domingo, 3 de abril de 2016

Enfim, um empresário realmente revolucionário, por J. Carlos de Assis

Aliança pelo Brasil
Enfim, um empresário realmente revolucionário
por J. Carlos de Assis // http://jornalggn.com.br/
Depois de quase um século camuflada em razão das conquistas sociais objetivas dos trabalhadores, lentas mas progressivas, a luta de classes ressurgiu no Brasil sob o comando glorioso de Paulo Skaf, que não esconde seu propósito macabro de destruir os direitos trabalhistas no país em nome da produtividade do capital. Tendo tomado de assalto os caixas do Senai e do Sesi, ele tem uma formidável fonte de financiamento para atacar o Governo, defender o impeachment e ditar para o Congresso uma das agendas mais reacionárias da história da República, comparável e confundida com as agendas do senador Renan Calheiros e a de Temer.

Se implementada, a agenda da Fiesp incendiaria o país com a ressurgência da luta de classes dos tempos da  Questão Social do início do século XX, quando a busca de direitos por parte dos trabalhadores levou a uma onda de quebradeiras e incêndios de empresas em São Paulo. Na ocasião foi o velho patriarca Matarazzo que, do alto da sua experiência italiana, esfriou os ânimos dos empresários mais inquietos que queriam responder às greves de trabalhadores com lockt outs.. Hoje, no limitar de uma crise social de proporções gigantescas, não temos Matarazzo, ou Roberto Simonsen, pacificadores. Temos Skaf, o revolucionário.
Os líderes trabalhistas autênticos com os quais tenho conversado, graças à Fiesp passaram a interpretar as propostas de impeachment como um aspecto renascido da luta de classes. O que essa classe empresarial representada pela Fiesp quer - na verdade, em seus arroubos retóricos, exige - é a demolição de direitos trabalhistas, previdenciários e assistenciais. Tudo aquilo que, desde Getúlio, e incluindo até mesmo o período militar, foi conquistado, consolidando-se na Constituição, tem que ser demolido, segundo a Fiesp. E o atalho para essa demolição é o impeachment de Dilma, a qual, a despeito dos paradoxos como a proposta de reforma previdenciária, se mantém nos trilhos da democracia social.
Com dinheiro público, extremamente mal vigiado pelos órgãos controladores da República, Paulo Skaf, o chefe revolucionário do patronato - felizmente, o presidente Robson e outros três presidentes de federações da indústria ainda conservam a lucidez e não seguiram sua trilha golpista -, comanda na Fiesp um bando de vendilhões da pátria, entre as quais o entreguista encarregado da área internacional, embaixador Barbosa,  sabujo articulador dos interesses americanos no Brasil pelas folhas sujas do Globo. Com uma equipe de fantoches, onde se incluem assessores vigaristas que vendem a alma por dinheiro, Skaf tem seu pequeno reino do qual, com a alavancagem do Sesi, pretende chegar ao governo do Estado de São Paulo, que por enquanto o povo lhe negou sabiamente.
O que se deve investigar, com maior relevância que a Lava Jato, são as articulações financeiras da Fiesp com o sistema Globo e o resto da grande imprensa A televisão sorve com sofreguidão recursos oriundos do Senai e sobretudo do Sesi, como se fosse um direito adquirido seu. E não apenas a TV aberta. Lá está a TV Futura, criada pela Globo para cuidar do seu próprio futuro, sendo financiada à larga pelo Sesi. A Ação Global é outra propriedade da Globo financiado pelo sistema S. Aliás, o que espanta é que o mesmo esquema prevalece no Senac e Sesc, embora a velha raposa que toma conta desse galinheiro, Oliveira Santos, seja mais discreto e não tenha a pretensão de comandar uma revolução de classe no Brasil.
Entretanto, se Skaf quer guerra, ele a terá. Quando estava no poder, o presidente venezuelano Hugo Chávez foi virtualmente deposto por um golpe chefiado pelo principal dirigente empresarial do país, associado à principal televisão privada. Até fisicamente parecido com Skaf. Os militares reagiram e liquidaram com o golpe. Aqui não vai ter luta física, como não teve na Venezuela. Não precisa. Skaf não comanda tropas. Comanda dinheiro público. Contudo, mesmo em  grandes volumes, e fartamente distribuído pelos jornalões, como se viu na terça-feira, não dá para comprar mais de 200 milhões de brasileiros!
J. Carlos de Assis - Jornalista e economista, doutor pela Coppe/UFRJ.

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