(Hoje em Dia) - A queda
de um avião A-400M, da Airbus, em Sevilha, na Espanha, no último sábado, que
causou, infelizmente, várias vítimas fatais, poderá influir diretamente nas
chances da aeronave de transporte militar KC-390, da Embraer, nos mercados internacionais.
Embora os dois aviões
tenham diferenças substanciais – o A-400M é um pouco maior, tem maior raio de
ação, e é turboélice, enquanto o KC-390 da Embraer tem aviônica totalmente
computadorizada (fly-by-wire) e é um jato, oferecendo mais agilidade e velocidade
em missões de intervenção e emergência civil ou de defesa – eles se destinam,
basicamente, para o mesmo mercado: como tanques de combustível para
abastecimento em voo de outras aeronaves e no transporte de tropas e
equipamentos pesados, como tanques, e pretendem substituir centenas de velhos
Hércules C-130, da Lockheed Martin, que estão em operação em todo o mundo.
O custo de
desenvolvimento do A-400M, previsto inicialmente em 3,453 bilhões de euros (10
bilhões de reais), subiu para 5,500 bilhões de euros (16,5 bilhões de reais) em
pouco mais de sete anos, o que mostra que alterações desse tipo em projetos
pioneiros e altamente tecnológicos são comuns, e não apenas no Brasil ou em
empresas como a Petrobras.
A Airbus, que também
vende aviões civis, é uma companhia estatal, direta e indiretamente controlada
pela França e Alemanha, e, marginalmente, pela Espanha, que tem uma
participação de 6%.
No Brasil, embora o
sucesso da Embraer seja atribuído à sua privatização, quem comanda a empresa,
decide e financia o desenvolvimento de seus maiores projetos, principalmente na
área militar, é, também, o governo brasileiro, que detêm uma “golden share” –
espécie de ação estratégica deixada por Itamar Franco – que lhe dá poder de
veto em caso de venda das ações da companhia para grandes controladores
estrangeiros e em decisões relacionadas à defesa nacional.
Assim como o submarino
nuclear brasileiro em construção, e os tanques Guarani fabricados em Sete
Lagoas, ou a nova família de rifles IA-2, fabricada em Itajubá – esse avião é
um projeto do governo Lula, que autorizou o seu desenvolvimento pela Embraer e
a FAB e o financiamento da Finep e do – agora sob ataque – BNDES, com
participação minoritária da República Tcheca, Argentina e de Portugal, que
também adquiriram exemplares do KC-390.
A queda do A-400M na
Espanha e a suspensão temporária de seu uso em vários países é um revés para a
Airbus, que pode ter perdido para a Embraer ao menos dois clientes – a África
do Sul, sócia do Brasil no BRICS, que desistiu da compra de oito A-400M, e a
Suécia, parceira do Brasil no novo caça Gripen NG-BR, que já demonstrou
interesse no avião brasileiro, que já está voando (vídeo) desde fevereiro.
O interessante, é que
no "ocidente" o KC-390 não está despertando muita atenção, mas, no
nosso sócio no BRICS, a China:
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