Turistas nacionais foram os
responsáveis pela melhor temporada de todos os tempos da indústria do teatro em
Nova York; a informação, do escritor Luis Fernando Veríssimo, publicada em sua
coluna do jornal O Globo, mostra que a elite, apesar das muitas reclamações,
mantem seu elevado padrão de vida, passeando pelos melhores destinos
internacionais entre um e outro panelaço; nesse Brasil de uma mídia que
amplifica a indignação dos remediados, não há futuro com o atual governo, que
afunda na lama, leva a população ao empobrecimento e o país ao descrédito com
os investidores; “Brasileiros enchendo teatros em Nova York significariam que o
Brasil vai muito bem. Mas isto se qualquer coisa significasse alguma coisa”,
ironiza Veríssimo
http://www.brasil247.com/ - A
Broadway, célebre avenida de Nova York que concentra os mais espetaculares
teatros e montagens cênicas épicas da indústria norte-americana do
entretenimento, teve em 2014/2015 a melhor temporada de todos os tempos. Os
responsáveis pelo desempenho histórico, noticia o The New York Times, jornal
mais importante do mundo, foram os turistas. Primeiro, os ingleses, ricos e
desenvolvidos; em segundo lugar, os brasileiros. Não, espera! Mas o Brasil não
está vivendo uma gravíssima crise econômica que causa o empobrecimento da
população e protestos contra o governo?
Essa questão, que deve espantar
os produtores norte-americanos, assustou também o escritor Luis Fernando
Veríssimo, que trata do tema neste domingo (14) em sua coluna no jornal O
Globo, publicação que não se cansa de alardear os efeitos da terrível
desaceleração econômica brasileira que levará inexoravelmente a nação ao
buraco. E que também é o porta voz da elite que tanto reclama da situação
econômica. “Mas que estranha potência é esse Brasil, que pode mandar tantos dos
seus cidadãos a Nova York, quando as notícias que se tem são de privação
econômica e panelaços?”, questiona o autor das Comédias da Vida Privada.
Veríssimo tenta explicar o
fenômeno de um ponto de vista filosófico, menos político, talvez para não criar
mais atritos com o jornal que publica suas colunas. O Globo é declaradamente
oposição ao governo federal e ao PT, a quem atribui a responsabilidade por tudo
de ruim que aconteceu de 1980 para cá. Para o escritor, ”há uma crise de representatividade
generalizada.”
Ele sustenta, sem julgamento ou
contaminação ideológica, que partidos políticos se reestruturam em toda parte,
para salvarem algum tipo de coerência da confusão: “Um exemplo é o PT, com suas
várias correntes em luta para definir uma identidade para o partido ou resgatar
uma identidade perdida.” E dá outros exemplos pelo mundo, como na França, onde
o partido do Sarkozy, a UMP, mudou de nome, agora é Republicains. Ou na
Inglaterra, onde os trabalhistas continuam tentando descobrir o que representam
de diferente dos conservadores no poder.
Seria naturalmente mais simples
analisar e concluir que existem dois brasis no Brasil. O daqueles que
ascenderam socialmente, passaram a consumir e vislumbraram uma perspectiva real
de melhoria de vida e que hoje têm recursos para invadir Nova York e assistir
aos melhores espetáculos teatrais do mundo. E o Brasil da mídia, para quem não
há futuro com o atual governo, já há mais de 12 anos no poder, que afunda na
lama, leva a população ao empobrecimento e o país ao descrédito internacional.
No bojo de sua análise, Veríssimo
faz uma crítica sutil à elite brasileira, que espanca as panelas em protesto
contra o governo, alardeia uma crise sem precedentes mas que mantem as
condições financeiras para manter seu elevado padrão de vida, gastando seu
inglês fluente nos destinos mais badalados de Nova York
“Brasileiros enchendo teatros em
Nova York significariam que o Brasil vai muito bem. Mas isto se qualquer coisa
significasse alguma coisa”, despista Veríssimo.
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