85,5% das importações
audiovisuais da América Latina são originárias dos EUA, e elas estão tentando
construir a ideia de que não existe aquecimento global.
Najar Tubino // www.cartamaior.com.br
Enojar é o verbo inspirador deste
texto. Depois de muito pesquisar sobre a concentração de poder no mundo hoje,
onde 147 transnacionais controlam outras 43 mil, o que corresponde a 40% do
mercado mundial, onde os três principais veículos de economia do mundo
ocidental fazem parte da carteira de clãs conhecidos há séculos, como os
Rothschild, Agnelli, ou já na era moderna, os Murdoch, donos do The Wall Street
Journal, do Dow Jones e da Fox News, que divulga diariamente as mentiras sobre
as mudanças climáticas e o aquecimento global. The Economist, a revista inglesa
de 1873 é a outra fonte, muito celebrada pelos neoliberais e conservadores por
sua respeitabilidade, transparência e ética.
Ao iniciar 2016, a revista
publicou uma capa sobre o Brasil quebrado e desorganizado, com uma foto da
presidenta Dilma Rousseff cabisbaixa. Em agosto de 2015 a Pearson, dona da
revista vendeu 50% das ações – 27,3% foram compradas pela família Agnelli, os
outros 23,7% pelo próprio Grupo Economist. Ocorre o seguinte: os outros 50%
pertencem aos Rothscild, aos agentes financeiros Schroder, aos Agnelli e a
Cadbury, maior fabricante de doces do Reino Unidos, que foi engolido pela Kraft
Foods, dos Estados Unidos. O detalhe: estas famílias detêm a maioria das ações
classe A, que dão direito a indicar a maioria dos 13 membros da diretoria. Ou
seja: eles mandam e estabelecem as diretrizes editoriais.
Negócio perfeito no capitalismo
Pior: o grande negócio da The
Economist é o Economist Intelligence Unit, que em 2014 faturou US$93 milhões,
mais do que os US$37 milhões do Financial Time Group, que publica o jornal FT,
que também era da Pearson e foi vendido no ano passado para o grupo japonês
Nikkei por US$1,3bi. Este é o funcionamento perfeito do capitalismo: os cães
farejadores levantam a situação das empresas, dos setores econômicos em todo o
mundo – inclusive faturando com a publicidade- depois entregam para os seus
patrões, que no mesmo momento, sairão pelo mundo comprando ações, empresas,
terras, de barbada. Um golpe que o clã dos Rothschild britânico instituiu no
então poderoso império por Nathan, que se instalou na City londrina em 1809.
A estratégia límpida e
transparente, naquela época não tinha o sustentável, conhecida historicamente
como o Golpe na Bolsa de Londres consistiu no seguinte: seus informantes
presentes na Batalha de Waterloo forneceram o resultado final da carnificina ao
patrão, logo em seguida começou a vender os papéis na Bolsa espalhando o boato
que Napoleão vencera. Ao mesmo tempo, seus agentes passaram a comprar os papéis
por ninharia. Logo depois, o poderoso império ficou sabendo da vitória do seu
exército e os papéis explodiram. Então caía o Império Napoleônico e nascia
oficialmente o império especulativo dos Rothschild.
No Planeta Mentira não há
mudanças climáticas
Mas vamos voltar ao Antropoceno,
o novo período geológico que será definido este ano, com as mudanças da espécie
humana. Na realidade os mais de sete bilhões de habitantes do mundo não sabem
exatamente em que planeta vivem. O controle exercido pelos 30 maiores
conglomerados de mídia expõe apenas a sua visão da Terra. Nela, as mudanças
climáticas, a destruição de florestas, a extinção de espécies, da miséria da
própria espécie são apenas ingredientes do mercado, do sistema econômico que
necessita crescer infinitamente, porque sem crescimento não haveria planeta. E
afinal, como os 85 bilionários – com mais de 20 bilhões de dólares - poderiam
viver e usufruir das maravilhas da natureza, com seus iates, seus clubes de
golfe, seus carros esportivos, suas ilhas exclusivas?
