quinta-feira, 27 de março de 2025

O Estado deve garantir a alimentação


JOÃO PEDRO STÉDILE*

A sociedade brasileira precisa debater e decidir. Continuará dependente do modelo agroexportador ou vai optar por outro que priorize a produção de alimentos e garanta acesso a todos os brasileiros com preços justos

Estamos todos preocupados com o aumento dos preços do café, da carne, do óleo de soja e dos ovos. Mas nem todos os alimentos subiram de preço. Alguns até baixaram. O problema não é a falta de produção, que continuou normal ou até cresceu. No entanto, esses produtos têm uma característica: são produzidos por muitos agricultores, mas o comércio é controlado por poucas empresas que definem os preços.

Os desencontros da paz na Ucrânia

Major-General Carlos Branco [*]
resistir.info/
Cartoon anti-russo da Punch, no século XIX.

Teve lugar, no dia 11 de março, em Jeddah, na Arábia Saudita, um encontro entre delegações norte-americanas e ucranianas para discutirem a paz na Ucrânia, marcando, assim, o início de um processo diplomático, que se espera conduza à paz. A conclusão mais relevante que saiu desse encontro foi o anúncio de um cessar-fogo temporário, de trinta dias, que passou a dominar as atenções de quem segue o tema.

A corrida de guerra europeia: quem está por trás da indústria de guerra?

Fontes: Ctxt


O setor de defesa está passando pelo seu melhor período desde a Segunda Guerra Mundial, graças ao apoio da Comissão Europeia e ao impulso da aliança franco-alemã, que o vê como uma tábua de salvação para o declínio de suas economias.

Além da posição de Trump sobre uma possível paz na Ucrânia, a Europa parece já ter inegavelmente embarcado no caminho de aumentar seu orçamento militar. A Comissão Europeia, presidida pelo ex-ministro da Defesa alemão Von der Leyen e parte da grande coalizão formada pela extrema direita, socialistas e conservadores, prometeu mobilizar € 800 bilhões. "Estamos em uma era de rearmamento, e a Europa está pronta para aumentar enormemente seus gastos com defesa", disse o presidente da Comissão no início de março, após o congelamento de Trump na ajuda dos EUA à Ucrânia. O novo plano, chamado "Rearm Europe", propõe quebrar as regras tradicionais da UE, como congelar as regras do déficit fiscal para autorizar empréstimos para gastos militares; ou a compra conjunta de equipamento militar, para evitar sobrecarga de preços e cadeias de abastecimento; e empréstimos no valor de 180 bilhões para essas compras. O objetivo é "a aquisição de sistemas de defesa aérea e antimísseis, sistemas de artilharia, mísseis e munições, drones e sistemas antidrones, mas também atender a outras necessidades, do ciberespaço à mobilidade militar", afirmou von der Leyen. Dada essa espiral descendente inegável, vale a pena perguntar quais atores podem se beneficiar dessa corrida.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Bao Shaoshan: O valor estratégico dos portos do Panamá foi reduzido. A China pode usá-lo para algo mais importante.

A Hutchison Whampoa vendeu os portos de Cristobal e Balboa, em ambas as extremidades do Canal do Panamá, operados por ela, para o consórcio BlackRock. Na foto está o Porto de Balboa. Reuters

Fonte: Observer.com

[Texto/Bao Shaoshan, colunista do Observer.com, tradução/Guo Han do Observer.com]

O Canal do Panamá se tornou um ponto focal onde a crescente ansiedade e as narrativas nacionalistas estão interligadas nos Estados Unidos. Sob pressão do novo governo Trump, a insistência do magnata de Hong Kong Li Ka-shing em vender a franquia do porto do canal para a gigante americana de capital privado BlackRock despertou fortes dúvidas na opinião pública chinesa. O magnata dos negócios foi acusado de ganância "antipatriótica", e houve até pedidos para que o governo interviesse para bloquear o acordo.

A Doutrina Trump: Atitude temerária e reação adversa numa ressaca unipolar

Crédito da foto: The Cradle

A tentativa de Trump de reinventar o poder dos EUA por meio de coerção econômica, disciplina por procuração e guerra seletiva pode estar acelerando o declínio do domínio global dos EUA em um mundo que não está mais disposto a seguir as regras americanas.

Das promessas de acabar com as “guerras eternas” ao seu projeto “Riviera de Gaza” e novos ataques ao Iêmen, a política externa do presidente dos EUA, Donald Trump, pode parecer errática, até mesmo contraditória.

No entanto, por trás do teatro está uma tentativa calculada de reposicionar os Estados Unidos como uma força dominante dentro de uma ordem global multipolar e mutável. Mas ao tentar reafirmar esse domínio, Trump está inadvertidamente acelerando a própria transformação que ele busca domar?

Declínio do império americano

foto: Marjorie Matias

PEDRO DE ALCANTARA FIGUEIRA*

Os profissionais da contrarrevolução têm como tarefa primordial contribuir com os rentistas e governantes para impedir o desenvolvimento em marcha acelerada das forças produtivas

Estão se tornando frequentes as menções ao “declínio do império americano”, porém o que se entende como tal raramente diz respeito ao processo de transformação que enfrenta o modo capitalista de produção. Referem-se de preferência àquelas manifestações mais aparentes dos acontecimentos diários. Ainda é cedo para avaliar o papel negativo ou relativamente positivo que tais referências possam vir a ter.

Jango e os arquivos da CIA

(Foto: Fundação Leonel Brizola)

"A construção do 'Jango abobalhado' foi uma farsa criada pela CIA e abraçada com entusiasmo pelos golpistas de 1964"

Chico Teixeira
brasil247.com/

Na verdade, temos poucas novidades sobre a História do Golpe de 1964 nos arquivos liberados na semana passada por Trump. A presença dos Estados Unidos, o papel autoatribuído de vice-rei do Brasil pelo embaixador Lincoln Gordon (como se dizia então nas hostes da UDN e dos militares golpistas: "— Chega de intermediários, Lincoln Gordon para Presidente!"). O embaixador dos Estados Unidos tornou-se o defensor do golpe, da tese de Goulart comunista e da esdrúxula forma de "ditadura sindicalista" como objetivo de Jango, tudo para justificar a derrubada violenta do regime constitucional no Brasil. Vê-se, também, a disposição de John Kennedy em patrocinar um golpe de Estado no Brasil, sem quaisquer receios ou envergonhamento. E, assim, abriram-se as portas para os demais golpes na Argentina, Uruguai, Chile e por todo o continente, com seu cortejo de horrores.

China é exemplo de desenvolvimento pacífico enquanto EUA se tornam 'nação fora da lei', diz Jeffrey Sachs

O economista Jeffrey Sachs discursa no Fórum de Boao para a Ásia 2025, em Hainan, China (Foto: Guilherme Paladino/Brasil 247)

Em discurso no Fórum de Boao, no gigante asiático, o economista defendeu iniciativas de cooperação global e pediu "mais Confúcio e menos guerras" ao mundo


Por Guilherme Paladino, de Hainan (China), para o 247 - No segundo dia do 'Fórum de Boao para a Ásia 2025', realizado em Hainan, China, especialistas e líderes políticos debateram o futuro da governança global em um cenário de crescente turbulência geopolítica. Como um dos destaques do evento desta quarta-feira (26), o professor Jeffrey Sachs, renomado economista e diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, fez duras críticas à administração de Donald Trump e elogiou o modelo de desenvolvimento chinês.