Os assintomáticos não são infecciosos. Esta será a principal conclusão de um estudo epidemiológico que envolveu quase toda a população de Wuhan.
Jovens circulando de bicicleta, e sempre de máscara, na cidade chinesa de Wuhan - STR / AFP
Um estudo feito entre maio e junho na cidade chinesa de Wuhan - a cidade onde alegadamente "nasceu" a covid-19 - e que envolveu quase toda a população (dez milhões de pessoas), agora publicado na revista Nature, mostra que os portadores assintomáticos do vírus não são infecciosos.
O estudo envolveu cerca de 9,9 milhões de pessoas, ou seja, 92,9% da população - no fundo, todos os com mais de seis anos. Não foi detetado nenhum caso positivo sintomático de covid-19, mas registaram-se porém 300 assintomáticos. E o que o estudo concluiu é que "não houve evidência de transmissão de pessoas positivas assintomáticas para contatos próximos rastreados".
Segundo o texto publicado na Nature, intitulado "Rastreio de ácido nucleico SARS-CoV-2 pós-bloqueio em quase dez milhões de residentes de Wuhan, China", "estudos anteriores demonstraram que indivíduos assintomáticos infetados com o vírus SARS-CoV-2 eram infecciosos, podendo posteriormente tornar-se sintomáticos".
Mas "no presente estudo, a cultura do vírus foi realizada em amostras de casos positivos assintomáticos, e não foi encontrado nenhum vírus SARS-CoV-2 viável".
Ou seja: "Todos os contatos próximos dos casos positivos assintomáticos tiveram resultados negativos, indicando que os casos positivos assintomáticos detetados neste estudo provavelmente não eram infecciosos."
Por outro lado, "a cultura de vírus de laboratório existente e os estudos genéticos mostraram que a virulência do vírus SARS-CoV-2 pode enfraquecer com o tempo, e as pessoas recém-infetadas eram mais propensas a ser assintomáticas e com uma carga viral mais baixa do que os casos infetados há mais tempo".
Seja como for, os investigadores dizem que "é muito cedo para ser complacente, devido à existência de casos positivos assintomáticos e alto nível de suscetibilidade em residentes em Wuhan".
"As medidas de saúde pública para a prevenção e controle da epidemia de covid-19, incluindo o uso de máscaras, mantendo o distanciamento social seguro em Wuhan, devem ser mantidas. Especialmente, as populações vulneráveis devem continuar a ser protegidas de forma adequada", consideraram.
O estudo também encontrou 107 casos de pessoas que já tinham sido dadas como recuperadas e que voltaram a dar positivo, de forma assintomática, nos novos testes. Mas também essas não tinham infetado qualquer contacto próximo.
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