Sem contar os outros 300, que
estão na lista da Bloomberg, que possuem juntos US$3,7 trilhões e que ao longo
de 2014 ganharam mais US$524 bilhões, segundo a pesquisa do professor Luiz
Marques, no livro “Capitalismo e Colapso Ambiental”. Para reforçar um pouco
mais o poder: as sete principais holdings financeiras dos Estados Unidos – JP
Morgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs, Metlife e
Morgan Stanley detêm mais de US$10 trilhões em ativos consolidados, o que
corresponde a 70,1% de todos os ativos dos Estados Unidos. São eles que
controlam a riqueza mundial, dos 147 grupos que controlam os 43 mil – uma
pesquisa do ETH Instituto Federal Suíço de Pesquisas Tecnológicas, de Zurique,
selecionaram as 43 mil corporações entre 30 milhões.
Ricos não podem pagar impostos
Eles constataram que os
banqueiros são os intermediários que possibilitam a articulação da rede. É
claro que as famílias bilionárias do mundo participam de tudo isso. Sem
esquecer, que parte desta fortuna, segundo a Tax Justice Network, pelo menos
US$21 trilhões estão em paraísos fiscais. Porque o Planeta ficcional criado
pelos conglomerados da mídia instituiu que os ricos não podem pagar impostos.
Prejudica os negócios, o crescimento. Uma citação do final do livro de Thomas
Piketty – O Capital no século XXI – que definiu 300 anos de dados sobre a
desigualdade econômica em 669 páginas:
“- A desigualdade entre a taxa de
crescimento do capital e da renda e da produção faz com que os patrimônios originados
no passado se recapitalizem mais rápido do que a progressão da produção e dos
salários. Essa desigualdade exprime uma contradição lógica fundamental. O
empresário tende a se transformar, inevitavelmente, em rentista e a dominar
cada vez mais aqueles que só possuem sua força do trabalho. Uma vez constituído
o capital se reproduz sozinho, mais rápido do que cresce a produção. O passado
devora o futuro”.
A desigualdade será a norma no
século XXI
E pode investir em educação,
conhecimento e tecnologias não poluentes, nada disso elevará as taxas a 4 ou 5%
ao ano, como rende o capital. A experiência histórica indica que apenas países
em recuperação econômica, como a Europa nos 30 anos gloriosos pós- segunda
guerra, ou a China e os emergentes podem crescer neste ritmo por um tempo.
“- Para os que se situam na
fronteira tecnológica mundial e em última instância para o planeta como um
todo, tudo leva a crer que a taxa de crescimento não pode ultrapassar 1 a 1,5%
ao ano, no longo prazo, quaisquer que sejam as políticas a serem seguidas. Com
o retorno médio do capital na ordem de 4 a 5% é provável que a desigualdade das
taxas de crescimento já citadas voltem a ser a norma no século XXI, como sempre
foi na história.”
O divertimento ao invés da
realidade
Conclusão: o Planeta criado pelos
conglomerados continua executando a mesma plataforma, desde o século XIX, sendo
que somente nos períodos posteriores às guerras mundiais que as fortunas foram
taxadas. E o que faremos nós no século XXI? Já sabemos que o aquecimento
aumenta, os eventos climáticos se aceleram e o agronegócio continua dominando
mais áreas de floresta do planeta. Neste momento, entra a outra parte dos
conglomerados de mídia – o entretenimento. A força da Disney Company – faturou
US$45 bi em 201- e pagou US$21bilhões pela franquia da séria Star Wars e ainda
produzirão outros cinco filmes.
E pretendem vender US$5 bilhões
em produtos licenciados – videogames, publicações, música, brinquedos. O
mercado é grande: parques temáticos em Paris, Hong Kong, Tóquio, agora em 2016,
Shangai, na China. Compraram todos os talentos, a Pixar, de Steve Jobs- era o
maior acionista individual da Disney -, os heróis em quadrinhos da Marvel, na
figura canhestra do Homem de Ferro, rico, cibernético e arrogante. Depois ainda
compraram os estúdios de George Lucas. Total: mais de US$15 bilhões. Ou seja,
não acreditem em caos climático, divirtam-se.
