São
os jornalistas da Globo, como Bonner, que dizem que a nota é um 'atestado de
mau pagador'. Isso é mentira e esconde inúmeros interesses.
J.
Carlos de Assis* / www.cartamaior.com.br
Entre
todas as patifarias ideológicas vomitadas pela Velha Mídia, sobretudo pela TV
Globo, relativamente às decisões das chamadas agências de risco, a mais sórdida
é a que define a nota emitida por elas como um atestado de bom ou mau pagador.
Ora, como se pode dar atestado de mau pagador antes que se saiba que a empresa
ou país pagaram suas obrigações? Seria um atestado de não pagamento futuro? Se
é assim, é melhor para o país que não pague agora; assim, ficará com algum
dinheiro em caixa para eventualidades!
É claro que isso tudo é um absoluto nonsense.
Não há a mais remota possibilidade de o Brasil suspender o pagamento de suas
dívidas em função do que dizem as agências de risco. Temos reservas
internacionais de quase 400 bilhões de dólares. É verdade que, sobretudo por
erros acumulados na política cambial do passado, e sobretudo por causa da
estúpida taxa de juros, temos também muitas dívidas externas de curto prazo.
Contudo, o balanço nos é ainda favorável. E não precisamos, para isso, de nota
de bom pagador de agências de risco.
O
fato extraordinário de que não é a agência, em si, que usa essa terminologia –
ela libera apenas uma nota -, mas a forma como a TV Globo, por sua conta e
risco, “explica” a nota. São os jornalistas da Globo, como Bonner, que dizem
que a nota é um “atestado de mau pagador”. Como consequência, caindo a nota,
perdemos o status de bom pagador mesmo que nada nos tenha sido cobrado e a
economia funcione como antes.
A embromação não para aí. A nota das agências
é um expediente tremendamente arbitrário. Se tivesse um mínimo de
cientificidade não teria havido o desastre de 2008, no qual todas as agências
de risco – rigorosamente, todas – haviam dado nota de “bom pagador” AAA a
empresas, bancos e títulos que, por suas fraudes, quase destruíram o sistema
financeiro mundial. Sob aperto do Congresso para explicar o que, afinal, havia
acontecido, todas combinaram a mesma resposta: O que fizemos foi dar nossa
opinião, mais nada.
Então qual é a razão para a Grade Imprensa dar
tanta atenção às agências? Simplesmente porque elas funcionam como a vanguarda
dos interesses financeiros, e são os interesses financeiros que dão suporte à
Velha Imprensa. No caso atual, a agência está dando um sinal para que o Governo
brasileiro mantenha taxas de juros básicas extorsivas e estrangule o orçamento
público para tapar o déficit primário, irrisório em relação ao orçamento como
um todo, o qual, caso mantido, não traria qualquer consequência negativa para a
economia real.
*Economista,
doutor pela Coppe/UFRJ, autor do recém-lançado “Os Sete Mandamentos do
Jornalismo Investigativo”, ed. Textonovo, SP. Pode ser adquirido pela Internet.
Créditos
da foto: reprodução
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