segunda-feira, 9 de maio de 2016

Destaques da agenda internacional na semana de 08 a 15 de maio de 2015

É intensa a repercussão mundial da eleição de seu primeiro prefeito muçulmano de Londres, de origem paquistanesa, Sadiq Khan.

Flavio Aguiar, de Berlim // www.cartamaior.com.br

Golpe no Brasil

Evidentemente as atenções, no meio da semana, se voltarão para o golpe em curso no Brasil, com novo momento de clímax no roteiro que, fica cada vez mais evidente, foi previamente estabelecido. Fica também cada vez mais claro que houve participação externa na sua preparação, e que ele vem de longa data. Informes divulgados na mídia alternativa evidenciaram o papel relevante do Instituto Millennium, através do desenvolto Denis Rosenfield. Os mesmos informes dão conta de que ele agora está ativo na copelação de setores militares para o golpe. Fala-se até numa espécie de Gabinete Militar da Presidência. Aguarda-se, também, nova investida da Lava Jato contra Lula, assim que a presidenta Dilma for afastada. Há quem afirme que é certa a prisão do ex-presidente. Há até uma data prevista: quinta-feira, 12 de maio. Fica a conferir. Também se esperam ataques concertados contra a mídia alternativa para, pelo menos, aleija-la, senão fecha-la, já que este último movimento contaria com oposição internacional. Aliás, até o momento os golpistas estão ganhando as batalhas em todas as frentes, exceto uma: a informação. Cada vez mais gente, no Brasil e fora do Brasil, chama o golpe pelo nome: golpe. E os golpistas também: golpistas. A Globo ficou nua, e o descrédito mundial ronda toda a mídia brasileira convencional. E golpista. Dois fatores foram fundamentais para a consolidação desta narrativa do golpe qua golpe no mundo: a primeira tentativa de prisão de Lula, em Congonhas, com voo marcado para Curitiba e as celas do juiz Sergio Moro, e o vergonhoso espetáculo da votação na Câmara dos Deputados. Além disto, as entrevistas da presidenta Dilma para a mídia internacional também contou. Por isto mesmo vão querer silencia-la também. O apontado futuro secretário da (In)Cultura, Roberto Freire, já se referiu a este “perigo”. O Brasil conquistara, nos últimos treze anos, respeitabilidade internacional invejável. Os golpistas estão varrendo este respeito para debaixo do tapete. 

Paraísos Fiscais

Nesta semana vai se realizar reunião descrita como “de cúpula”, em Londres, sobre paraísos fiscais. 300 economistas (inclusive Thomas Piketty), liderados pela Oxfam, lançaram manifesto pedindo a quebra do sigilo financeiro em torno deles. Mas ao mesmo tempo, há dúvidas sobre a eficácia da reunião, uma vez que, dizem vários comentaristas, os paraísos fiscais não nasceram por si mesmos. Eles foram gestados pelas finanças dos países ricos e pelas finanças dos ricos em países pobres. Estimativas divulgadas mundialmente dizem que o universo financeiro destes paraísos chega aos 20 trilhões de dólares. Doze destes 20 viriam de países descritos como “emergentes”. Na Rússia a massa de capitais assim subtraídos ao controle do fisco chegara a 1,3 trilhão, e na China, a 1,2. Na América Latina, Brasil e Argentina lideram a fuga (ou ocultação) destas fortunas offshore. A África perde 14 bilhões de dólares anualmente com a subtração dos impostos assim sonegados, o que daria para resolver, relativamente em pouco tempo, os problemas de educação e saúde do continente. Um detalhe: quando se pensa em “paraíso fiscal”, se pensa sempre apenas no Caribe. Vã ilusão. Aí se incluem Luxemburgo, Lichtenstein, Mônaco, e a ínclita Suíça, que não é paraíso para seus contribuintes, mas para os que fogem de seus países de origem, sim. Veja-se o caso de um proeminente deputado brasileiro, que liderou a abertura do golpe contra a presidenta, e de sua família. Bem, mas a Suíça está sendo pressionada a se abrir, inclusive pelos Estados Unidos. Talvez isto tenha influenciado a revelação das contas do deputado, pois faz parte do roteiro do golpe brasileiro afasta-lo. E é claro que houve participação norte-americana no traçado do roteiro.

Londres

Já que falamos em Londres, é intensa a repercussão mundial da eleição de seu primeiro prefeito muçulmano, de origem paquistanesa, Sadiq Khan. Disputando pelo Labour, Khan derrotou o Tory Zac Goldsmith, tendo 57% dos votos contra 43%. Filho de um motorista de ônibus, Khan se notabilizou como defensor de direitos humanos, inclusive de acusados de terrorismo. Por isto, Goldsmith desenvolveu uma campanha abertamente suja contra ele, coisa que desagradou até membros mais comedidos do Partido Conservador. Khan foi seguidamente acusado de “perigoso” e “próximo a extremistas”. Seu programa privilegiou o problema habitacional na cidade, uma das mais caras da Europa, o congelamento por quatro anos do preço do transporte público para os usuários, e a qualidade do ar (Londres tem algumas das ruas mais poluídas do mundo). Seu primeiro ato, desmentindo acusações de antissemitismo, foi comparecer ao Memorial do Holocausto, devido ao 71o. aniversário do fim da Segunda Guerra, e também pela visita ao Rabino Chefe londrino, além do embaixador de Israel. O Labour ficou com 12 cadeiras no Parlamento local; os Conservadores, com 8; Verdes e Ukip, duas cada um; e os Democratas Liberais com apenas uma. Sua vitória deu novo alento aos trabalhistas, abalados pela perda de cadeiras na recente eleição escocesa.

Filipinas

Está em curso a eleição nacional nas Filipinas, para presidência, vice (em separado), Câmara e Senado, e mais 18 mil postos regionais e municipais. O favorito para vencer é Rodrigo Duterte, que foi prefeito da cidade de Davao durante 22 anos. Duterte notabilizou-se por defender o assassinato sistemático e extra-judicial de criminosos, associado a um grupo de extermínio chamado de “Vigilantes”. O país tem 100 milhões de habitantes e 55 milhões de eleitores inscritos.

Grécia

O Parlamento grego aprovou mais um controvertido pacote de aumento de impostos e de redução de aposentadorias como parte do acordo para receber mais 95 bilhões de euros para saldar seus compromissos devido à dívida pública. A aprovação provocou protestos generalizados no país, sobretudo em Atenas, onde 18 mil manifestantes foram confrontados pela polícia. 

Créditos da foto: wikimedia commons

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12