sexta-feira, 23 de junho de 2017

Jornal brasileiro ajuda EUA a repercutir a Lava Jato na África e América Latina

      Foto: Reprodução


Jornal GGN - O jornal Folha de S. Paulo se uniu a vários veículos da América Latina e África para repercutir os casos de corrupção descobertos pela Lava Jato, envolvendo principalmente Odebrecht e BNDES, em 12 países. Anunciado no blog Novo Em Folha nesta quinta (22), o projeto "Investiga Lava Jato" é inspirado e sustentado por investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre as obras onde a empreiteira admite ter feito pagamento de propina. 

Flávio Ferreira, repórter da Folha e um dos coordenadores do projeto, explicou no Novo Em Folha que os veículos estão unidos para "aprofundar" a cobertura envolvendo a Odebrecht, criando uma narrativa que atende aos "interesses locais". A ideia é fazer uma "cobertura unificada" sobre os escândalos - sem poupar, a exemplo do que ocorreu em terras tupiniquins, os governos e demais empresas envolvidos.

Os jornalistas do projeto se organizaram em março, durante um evento do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, entidade responsável pelo Panama Papers. Eles afirmam que compartilham uma base de dados com cerca de 8 mil documentos, sem especificar a origem do material.

A Folha publicou no último dia 15 o que parece ser sua primeira matéria especial para o Investiga Lava Jato: um levantamento de obras da Odebrecht, todas em "países que ela corrompeu", que terminaram custando 6 bilhões de dólares a mais do que o valor previsto em contrato.

Na matéria, há menção ao relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, divulgado no final de 2016, sobre mais de 100 projetos em 12 países em que a Odebrecht teria admitido pagamento de propina.

O fato gerou uma proliferação de investigações contra a Odebrecht nesses países, a ponto de a empreiteira exigir da Lava Jato, no acordo de delação premiada, o compromisso de parar de compartilhar informações que possam alimentar processos internacionais, informou a Folha.

Apesar do contexto de corrupção criado pela reportagem, a empreiteira respondeu que nas obras que tiveram um preço final acima do previsto, não existiu corrupção. Odebrecht afirma que pagava propina para vencer licitações e não ter obstáculos criados durante o cumprimento do contrato, apenas. "(...) os acréscimos nos valores dos projetos fora do Brasil não tiveram ligação com qualquer tipo de ilegalidade", disseram à Folha.

A fórmula sobre os gastos excessivos em obras foi replicada em outros artigos. As reportagens do portal foram veiculadas em espanhol e não poupam os presidentes que estavam em exercício na época em que a Odebrecht executou as obras questionadas. É o caso de Néstor e Cristina Kirchner, alvo de uma publicação sobre como se multiplicaram os custos de obras na Argentina.

O ex-presidente Lula é citado em apenas um artigo, sobre os "tentáculos da Odebrecht na África". Com base, mais uma vez, no trabalho do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o Investiga Lava Jato abordou o pagamento de propina por obras em Angola e Moçambique, com financiamento do BNDES.

O portal publicou também a foto do encontro de Lula com o então presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em 2009, ocasião em que teriam "manifestado apoio" às operações da Odebrecht no país.

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