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por Luis Felipe Miguel
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Nessa altura do campeonato, todo mundo está percebendo a necessidade de uma frente ampla de esquerda, para unificar a resistência no Brasil. Mas há três obstáculos que precisam ser superados.
1) Os setores mais à esquerda precisam aceitar que não existe frente de esquerda sem o PT.
O PT conciliou demais da conta, chafurdou na lama, incorreu em práticas lastimáveis, foi oportunista, aliou-se a alguns dos nomes mais sujos da política brasileira e, pior ainda, permitiu que alguns deles se tornassem petistas. Foi muitas vezes brutal com as organizações à sua esquerda e deixou um rastro de ressentimentos mais do que justificáveis. Ainda assim, o PT continua sendo uma parte importante da esquerda brasileira, por seu peso nos movimentos sociais, pelas lideranças que tem, por seu peso eleitoral. Sem ele, não há frente de esquerda.
2) O PSOL precisa saber que não vai ser o PT do futuro.A proposta de uma frente de esquerda só progride se nenhum de seus integrantes tiver o projeto de hegemonizar o campo da esquerda. A estratégia de parte do psolismo parece ser aproveitar o vácuo da crise do PT para se tornar o grande polo da esquerda brasileira. Isso implica priorizar a competição interna, que é um grande erro no momento. De resto, o PSOL já nasce como um PT a meio do caminho, como partido eleitoral, sem o lastro nos movimentos sociais que o velho PT tinha. Isso faz com que seu projeto de hegemonização da esquerda seja, por um lado, implausível e, por outro, muito pouco alvissareiro.
3) O PT precisa entender que uma frente de esquerda não é uma tábua de salvação para o próprio PT.
Na boca de muitos dirigentes petistas, a ideia de frente ampla parece com uma proposta de toda a esquerda se unir para salvar o PT. Mas o PT não tem mais condições de ocupar a posição que ocupou na esquerda brasileira nas últimas décadas. Vai ter que aprender a conversar de igual para igual com as outras forças, vai ter que aceitar que não é mais a estrela em torno da qual todos os outros orbitam.
Tudo indica que as bases das organizações da esquerda, nesse momento, estão vendo com mais clareza do que suas lideranças. Na resistência ao golpe e, agora, nas eleições municipais, essas bases demonstraram o entendimento de que era hora de unir forças.
Agora, na reta final de campanha, o movimento de concentração de votos nos candidatos mais competitivos do campo democrático mostra essa clareza. Os eleitores estão fazendo o que os chefes partidários não conseguiram fazer. Tomara que entendam a lição. Tomara que mesmo os que estão sendo beneficiados pelo movimento entendam - que Haddad, Freixo e Raul, chegando ao segundo turno e, como espero, à vitória, não se esqueçam que estão lá também por força de eleitores de Erundina, de Jandira e Molon, de Luciana, que foram sábios e que precisam ser ouvidos.
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