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O que acontece
quando a educação vira mercadoria
A
Anhanguera Educacional tornou-se uma empresa S.A., com ações na bolsa de
valores e uma agressiva política de compra de outras instituições. Depois de
gastar R$ 800 milhões com a compra de 12 redes de ensino, o grupo tornou-se a
maior rede de ensino do país. Só no ABC a Anhanguera já adquiriu a Faenac, em
São Caetano, a Anchieta e a Uniban, em São Bernardo, a UniA e a UniABC, em
Santo André.
Com
a aquisição de tantas faculdades, era de se esperar que houvesse mudanças no
quadro de professores, promovendo assim um alinhamento com as diretrizes do
grupo. No entanto, o que acabou acontecendo foi muito mais que isso.
As demissões em
massa
Segundo
dados da Federação dos Professores de São Paulo (Fepesp), o Grupo Anhanguera
demitiu apenas no Estado de São Paulo 1.497 professores. E esse número deve ser
ainda maior, uma vez que há relatos de demissão em outros estados, como Rio
Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Especula-se
que a Anhanguera deseja reformular seu quadro com professores de titulação mais
baixa. Segundo professores da Anhanguera, a instituição paga a um mestre o
valor de R$ 38,00 por hora-aula e, agora, deverá pagar R$ 26,00 aos novos
contratados.
O outro lado
Por
nota, a Anhanguera Educacional afirma que “A Anhanguera realizou um grande
ciclo de aquisições em 2011, com 12 instituições adquiridas, e que a
atualização do corpo docente é necessária para adaptar os currículos das novas
unidades ao padrão de qualidade dos cursos da Anhanguera. Neste ajuste, a
instituição reduzirá o numero de professores temporários, mas também fará
contratações de outros em regime integral”, diz a nota.
Verdade seja
dita
A
incoerência da nota publicada pelo grupo Anhanguera encontra-se no fato de que
foram realizadas demissões radicais em praticamente todas as faculdades do
grupo, ou seja, não foram apenas as 12 instituições adquiridas em 2011 que
tiveram baixas em seu quadro docente.
Outro
aspecto curioso é que 2011 foi ano de avaliação institucional das faculdades do
grupo pelo MEC, e os avaliadores do governo encontraram um quadro de professores
mestres e doutores que não se encontram mais nas faculdades. A grande sacada aí
é que legalmente, as universidades precisam ter ao menos 1/3 de professores com
mestrado ou doutorado. Mas há o entendimento de que a porcentagem diz respeito
ao número de docentes, não à quantidade de aulas dadas.
E eu com isso?
Imagine
a situação absurda: professores qualificam-se com titulação de mestres e
doutores e são penalizados exatamente porque estudam.
Sem
mencionar que as oportunidades de emprego para mestres e doutores vão acabar se
reduzido às instituições públicas, principalmente em regiões como a Grande São
Paulo, onde o grupo comprou grande parte das instituições.
“Só
dava aula naquela instituição. Sei que na região minhas opções diminuíram, pois
não vou procurar nas que integram o grupo. Além disso, a qualidade do ensino
fica prejudicada, uma vez que preferem contratar profissionais com menos
experiência e estudo”, lamenta o professor em entrevista ao jornal Folha de São
Paulo.
Para
finalizar, a pergunta que não quer calar: “Por que será que o MEC não toma uma
atitude a respeito deste sucateamento do ensino privado superior no país?”.
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