Há pelo menos três anos, o nome Nythalmar Dias Ferreira Filho tem aparecido no noticiário nacional sempre com adjetivações que oscilam entre “criativo”, “super advogado” e “estrela da Lava Jato”.
Nesta terça-feira (9), o advogado voltou a figurar no noticiário ao ser citado pelo ministro Gilmar Mendes durante o julgamento que analisa a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso que envolve o ex-presidente Lula no âmbito da Lava Jato.
A menção do magistrado ao advogado criminalista foi usada para criticar a atuação da 7ª Vara Federal, no Rio de Janeiro, por atitudes que fariam “corar frade de pedra”.
Gilmar fala de Nythalmar como um personagem “que gravita por aí” e teria se transformado num grande problema para colegas do Judiciário.
Quem se dispôs a saber sobre o criminalista teve de juntar um emaranhado de informações que vão desde a sua “surpreendente ascensão para um profissional tão jovem” até a suposta relação que mantinha com o coordenador da Lava Jato no RJ, Marcelo Bretas.
Para uma advogada que conviveu com o criminalista, ele é “um advogado que surgiu do nada” e tinha um “escritório de fundo de quintal”, mas que logo mostrou criatividade para defender seus clientes – geralmente pessoas que cumpriam pena no presídio de Bangu.
A fama veio na mesma medida em que entravam para a sua lista de clientes nomes como o de Edno Negrini, investigado por suspeitas de irregularidades na Eletronuclear e, depois, investigados pela Lava Jato do RJ. Um deles é o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
Em quatro anos, ele deixava de ser um advogado de porta de cadeia para se transformar num requisitado defensor de empresários e políticos com ficha corrida.
Não demorou para que sua atuação levantasse suspeitas e passasse a incomodar colegas no RJ. Nada, no entanto, que motivasse uma acusação formal.
Até que, em outubro de 2020, Nythalmar tornou-se alvo de busca e apreensão em operação deflagrada pela Polícia Federal, que esmiuçou cinco endereços ligados a ele.
Acontece que as razões que motivaram a busca e apreensão seguem desconhecidas, e em processo que corre sob segredo de Justiça – bem como outros processos disciplinares pelos quais responde.
Na época, segundo matéria publicada pelo G1, Nythalmar abordava possíveis clientes dizendo que teria amplo acesso ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do RJ e responsável pela Lava Jato no estado.
Bretas nega qualquer relação com o advogado.
Aos 30 anos, o pernambucano que vive desde os 16 no Rio também foi tema de perfil publicado pela Revista Época em 2019.
No depoimento à publicação, disse ter orgulho do passado humilde (de ex-funcionário do Bob’s) antes de se tornar, segundo ele mesmo, “o criminalista mais caro da Lava Jato”.
O texto também cita os “rumores no meio da advocacia criminal de que, na ilegal cooptação, estaria inclusive sendo aventada a possível ‘aproximação’ com um juiz e promotores da força-tarefa da Lava Jato, no sentido de alcançar seus objetivos”.
Em sua defesa, Nythalmar disse ser vítima de preconceito por ser um “jovem migrante nordestino que venceu na profissão”.
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