segunda-feira, 11 de maio de 2020

Instituições não resistem ao caráter de seus membros

POR FERNANDO BRITO 
http://www.tijolaco.net/


A Folha conta o óbvio: que o procurador-geral da República, Augusto Aras, movimenta-se para agradar Jair Bolsonaro e conseguir a vaga de ministro do STF que já foi o objeto do desejo de Sergio Moro.


Era o movimento previsto no tabuleiro, desde que ocupante do Planalto referiu-se à escolha do procurador como sendo a decisão sobre quem seria “a rainha” no jogo de xadrez do poder.


Agora é a hora de Aras exercer o duplo papel da peça do enxadrismo: defesa do rei e ataques fulminante às posições do adversário, neste caso o próprio Moro.


Sem o poder, Moro tem poucas peças e a duvidosa lealdade de seus peões da Polícia Federal.


Suas posições são fracas e nem mesmo com a total solidariedade em seu castelo, a mídia, ele mantém. Os antigos adoradores do “Super-Homem” mostram que, majoritariamente, bandearam-se para o “Coisa”.


Em tese, os poderes que Bolsonaro teria reivindicado – o de demitir do diretor-geral da PF e o próprio Ministro da Justiça – a ele pertencem legalmente.


Os palavrões, grosserias e imbecilidade da tal reunião, embora possam atrair a curiosidade e até ofender a um ou a outro, ficarão na gaveta do “não vêm ao caso”, porque são provas apenas do crime de estupidez, não capitulados nas lei e de uma quebra de decoro que, embora prevista, não será motivo de perda do cargo para alguém que, desde há muito, é o indecoroso em pessoa.


Está desenhado, com todas as tintas da imundície, que nem Judiciário, nem Ministério Público e muito menos o Poder Executivo resistem à falta de caráter de seus integrantes, porque todos se garantem pelo corporativismo e pela politização que vira partidarismo.


Do ponto de vista institucional, invertemos para o retrocesso os “50 anos em 5” que serviu de slogan a Juscelino Kubitschek.

Num pais atônito pela reclusão e pela dor, os canalhas movem suas peças num jogo onde quem mais perde é a democracia.

 


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