domingo, 9 de fevereiro de 2020

A mídia não aprendeu nada com a Vazajato, por Luis Nassif

           Por Luis Nassif
           https://jornalggn.com.br/

Dia sim, dia não, a mídia pede autocrítica a Lula e ao PT.

A própria mídia, através da Veja e da Folha, fez uma autocrítica envergonhada, quando abriu espaço para a #vazajato, Expôs as manipulações dos vazamentos, explicou didaticamente como o vazamento seletivo embaça a verdadeira percepção da denúncia, inspirou uma sequencia de editoriais contra as deturpações dessas operações e das delações premiadas. E vem criticando os abusos de Bolsonaro contra o estado de direito. E de que adiantou?

Aí vem a Lava Jato de Curitiba e começa a vazar dia sim, dia não, peças de um novo inquérito contra Lulinha e a Gamecorp. A mídia volta ao velho jogo e a juíza Gabriela Hardt invoca o mesmo álibi dos vazamentos anteriores: a necessidade da transparência parcial, só das peças de acusação, sem abrir espaço para a defesa. E ninguém na mídia critica a hipocrisia reiterada.

Quando a Lava Jato chegou a Verônica Serra, José Serra foi internado no Sírio Libanês, com suspeitas de ter cometido atos desesperados. As denúncias o envolvendo vão prescrever, sem risco de vazamentos, com ele exercendo o cargo de senador em sua plenitude legal – não necessariamente mental.

Envolvido em várias delações, inclusive na última de Sérgio Cabral, não há vazamentos de inquérito contra Aécio Neves, que voltou a ser o grande articulador político de outrora. Ou porque Serra e Aécio são inimputáveis, ou porque a Lava Jato do Rio de Janeiro é mais séria que a paranaense.

De qualquer modo, a perseguição movida pela Lava Jato e a imprensa contra Lulinha é a comprovação de que, com #vazajato e tudo, nada mudou. As reações eventuais contra o arbítrio de Bolsonaro não visam a defesa do estado de direito, mas o retorno ao arbítrio anterior, no qual os abusos eram cometidos apenas contra os “inimigos”.

Sobral Pinto era o mais ardente defensor das leis. E a melhor maneira de defender as leis era defender sua aplicação aos adversários políticos. Foi por isso que, conservador, se tornou advogado de Luiz Carlos Prestes e de perseguidos da ditadura.
Em pleno século 21, prevalece o direito penal do inimigo.

O QUE A FOLHA PENSA

Editorial de 10 de agosto de 2019

Mensagens vazadas oferecem oportunidade para reforçar limites de investigadores

(…) As mensagens vazadas oferecem um espelho incômodo para os que participaram de excessos da Lava Jato. O futuro do combate à corrupção dependerá das lições que souberem extrair dessa reflexão.


O que a Folha pratica


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