por Paulo Metri –
conselheiro do Clube de Engenharia
Determinado bem
pertencente ao povo brasileiro, que vale no mercado em torno de US$ 1,5
trilhão, vai ser repassado, no próximo mês de maio, a empresas estrangeiras
pelo pagamento de US$ 225 bilhões de royalties durante um período de 30 anos.
Pode ser suposto que,
para colocar o bem no mercado, as empresas precisam recuperar investimentos e
custos realizados, além de ter um bom lucro, ou seja, elas precisam retirar US$
600 bilhões do negócio.
Em outras palavras,
nosso povo deveria receber pelo bem em torno de US$ 900 bilhões (= US$ 1,5
trilhão – US$ 600 bilhões). Como recebe só US$ 225 bilhões, ele vai ter seu
patrimônio subtraído exatamente em US$ 675 bilhões, parcela esta que irá para
os caixas das empresas como superlucro.
O PIB do Brasil em
2012 foi de US$ 2,3 trilhões. Assim, esta subtração do patrimônio do nosso povo
é igual a cerca de 30% do PIB brasileiro.
No entanto, nenhum
meio de comunicação tradicional, quer sejam os jornalões ou as revistas
semanais ou as TV abertas ou por assinatura, falou sobre este fato.
A população
brasileira nada sabe sobre uma ação que representará uma gigantesca subtração
de patrimônio público.
Este silêncio é a
comprovação da parcialidade da grande mídia, que oculta as verdadeiras questões
de interesse da sociedade.
Por outro lado, fica
patente também a falta de compreensão da classe política, com raras exceções,
com relação às prioridades da nossa sociedade.
Se não for falta de
compreensão, pode ser algo bem pior.
É preciso deixar
claro que tudo será feito e o patrimônio será entregue estritamente dentro da
lei. Uma lei extremamente injusta para com a sociedade e muito benéfica para as
empresas, principalmente as estrangeiras. Mas é a lei vigente para blocos fora
da área do Pré-sal, de número 9.478 de 1997.
A referida subtração
é aprovada a partir da entrega de áreas do território nacional como concessões
para empresas explorarem e produzirem petróleo e gás, que ocorrerá na 11ª
Rodada de leilões de blocos, promovida pelo governo brasileiro nos dias 14 e 15
de maio.
A estimativa de
petróleo a ser descoberto nestes blocos foi fornecida pela própria
diretora-geral da ANP em seminário de promoção da Rodada.
Vou repetir
argumentações de outros artigos meus sobre este assunto, para explicar
sumariamente como esta Rodada é pouco atraente.
As empresas
estrangeiras arrematarão grande número de blocos e irão exportar todo petróleo
descoberto nestes blocos in natura. Na fase de investimentos, quase não irão
comprar no país, não irão contratar desenvolvimento tecnológico nem engenharia
no Brasil, quase não irão empregar mão de obra local e deixarão no Brasil o
royalty, que é, em comparação com o lucro, uma parcela bem menor.
Também, o Brasil
perde a possibilidade de uso do fornecimento garantido de petróleo de médio
prazo a outros países como instrumento de ação geopolítica. A lei 9.478 permite
todas estas injustiças e usurpação da nossa riqueza.
À primeira vista, a
alegria devido à morte de um ser humano pode ser considerada uma desumanidade.
No entanto, pode também significar uma explosão de alívio, pois a fonte de
opressão e insensibilidade, representada pelo morto, foi extinta. Foi o que
aconteceu com a morte de Margareth Thatcher.
Ou seja, o povo
comemorou a execução pela Justiça divina, ou pelo acaso, daquilo que a Justiça
terrestre foi incapaz de corrigir.
Injustiças causadas
pelo preposto do capital, com ajuda da mídia subalterna, tristemente suportadas
pelo povo, oprimem tanto que a morte do algoz pode ser comemorada.
Apesar da inegável
realização social dos governos Lula e Dilma, fica uma pergunta na nossa mente:
qual o legado a presidente Dilma quer deixar neste setor? Ser lembrada como
membro da Escola da privatista Margareth Thatcher?
Se você estiver
convencido sobre o que foi explicado e quiser fazer valer seu desejo, mesmo
porque a Constituição afirma que todo poder emana do povo, remeta um recado
para a presidente Dilma através do endereço:
https://sistema.planalto.gov.br/falepr2/index.php.
Com relação aos
deputados e senadores, mandar mensagens é mais complicado, porque teria que ser
através de e-mails individuais.
Um e-mail para cada
um dos 513 deputados e cada um dos 81 senadores. No entanto, não deixe de
mandar para aqueles nos quais você acredita. Sugiro, também, que você se
defenda, pois estará sendo lesado. Lute como puder para esta usurpação ser
barrada.
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