Pressionado pela comunidade internacional e acusado de ser
um inimigo da Internet pela ONG Repórteres sem Fronteiras e até pelo CEO do
Facebook, Mark Zuckerberg, o governo norte-americano fez hoje um anúncio
histórico afirmando que está pronto para transferir a administração das funções
técnicas de Internet para a comunidade global.
Trocando em miúdos, antes que o mundo criasse uma nova raiz
para a internet, o governo norte-americano se antecipou em promover uma grande
mudança. Afinal, se queremos uma Internet única, não balcanizada, a raiz deve
continuar a ser esta a que temos.
Para apoiar e reforçar o modelo multistakeholder da
formulação de políticas e de governança da Internet, a National
Telecommunications and Information Administration (NTIA) anunciou hoje a
intenção Departamento de Comércio de transferir as funções-chave de nomes de
domínio da Internet para a comunidade global. Significa dar à Internet
Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) uma administração
multisetorial, como pedem outros governos, incluindo o Brasil.
“O momento é certo para começar o processo de transição”,
disse o secretário adjunto de Comércio para as Comunicações e Informação
Lawrence E. Strickling.
O atual contrato da ICANN com a NTIA para operar
funções-chave de nomes de domínio termina em setembro de 2015. A principal
preocupação dos americanos passa a ser agora que o novo modelo de administração
da internet seja livre da influência de qualquer outro governo. “Os poderes do
NTIA deverão ser passados a uma coalizão formada por entidades de vários
países, afirma Lawrence E. Strickling. “Eu quero deixar claro que não vamos
aceitar uma proposta que substitua o papel da NTIA por um governo ou um
entidade intergovernamental”, completou.
Para dar início ao processo, a ICANN acaba de convocar a
comunidade global da Internet para desenvolver uma proposta de transição do
atual papel desempenhado pelo NTIA na coordenação do sistema de atribuição de
nomes de domínio da Internet (DNS).
O presidente e CEO da ICANN, Fadi Chehade, encorajou a
sociedade civil, grupos de internet e outras organizações a se envolverem na
transição e no novo modelo de governança da Internet.
Na prática, de acordo com comunicado da ICANN, a IANA, que
mantém todas as listas de números usados em protocolo IP (números de
protocolos, números de portas, endereçamento…) e controla a raiz do sistema de
DNS, deixará de ser supervisionada pelo governo norte-americano. É a IANA que
distribui IPv4 e IPv6 para os registros regionais (ARIN, RIPE, APNIC, LACNIC e
AFRINIC).
Agora, cabe à comunidade internacional o processo de
globalização das funções da IANA, e das equipes que definem protocolos e
tecnologias.
Este semana, por ocasião das celebrações de 25 anos da Web,
Tim Berners-Lee defendeu o fim do contrato que liga a IANA ao governo dos
Estados Unidos. Começa a ser atendido.
O comunicado da ICANN deixa claro também que todos os papéis
das organizações técnicas da Internet, incluindo o seu próprio como
administradora do sistema identificador único da Internet, permanecem
inalterados.
O primeiro diálogo com a comunidade global da internet sobre
o desenvolvimento desse processo de transição será durante a 49ª Reunião
Pública da ICANN, que acontece entre os dias 23 e 27 março, em Cingapura.
Na opinião de Demi Getschko, Diretor-Presidente do NIC.br,o
anúncio “vai na direção certa”!
PS: O agora provável fim do contrato da ICANN com o
Departamento de Comércio norte-americano é um passo importante também para
transferência da sede da entidade para um país neutro. Talvez Genebra, como
pensa em propor o Brasil durante a Reunião Multissetorial Global sobre o Futuro
da Governança da Internet, que será realizada em São Paulo, nos dias 23 e 24 de
abril.
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