Moro não pode contar quem afastou o delegado Saadi do RJ
Como se trata de um inquérito
camarada, não calhou de ninguém, nem delegados nem procuradores, indagar as
circunstâncias do afastamento de Saadi.
Por Luis Nassif
https://jornalggn.com.br/
Tome-se o episódio mais escandaloso
de todo esse imbróglio Moro-Bolsonaro: o caso da substituição do delegado
Ricardo Saadi da superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Saadi descontentou Jair
Bolsonaro. Pelo que circulou, devido à sua eficiência no combate ao crime
organizado. Na mesma época, Bolsonaro se irritou com a fiscalização da Receita
Federal no porto de Itaguai, porta de entrada do contrabando de armas no Brasil.
Ambos, Saadi e a receita no porto, batiam recordes de apreensão de contrabando.
Bolsonaro alegou que seu
descontentamento devia-se à baixa eficiência de Saadi. No mesmo dia, foram
divulgadas as avaliações internas da PF, atestando a alta eficiência do delegado.
Aí, o caso se
desdobra nas seguintes questões não respondidas:
1. Mesmo com
sua eficiência comprovada, Saadi foi afastado da superintendência.
2. Quem afastou
não foi Bolsonaro, que não tinha nenhuma ascendência sobre o delegado geral da
PF Maurício Valeixo.
3. O chefe de
Valeixo era Sérgio Moro.
Não será
necessário recorrer à teoria do domínio do fato de Sérgio Moro para comprovar
que o responsável direto pelo afastamento de Saadi foi ele próprio. Com que
intenção? Certamente contentar seu chefe, Jair Bolsonaro.
Deixa-se,
agora, Valeixo nesse dilema.
Como
funcionário de carreira da PF, não pode descontentar seus superiores. Então, no
depoimento do inquérito, ressalta que jamais Bolsonaro interferiu na sua
atividade. Então, quem interferiu? Como se trata de um inquérito camarada, não
calhou de ninguém, nem delegados nem procuradores, indagar as circunstâncias do
afastamento de Saadi.
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