terça-feira, 9 de junho de 2020

A elite brasileira tem nome. É Bolsonaro



O Brasil está vivendo uma overdose de mentira. Bolsonaro mente, Mourão mente, ministros mentem, militares mentem, banqueiros mentem, empresários mentem.

É tanta mentira que a nossa imprensa tradicional - pasmem - passa até a flertar com a verdade.

É assustador ver a Rede Globo dizendo a verdade. Eu nunca tinha visto.

A mentira é parte da economia psíquica da espécie humana, não é preciso demonizá-la, faz parte etc e tal.

Mas não precisa exagerar.

Bons tempos em que um governo governava e a imprensa mentia dia e noite sem parar, fazendo o papel histórico dela. Esse era o "normal" - fazia parte da nossa "cultura".

Não é fácil.

O vírus desorganizou "geral" nossos processos cognitivos - que já vinham combalidos com as redes sociais e com a massificação da 'opinião'.

Nesse turbilhão de mentiras, blefes e imposturas, só as sociedades asiáticas + Nova Zelândia fizeram jus ao pertencimento civilizatório.

O resto é barbárie.

A Europa, uma decepção. Os EUA, uma carnificina. Russia, tão prepotente quanto seus czares kgbistas. O continente africano ainda sofre com a espoliação massiva que sofreu dos europeus brancos. Nem se pode condená-los por não saber o que fazer diante da pandemia.

O mundo branco-ocidental precisa fazer uma indenização-monstro a todos os países africanos. Algo na casa das centenas de trilhões, só para começar.

Que vergonha desses ases brancos prepotentes que se diziam portadores de civilização.

Trump lhes é a expressão máxima (durmam com esse espelho).

O Brasil, no entanto, é um pouco diferente. É um pouco pior do que tudo isso.

A nossa elite é uma vergonha de proporções infinitas. A nossa desigualdade - patrocinada por essa elite da frente ampla -, a mais indecente do planeta.

Eu discordo do enunciado "a humanidade não deu certo". Eu o reformularia: "uma parte da humanidade não deu certo nem nunca dará". A elite branca é a vergonha do mundo e a elite branca brasileira é a vergonha da elite branca do mundo - algo impossível de ser descrito nas palavras esbranquiçadas dos dialetos ocidentais revestidos de poder e morte, tamanha a degradação moral e semântica.

Esses seres interrompidos, violentos, brutalizados, com suas fixações em shopping centers e consumo, estão em polvorosa com a possibilidade de dizimar povos indígenas. Eles celebram a morte como Bolsonaro. São seu reflexo e sua representação mais acabada.

A elite brasileira são milhões de bolsonaros. Todos merecem o sobrenome Bolsonaro em suas certidões de nascimento, com o devido hífen lhes cravando a memória. Jorge Paulo Lemann-Bolsonaro. Luciano Huck-Bolsonaro. Abílio Diniz-Bolsonaro. Joseph Safra-Bolsonaro. André Esteves-Bolsonaro. Fernando Henrique Cardoso-Bolsonaro. Luiz Frias-Bolsonaro. Família Marinho-Bolsonaro. Itaú-Unibanco-Bolsonaro.

Eles merecem essa 'lisonja' histórica. É minha singela homenagem a tudo o que eles representam.

Afinal, é o sobrenome do presidente da República, autoridade mais alta da nação.

Do outro lado, estão os Lula da Silva. A maioria esmagadora dos brasileiros trabalhadores.

A polarização tão decantada pelo nosso cativeiro jornalístico ficou assim: o povo se chama Lula e a elite se chama Bolsonaro.

Como desencravar essa marca, perguntar-se-ia à parcela branca genocida que amargou o sobrenome da morte? Morram e nasçam de novo.

Os 'criados da casa grande' (gente pobre que serve aos patrões assassinos com gosto), por sua vez, terão o perdão quando ascenderem ao inferno - para não dispensar a ironia messiânica tão encaixável nessas circunstâncias de morte e degradação.

Nós sobreviveremos aos milhões de Bolsonaros que nos governam há séculos. Bem ou mal, sobreviveremos. Mas ao custo de milhões de vidas (porque não se morre apenas de covid no Brasil).

É a chance para tentaremos ser mais humanos depois de tudo isso. Mais humanos e menos covardes - e menos perplexos diante do ódio que nos esmagou desde o golpe de 2016.

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