Segundo Randolfe Rodrigues,
operadores de esquemas criminosos como a Lava Jato, o Metrô de SP e o TRE
desviaram dinheiro para a Suíça.
Najla Passos - http://cartamaior.com.br/
Os depoimentos já prestados na
CPI do HSBC, no Senado, em especial na sessão da última quarta (1), deixam
claro que há sim dinheiro brasileiro desviado de forma ilegal para as contas do
HSBC na Suíça, no caso que, na avalição do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),
autor do requerimento para abertura da investigação, já se configura o maior
escândalo de sonegação fiscal e evasão de divisas do país
“Os depoimentos de hoje tornam
inconteste que tem dinheiro brasileiro no exterior que deve ser recuperado. E
tem no mínimo sonegação e/ou evasão fiscal cometida neste caso do HSBC”,
declarou à imprensa o senador, ao final da audiência em que foram sabatinados
presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antônio
Gustavo Rodrigues, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid e o secretário
Nacional de Justiça, Beto Vasconcelos.
De acordo com a Receita Federal,
dos 342 brasileiros já apontados como titulares de contas no HSBC Suíço pela
imprensa, pelo menos 100 não declararam a remessa do dinheiro às autoridades
competentes do Brasil. Considerando que um total de 8,8 mil brasileiros mantêm
contas na agência suíça, o número de envolvidos em crimes deve ser
proporcionalmente maior. “Se, de uma amostra de 342 nomes, cem pelo menos tem
indícios para investigação, significa que nós estamos diante do maior escândalo
de evasão fiscal da história do país”, afirmou Randolfe.
O senador, porém, desconfia que
sonegação fiscal seja o menor dos crimes cometidos por brasileiros que
desviaram recursos para o paraíso fiscal europeu, por meio do multinacional
HSBC. Segundo ele, já está confirmado que o principal operador do escândalo da
Lava Jato, o doleiro Albert Yussef, mantinha contas na agência suíça. Assim
como vários dos envolvidos no escândalo de corrupção do Metrô de São Paulo e do
Tribunal Regional Eleitoral (TER) do mesmo estado.
“O objeto desta CPI é a soma de
todos os escândalos de corrupção que ocorreram no país nesses últimos anos. Por
isso, ela é tão importante”, afirma Randolfe. Para ele, o Brasil precisa
urgentemente, além de investigar e punir os culpados, melhorar seu sistema de
arrecadação. “Pelos depoimentos prestados pelo secretário da Receita Federal e
pelo presidente do Coaf, fica claro que o sistema brasileiro é uma verdadeira
peneira. Ninguém tem controle de nada”, observou.
Agora, o senador defende que a
CPI exija que a Receita Federal revele o nome dos cem contribuintes brasileiros
que, comprovadamente, não informaram ao fisco os recursos remetidos ao HSBC
suíço. A expectativa é que a lista contenha de políticos a proprietários de
grandes grupos de mídia, o que explicaria o espaço quase inexistente que o
caso, apesar da importância, vem ocupando no noticiário brasileiro. “A atenção
da imprensa está sendo muito pequena para a importância do assunto”, reclama
Randolfe.
Outra iniciativa que ele espera
concretizar ainda este mês é ter acesso à lista com os nomes dos 8,8 mil
brasileiros com conta no HSBC suíço. Segundo o senador, o procurador geral da
República, Rodrigo Janot, vai à França ainda este mês solicitar que o parquet
local compartilhe com o Brasil as informações do caso a que já teve acesso,
incluindo a relação de brasileiros. “O procurador-geral já se comprometeu a
dividir a listagem com a CPI”, esclarece Randolfe.
Créditos da foto: Pedro
França/Agência Senado
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