segunda-feira, 15 de março de 2021

Governo Trump pressionou Bolsonaro para não comprar vacina “maligna” da Rússia, diz relatório oficial dos EUA

Documento também cita pressão no Panamá contra parceria com médicos cubanos durante a pandemia

           Por Luisa Fragão 
Divulgação

Documentos divulgados pelo jornalista norte-americano John McEvoy no portal Brasil Wire revelam que o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, pressionou o presidente Jair Bolsonaro a não comprar a vacina “maligna” Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya.

O pedido ao governo brasileiro consta em documento do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, publicado no relatório anual da pasta em 2020.

“2020 foi um dos anos mais desafiadores da história do nosso país e da história do Departamento de Saúde e Serviços Humanos”, afirma o ex-secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar.

“Há um fim à vista para a pandemia”, ele continua, “com a entrega de vacinas seguras e eficazes por meio da Operação Warp Speed”, completa. Em seguida, na página 48 do relatório, há a informação de que os Estados Unidos pressionaram o Brasil a rejeitar a Sputnik V.

“OGA [Departamento de Relações Exteriores] usou as relações diplomáticas na região das Américas para mitigar os esforços dos estados, incluindo Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos Estados Unidos. O OGA coordenou com outras agências governamentais dos EUA para fortalecer os laços diplomáticos e oferecer assistência técnica e humanitária para dissuadir os países da região de aceitar ajuda desses estados mal intencionados”, diz trecho do documento.

“Os exemplos incluem o uso do escritório de Saúde da OGA para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19 e a oferta de assistência técnica do CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças] no lugar do Panamá aceitar uma oferta de médicos cubanos”, completa.

Com isso, há também a informação de que os EUA pressionaram o Panamá para não aceitar médicos cubanos, que estão na linha de frente global contra a pandemia, trabalhando em mais de 40 países.

Lula e Sputnik V

O Ministério da Saúde assinou na sexta-feira (12) um contrato para compra de 10 milhões de doses da Sputnik V. O cronograma da pasta prevê que 400 mil das doses cheguem até o final de abril, 2 milhões em maio e o restante, até o fim de junho.

O ex-presidente Lula influenciou diretamente na negociação para que o Brasil comprasse doses da vacina russa. A informação foi confirmada pelo ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que esteve presente em reunião que Lula fez com Kirill Dmitriev, diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF) que financiou o desenvolvimento do imunizante, em novembro do ano passado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12