Qual o nome para o que a Polícia
Militar fez em São Paulo durante mais uma manifestação contra o aumento das
passagens de ônibus e metrô? Proibiu carros de som e megafones nas ruas,
agrediu jornalistas e fotógrafos, encurralou manifestantes, atirou bombas a
esmo, pisoteou a Democracia.
Desacostumado com manifestações
públicas, o brasileiro aceitou a versão da velha mídia, após os atos da semana
passada, que classificou os manifestantes como simples “baderneiros”?
Dessa vez, quem tentou impedir uma
manifestação pacífica em São Paulo? Como se pode nomear as cenas protagonizadas
pela polícia (e devidamente registradas e espalhadas em tempo real pelas redes
sociais)? Baderna ou barbárie?
A polícia tentou cercear o direito à
manifestação. Atacou a liberdade de expressão. Isso se chama “subversão”. Sim,
a PM paulista subverteu a ordem democrática.
A Polícia Militar foi baderneira e
subversiva!
E pra completar: manifestantes foram
presos com base numa lei que trata ativistas sociais como “quadrilheiros”. O
mais chocante: o PT e outros partidos de esquerda, as centrais sindicais mais
representativas e os movimentos sociais importantes estão ignorando a garotada
que foi pra rua enfrentar a barbárie.
É preciso dizer: não aceitamos que o
governador de São Paulo trate manifestantes como “quadrilha”. Movimento social
não é quadrilha. O próximo passo, disse-me há pouco o colega blogueiro Renato
Rovai, é tratar movimento social como “terrorismo”.
Aliás, acompanhe cobertura ao vivo da
Revista Fórum, sob coordenação do Rovai.
Alckmin tenta se cacifar junto ao
conservadorismo paulista. Ele sabe bem o que está fazendo. É chocante ouvir por
aí – na classe média supostamente bem educada – que “essa gente tem é que levar
borachada”. É a base alkmista. Mas o mais chocante é perceber que o petismo e
as bases lulistas ficam sem saber o que dizer. Talvez à espera do sinal dos
“líderes”, à espera dos cálculos que submetem tudo, absolutamente tudo, à
lógica eleitoral.
Humildemente, lembro que há questões
inegociáveis. E uma delas é o direito à manifestação. Ah, mas esses atos são
convocados por “radicalóides” do PSTU e do PSOL! Então, façamos com que sejam
mais do que isso, mais amplos. Ah, mas há provocadores que vão pra rua depredar
e atirar pedras! Ora, desde que o mundo é mundo, isso é assim. Não há
manifestação com mais de 2 mil ou 3 mil pessoas em que não surja gente disposta
apenas a tumultuar.
Mas volto a insistir. Manifestação não
é baderna, nunca foi e nunca será. Baderna, isso sim, é polícia que dá tiro em
manifestante ajoelhado, baderna é governador usar a cavalaria na avenida
Paulista, baderna é partido de esquerda (ou, ao menos, com bases de esquerda)
submeter-se à lógica eleitoral e não vir a público denunciar o fascismo social
que se tenta implantar em São Paulo.
Isso tudo, sim, é baderna pura! É um
Pinheirinho no centro de São Paulo. Um Pinheirinho na avenida Paulista.
Há erros na ação dos manifestantes?
Parece que sim. Mas há um mérito inequívoco na atitude deles: retirar da
letargia jovens que, na última década, foram acostumados com a idéia de que
nenhuma ação coletiva faz sentido.
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