Um caso recente dessa situação
envolveu empresas de tabaco que processaram o governo do Uruguai devido às
imagens colocadas nos maços de cigarro
Susana González G. - La Jornada /
http://cartamaior.com.br/
Durante sua participação no Fórum
Econômico Mundial sobre a América Latina, em Quintana Roo no México, no mês
passado, o economista Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de
2001, criticou o fato de que alguns acordos ou tratados comerciais permitem aos
investidores ou às empresas o direito de abrir processos na Justiça contra
governos caso não obtenham os lucros que esperavam, ou se depois as perdem
devido a mudanças nas leis ou regulamentações que, por exemplo, protegem a
saúde da população e o meio ambiente.
Um caso recente desse tipo de
situação envolveu as grandes empresas de tabaco, como a Phillips Morris, que
processou o governo do Uruguai devido às imagens colocadas nas caixinhas de
cigarro que alertavam para os riscos do consumo do produto para a saúde, fruto
de uma nova legislação no país sobre o tema, que é semelhante a que existe nos
Estados Unidos e no México, voltada a tentar de dissuadir as pessoas do hábito
de fumar, sob a lógica de que proteger a população com campanhas de conscientização,
para que “não se matem fumando” (segundo a consigna da campanha uruguaia),
diminui bastante os custos do sistema de saúde.
Com o Tratado de Livre Comércio
da América do Norte (TLCAN), o México pode ser demandado pelos particulares
através do capítulo 11, o que, segundo Stiglitz, pode levar o país a perder
tanto quanto o Canadá, pelo mesmo motivo. Por outro lado, o economista citou
que o próprio governo dos Estados Unidos foi demandado, segundo essa mesma
legislação, mas nunca perdeu uma causa, pois o país “possui advogados muito
caros e muito bons”.
Os processos de negociação dos
acordos comerciais, disse ele, sempre são secretos, e deixam do lado de foram
as assembleias locais e a sociedade, porque a informação é classificada como
confidencial, como se faz com a bomba atômica, ainda que esses segredos acabem
depois sendo vazados por meios como WikiLeaks.
Stiglitz, que também foi chefe
dos assessores do ex-presidente Bill Clinton, afirmou que embora os acordos
comerciais assegurem a queda das taxas aduaneiras – com benefícios a todos,
segundo sua visão – eles também manejam interesses muito poderosos, e que, com
a globalização essas taxas já se haviam reduzido.
Créditos da foto: IMF
Photograph/Stephen Jaffe
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