sexta-feira, 20 de março de 2020

A fome pode ser mais letal que o vírus, por Andre Motta Araujo

Aparentemente NÃO há planos de contingência minimamente estruturados para a sobrevivência dessa grande parte da população.

           Por Andre Motta Araujo
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A fome pode ser mais letal que o vírus

por Andre Motta Araujo

Uma economia a pique pode levar 40 milhões de trabalhadores informais a insubsistência por falta de recursos para a alimentação, a higiene e a moradia. Enquanto o vírus pode causar riscos para 3 a 5% dos idosos das classes média e alta, o afundamento da economia pode ser letal para milhões de informais e até de novos desempregados formais nos setores mais modestos dos serviços, como bares, restaurantes e pequeno comércio.

Só em Belo Horizonte a previsão é de 60.000 desempregados em bares e botecos, com metade dos estabelecimentos quebrando, levantamento de hoje.

Não está havendo um real dimensionamento de riscos na abrupta paralisia de setores inteiros da economia e na falta de consideração sobre a importância desses setores para a SOBREVIVÊNCIA de grande parte da população brasileira, as consequências podem ser muito maiores do que a própria epidemia.

As diaristas e faxineiras, o pessoal de aeroportos, de limpeza de aviões, os funcionários de academias e shoppings, garçons de buffets, empregados de teatros e cinemas, pipoqueiros de estádios, o enorme número de temporários em eventos, feiras e exposições, guias de turismo, são apenas uma parte do enorme universo de homens, mulheres, adultos, rapazes e moças que perderão seu ganha pão com medidas de quarentena sem prazo.

Aparentemente NÃO há planos de contingência minimamente estruturados para a sobrevivência dessa grande parte da população. As poucas medidas anunciadas são tímidas, pequenas, insuficientes e mesmo assim não se vê estruturas operacionais para colocá-las em prática RAPIDAMENTE porque as pessoas almoçam todo dia. Falou-se em um cheque de R$200 mensais para esses autônomos, quantia obviamente insuficiente, MAS qual e onde está o mecanismo administrativo para fazer funcionar esse apoio? Não se sabe, MAS as medidas de paralisação da economia de serviços já estão em vigor.
É preciso um GABINETE DE CRISE não médico e sim econômico, quem chefiará? Paulo Guedes? Muitos morrerão de fome. Não há, na atual equipe econômica, vontade, URGÊNCIA MENTAL, capacidade, ânimo, empatia suficiente para gerir um plano de salvamento dos muito pobres da população brasileira.

É preciso uma equipe muito mais vigorosa e com real empatia, autoridade e capacidade para gerir a tempo e a hora um plano de socorro em escala.

Estamos copiando as medidas sanitárias de países ricos, esquecendo que esses países TÊM GORDURA FINANCEIRA PRIVADA para suportar quarentenas. Nossa população a ser atingida pelas medidas sanitárias NÃO tem camadas de resistência econômica para suportar falta de renda de sobrevivência mínima.

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