JEFERSON MIOLA // http://www.brasil247.com/
Iludem-se aqueles que dizem que a
luta de classes acabou. Ela segue bem vigente, e adquire formas e métodos
fascistas no Brasil. O sistema político brasileiro está de pernas pro ar. Quem
dá as cartas não é o governo ou a oposição; não é o sistema político, mas sim o
condomínio jurídico-midiático-policial.
Prova disso é que os políticos
que tiraram proveito das manifestações golpistas de 13 de março foram
justamente os principais cães fascistas: o Senador Ronaldo Caiado e o Deputado
Jair Bolsonaro, dois outsiders do sistema; enquanto Alckmin, Aécio, Serra et
caterva foram vaiados.
Aliás, Jair Bolsonaro é aquele
Deputado que foi informado com antecedência pela força-tarefa da Lava Jato
sobre o seqüestro do Lula dia 4 de março, e esperava em Curitiba, com um
foguetório preparado, o jatinho da Polícia Federal trazendo Lula preso.
O condomínio
jurídico-midiático-policial, integrado por setores do Poder Judiciário, do
Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia hegemônica – com a Rede Globo
à frente – é a inteligência estratégica do golpe engendrado contra as
conquistas democrático-populares. E é financiado pelo grande capital e serviços
estrangeiros de governo, que usam ONGs e movimentos suspeitos como fachada.
Hoje, 16 de março, o metódico e
calculista Sérgio Moro não se agüentou; sua frieza siberiana foi abalada com a
nomeação de Lula para a Casa Civil do governo Dilma. E por que isso?
Simplesmente porque Moro sabe que, à parte o proselitismo cínico de que Lula
quer ter foro privilegiado, na verdade a presença de Lula na condução do
governo representa uma possibilidade real de estancar o golpe.
O condomínio
jurídico-midiático-policial entrou em pânico com o fato novo que pode alterar o
curso dos acontecimentos em favor da legalidade, da democracia e das conquistas
democrático-populares: Lula governando o Brasil com Dilma.
Esse movimento no tabuleiro de
xadrez obrigou Sérgio Moro a despir o disfarce de Juiz para vestir a camiseta
preta do fascista em estado bruto.
Numa cartada de alto risco, que
pode inclusive comprometer sua própria carreira no Judiciário, Sérgio Moro
vestiu a carapuça do gângster, de um bandido, e deixou exposto o crime que
cometeu: ele interceptou ilegalmente o telefone da Presidente Dilma.
Ele gravou e bisbilhotou a
comunicação da Presidente da República. Esse é um caso inédito na história do
Brasil, e talvez seja um caso inédito no mundo inteiro: um juiz que exorbita da
sua função constitucional e atua como um justiceiro, movido por ódio político e
ideológico.
A Rede Globo, conglomerado
implicado com as páginas mais sombrias da ditadura no Brasil, incensou este
crime cometido pelo personagem obscuro que veste toga. Para destruir Lula e
Dilma, a Globo se associa a um criminoso. Aliás, como sempre fez em toda sua
trajetória. Brizola tinha razão: para saber o que é o melhor para o Brasil,
basta observar a posição da Rede Globo e adotar o caminho oposto.
A atitude criminosa do Moro deve
ser levada à consideração do STF, do Conselho Nacional de Justiça e à Corte
Interamericana de Direitos Humanos. É uma barbaridade, um atentado à ordem democrática
que não pode ficar impune.
É ilusão pensar que a atitude
criminosa do Moro é o teto da ação terrorista e fascista que será empreendida
para destruir Lula, Dilma, o PT e o conjunto da esquerda.
Esta atitude criminosa do Moro é
o piso; não é o teto; é a base a partir da qual eles organizam o combate
encarniçado para enterrar as conquistas democrático-populares inauguradas em
2003 com o Presidente Lula. Eles vão desfechar muitas outras ações terroristas
deste quilate para pior.
Eles têm ódio do Lula porque têm
ódio do povo. Para eles, é insuportável ver o povo simples, negro e humilde
viajando nos mesmos aviões que eles e freqüentando as mesmas universidades que
seus filhinhos mimados frequentam.
Contra os fascistas e sua
vilania, só a luta tenaz. A história do Brasil é pródiga em demonstrar que
aqueles que resistiram e enfrentaram o fascismo venceram; e que aqueles que ou
foram ingênuos ou desistiram, foram esmagados. Getúlio não ouviu a recomendação
de Tancredo Neves, o avô do fascista Aécio e, ao invés de mirar o revólver em
direção à oligarquia conspiradora, atirou no próprio coração. Jango, que não
valorou com precisão a virulência golpista e não aceitou o apelo de resistência
do Brizola, foi morrer no desterro. Brizola, ao contrário, intuindo a índole
golpista, intolerante, racista e fascista da classe dominante, levantou
barreiras pela Legalidade; e venceu.
Este é um momento em que ou se
resiste ou se é destruído. É a democracia que está em jogo. Nenhuma concessão
ao fascismo, esteja ele onde estiver: no Parlamento, no Judiciário, na Polícia
Federal, no Ministério Público ou nas ruas!
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