Na última sexta feira, trabalhadores rurais que ocupavam a Fazenda
Castanhais no município de Piçarra, prestaram depoimentos perante a Polícia
Civil de Marabá (cópia em anexo), e relataram que o Grupo Santa Bárbara,
contratou mais de uma dezena de pistoleiros para expulsar violentamente as 110 famílias
que ocupam o imóvel há mais de 5 anos.
De acordo com o
registrado no depoimento, os pistoleiros são levados para a Fazenda e
contratados como vaqueiros, cerqueiro, inseminadores, etc, mas, na verdade o
serviço é outro: a pistolagem. Fortemente armados com escopetas e revólveres,
ameaçam os trabalhadores, interditam estradas, fazem revistas obrigando as
todos a tirarem as roupas e ainda fotografam as pessoas.
No último dia 28 do
mês corrente, uma senhora, moradora de um município nas proximidades da Fazenda
dos Castanhais, procurou a CPT da região para denunciar que seu filho, de 19
anos, foi contratado por uma pessoa de uma empresa de segurança, para trabalhar
na referida fazenda, segundo o contratante, o trabalho seria de vaqueiro.
Alguns dias depois seu filho retornou e, quando questionado pela mãe sobre o
serviço, informou que na verdade estava trabalhando, juntamente com outros
contratados como "vigilante" da Fazenda. A mãe do rapaz então o
questionou como ele estava trabalhando como vigilante se nunca fez um curso
específico e não tem autorização para uso de armas. O rapaz então esclareceu
para a mãe que, para não dar problema, a fazenda contrata todos como vaqueiros
mas, na verdade, a tarefa deles é outra: expulsar sem terras da fazenda.
Preocupada com a
situação de seu filho estar trabalhando como pistoleiro da fazenda, procurou
ajuda na CPT. Orientada a registrar uma ocorrência na Delegacia ela se recusou,
por medo de ameaças e devido seu filho já ter algumas passagens na polícia por
prática de infrações penais. Solicitou inclusive que seu nome não fosse
revelado.
No dia 25 de março,
duas trabalhadoras rurais acampadas no interior da Fazenda Castanhais, compareceram
no escritório da CPT de Marabá para fazer uma denúncia das violências que um
grupo de pistoleiros estavam praticando contra as pessoas nas proximidades do
acampamento:"Que um grupo de aproximadamente nove pessoas supostamente
pistoleiros, ligadas à fazenda, portanto espingardas calibre 12, 20, 28 e
revolveres, arma branca (facas) tem feito guarita na beira da estrada de acesso
ao acampamento e ameaçado constantemente as pessoas que trafegam pelo local;
Que essas pessoas não são da Empresa de Segurança que faz vigilância na área;
Que alguns dos homes ficam apenas de shorts Jeans, outros usando roupa preta e
capuz; Que as pessoas são obrigadas por eles a tirarem as roupas para serem
"revistadas", são ameaçadas e sofrem agressões".Um dia
após a denúncia houve um tiroteio no interior da fazenda no qual pistoleiros e
trabalhadores saíram baleados. A denúncia foi encaminhada à
Delegacia de
Conflitos Agrários de Marabá e Redenção, no entanto, não se tem notícias de
apuração.
Além da violência armada praticada por seguranças e pistoleiros, o Grupo
Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas, tem se utilizado de outra prática
criminosa contra famílias sem terra que ocupam suas propriedades: o
uso de veneno. Nos últimos meses, três acampamentos de sem terra que
estão localizados em fazendas do grupo (Fazendas: Cedro, Castanhais e
Itacaiúnas), aviões do grupo despejaram veneno sobre as roças dos agricultores
e sobre as moradias. O denúncia também foi registrada em depoimento prestado
perante a autoridade policial na última sexta feira.
Marabá, 15 de abril de 2013.
Comissão Pastoral da Terra - CPT.
Movimento Sem Terra - MST.
FETAGRI regional sudeste
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