsonaro pai e os filhos querem assumir o controle total do PSL para indicar os candidatos do partido às principais prefeituras em 2020.
Eles também querem a chave do cofre.
Flávio preside o partido no Rio, afastou o PSL do governo de Wilson Witzel e está preparando o dedaço.
Eduardo manda em São Paulo e já ameaçou deixar sem legenda a líder do PSL na Câmara, Joice Hasselmann.
Joice já afirmou que Jair Bolsonaro tem “ciuminho” da relação dela com o governador paulista João Doria, candidato tucano ao Planalto em 2022.
O flerte entre Joice e Doria reflete interesse eleitoral de ambos.
Joice diz que será candidata à Prefeitura de São Paulo em 2020 com ou sem PSL.
O PSL terá R$ 359 milhões em fundo partidário para as eleições de 2020, uma fortuna que a família Bolsonaro pretende controlar.
O PT, em segundo lugar, terá R$ 350 milhões.
É do controle deste dinheiro que Luciano Bivar não quer abrir mão.
Foi com este dinheiro que o PSL produziu seu laranjal já em 2018.
Bivar, ao defender o ministro do Turismo, acusado de produzir o laranjal em Minas Gerais, disse o seguinte à Reuters: 
O que foi o seguinte: toda campanha era feita umbilicalmente entre os candidatos e o presidente (Bolsonaro), foi por isso que fizemos 52 deputados federais, devido ao carisma do nosso presidente. Todos candidatos e candidatas tinham fotos juntas, não significa que aquilo foi caixa 2 para o presidente.
Notem a palavra umbilicalmente.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado na sexta-feira sob a acusação de produzir candidatas laranja.
Teria fraudado a cota das candidaturas femininas (30%) em Minas Gerais, onde presidia o PSL,  para desviar dinheiro público em benefício próprio, de sua candidatura e da campanha presidencial de Jair Bolsonaro.
Apesar do indiciamento, foi mantido no cargo por Bolsonaro.
O ministro foi convocado para depor no próximo dia 22 na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização, Controle e Defesa do Consumidor do Senado.
É desgaste público para Bolsonaro, que ainda mantém a fachada de ser combatente da corrupção.
O presidente da República parece contemplar a possibilidade de, no limite, empurrar o laranjal no colo de Bivar e do ministro do Turismo.
Mas, pelo jeito, o PSL não vai morrer afogado no suco de laranjas.
O deputado Júnior Bozella (PSL-SP) está articulando um manifesto de apoio a Luciano Bivar.
“Temos o caso do [Fabrício] Queiroz e o do ministro do Turismo, e o presidente tenta encobrir esses dois assuntos ao mesmo tempo em que desfere ataques indevidos ao PSL”, afirmou o deputado à Folha de S. Paulo.

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