
Cúpula do BRICS em Kazan, Rússia (Foto: Alexander Nemenov/Pool via Reuters)
BRICS desafiam o poderio dos EUA, que enfrentam um declínio hegemônico acelerado e perdem espaço econômico, político e tecnológico no século XXI
brasil247.com/
Os Estados Unidos saíram vitoriosos da 2ª Guerra, com a derrota da Alemanha, da Itália e do Japão. Mas, quando esperavam que retornasse uma época de hegemonia única, teve que se ver às voltas com a URSS e o chamado campo socialista.
Tiveram que conviver, ao longo de todo o período da Guerra Fria, com a existência de um mundial. Com o fim da URSS e do campo socialista, de novo os Estados Unidos sonharam com um mundo em que eles seriam a única potência hegemônica.
Mas, de novo, tiveram que se deparar com um mundo bipolar, com o surgimento dos BRICS. Porém, desta vez, têm que se enfrentar a um polo antagônico mais dinâmico e, em certa medida, mais forte que o seu.
Os Estados Unidos seguem sendo a maior economia do mundo, secundado pela China. Mas tecnologicamente, onde os norte-americanos sempre se vangloriaram de ser a vanguarda no mundo, os chineses já os superam. O que é um golpe psicológico muito duro para os norte-americanos.
Ao reunir a força econômica da China à força militar da Rússia e à emergente força política do Brasil, ao que se somaram a Arábia Saudita e outros países petroleiros, os Estados Unidos têm que encarar uma situação sui generis. Se desde o fim da 2ª Guerra lideravam econômica e politicamente o mundo, estão perdendo essa posição privilegiada.
Toda a primeira metade do século XXI está marcada pelo declínio da hegemonia norte-americana no mundo, fenômeno que marcou toda a segunda metade do século XX.
O declínio não é somente dos Estados Unidos, mas de todo o bloco que eles lideram. A Europa se encontra debilitada porque, cruzada por posições de direita e de ultradireita, está dividida internamente. Além de ter perdido importância e peso no mundo, conforme a Ásia recuperou espaço e destaque no século atual.
A consolidação dos BRICS, como polo de aglutinação do Sul Global, representa a confirmação do declínio norte-americano no mundo. A Rússia supera o boicote econômico imposto a ela e, aliada à China e incorporada aos BRICS, volta a se fortalecer. A China se projeta como a grande economia do mundo, por sua força própria e por se tornar a principal parceira da maior parte das economias do mundo, incluídos todos os países da América Latina e dos próprios Estados Unidos.
O governo Trump, por sua vez, representa um passo a mais no declínio da hegemonia norte-americana. Fechar-se sobre si mesmo isola ainda mais os Estados Unidos no mundo e deixa mais espaço livre para a expansão da China e dos próprios BRICS.
Uma nova divisão internacional do trabalho reserva um espaço menor para os Estados Unidos. A primeira metade do século XXI está marcada por esse declínio.
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