segunda-feira, 14 de outubro de 2019

PDT Livre!

Um líder pacifica e o Brasil precisa de paz (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)


Há um outro preso político no Brasil, além do ex-presidente Lula. É o PDT. O partido que um dia já teve em suas fileiras Leonel Brizola e Darcy Ribeiro está de joelhos para o oportunismo violento de um coronel solitário e verborrágico, quase um alter ego do patrono-mor das fake news, Jair Bolsonaro. 

Posso, humildemente, confessar que percebi o mergulho no precipício moral dado por Ciro Gomes há dois anos, quando começou a atacar Lula e o PT com o velho ímpeto domesticado dos Odoricos Paraguaçus de quartel, revestido de ódio, inveja e covardia. 

Fico assaz admirado com as passadelas de mão na cabeça desse impostor, delicadamente desferidas pelos mais improváveis quadros carinhosos do próprio PT. Destaque-se a fibra leonina de Gleisi Hoffmann, que já praticou deliciosas voadoras no peito do fugidio ex-tucano.

Discurso encomiástico é uma maldição. Ciro Gomes vem se autoelogiando de maneira obsessiva há décadas. Rastrear esse distúrbio do discurso é elemento suficiente para descartar seu enunciador como agente político digno de alguma confiança. 

Esse ethos delinquente e beligerante, agonicamente representado de maneira vulgar por um homem que perdeu o controle, foi (e é) imensamente responsável pela violência política cirista que contribuiu em muito para a manutenção derradeira do antipetismo (essa doença social) e, consequentemente, para a eleição do fascismo 4.0 do seu Jair, filhos e pústulas ministeriais. 

Tentar dialogar com um cirista foi (e é) muito mais difícil do que tentar conversar com um bolsonarista. A senha para o ódio ao PT foi muito mais elaborada nas trincheiras ciristas: ali, eles odeiam com todas as vísceras Lula e o PT, porque eles não querem apenas a vitória eleitoral, mas querem o discurso, querem o afeto que lhes é negado, querem a dimensão política avassaladora de Lula que jamais terão, nem aqui nem em Paris. 

Pirracento, agressor, infantil e ciumento, Ciro Gomes vai implodindo o PDT como Bolsonaro implodiu o PSL. A diferença é que o PSL é um amontoado de interesses puramente privados e o PDT tem uma história a zelar. 

Ciro Gomes não encaixa mais em um partido como o PDT, mesmo com todos os problemas que o PDT apresenta na sua agenda confusa em defesa dos direitos trabalhistas e da democracia. 

Talvez, seja a hora de pedirmos ‘PDT Livre’. 

Permanecer sequestrado por tamanha força desagregadora e individualista me parece miseravelmente uma prisão política, uma a mais em nosso horizonte já tão contaminado por injustiças, abusos e imposturas de toda sorte.

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