No Planeta de mentira informação
é entretenimento
A revista das famílias poderosas,
a The Economist – fez uma daquelas matérias pegajosas sobre “a força” da
Disney, em dezembro de 2015. Um trecho:
“- A estratégia deles é a
seguinte: os filmes aparecem no centro, a sua volta estão os parques temáticos,
os licenciamentos, a música, as publicações e a televisão, Cada unidade da
companhia produz conteúdo e impulsiona as vendas das demais”.
É perfeito, se aliar isso a
canais de esportes – ESPN – que fatura a metade da grana na Disney, que é uma
das quatro líderes mundiais. As outras são: Google, que mais fatura em
publicidade, depois a Comcast, que tem a maior rede de televisão a cabo do
mundo, e é proprietária da rede NBC e da Universal. Depois vêm a 21st Century
Fox, da News Corporation, de Rupert Murdoch; Viacom, dona da MTV e da
Paramount, mas dividiu a corporação, criando a CBS Corporation, outra rede dos
Estados Unidos. Na lista agora constam Facebook e Baidu, o Google chinês, em
faturamento de publicidade.
85,5% das importações
audiovisuais dos Estados Unidos
Mas eles não têm o poder dos
conglomerados tradicionais. Faltou a Time Warner Company, dona da CNN, que é
outra das bases de informação no mundo, além do Carlos Slim, dono da telefonia
na América Latina, que agora tem 16,8% das ações do The New York Times, maior
acionista individual. Último dado enjoativo desta que é a praga maior desta era
geológica: 85,5% das importações audiovisuais da América Latina – 150 mil horas
de filmes, seriados e programas jornalísticos- são originários dos Estados
Unidos. E em todos estes conglomerados tem a participação acionária dos maiores
fundos de investimento ou de pensões do mundo, como é o caso da Vanguard Group
– 160 fundos nos Estados Unidos e 120 fora deles -, que estão processando a
Petrobras nos Estados Unidos, e que os Rothschild são acionistas.
A família Rothschild – significa
a casa do escudo vermelho, baseado no escudo da cidade de Frankfurt, onde Mayer
Amschel Bauer, considerado o primeiro banqueiro internacional começou o
império. Segundo a versão popular, com uma fortuna do nobre alemão Guilherme
IX, que fugia de Napoleão, e deixou três milhões de libras esterlinas em
dinheiro e obras de arte, para ele administrar.
Outros negócios dos Rothschild
Ele investiu bem, conta a lenda,
que não dividiu um centavo dos lucros. Também diz a lenda que não são judeus
étnicos, mas se converteram ao judaísmo no século oito da era cristã. Os
Rothschild, em seus vários ramos, são detentores de tudo o que é importante no
mundo. A De Beeres, maior empresa de exploração, lapidação e comércio de
diamantes, os extratores de minérios Rio Tinto e Anglo American, como acionistas.
O Barão francês Edouard, já falecido, em 2005 comprou 37% do jornal Liberation,
considerado um veículo que defende ideias de esquerda.
Recentemente se associaram com os
Rockfellers na Rússia unindo ativos de US$40 bilhões. Até hoje, as cotações do
ouro são definidas no prédio da N M Rothschild & Co, que no Brasil se chama
Rothschild, e trabalha no ramo de assessoria financeira, focada em fusões e
aquisições, reorganizações societárias. Conta com 50 escritórios espalhados
pelo mundo. No Brasil já prestaram serviços para o Itaú Unibanco, no fechamento
de capital da Redecard, fizeram o laudo de avaliação do Santander Brasil, que
vendeu parte do controle, além da BM&F, Camargo Corrêa, OI e Ambev.
No Laudo de avaliação do
Santander, a Rothschild Brasil esclarece: que não possui informações comerciais
e creditícias de qualquer natureza que possam impactar o laudo; não possui
conflito de interesse, que lhe diminua a independência necessária ao desempenho
da função. E que receberia US$800 mil pelo laudo. Algumas linhas adiante: e
mais US$4,5 milhões pelo trabalho de assessoria do Santander S.A., que não é o
Santander Brasil. Entenderam: tudo ético, transparente e sustentável. E nós
estamos ferrados com este planeta mentiroso, que os conglomerados inventaram.
Créditos da foto: reprodução
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