sábado, 14 de novembro de 2015

Adilson Filho: Aproveitadores da tragédia de Mariana já mostram as suas garras

image (2)
por Adilson Filho, especial para o Viomundo // http://www.viomundo.com.br/

Esse é um daqueles raros momentos em que a nação é forçada a se deparar com uma verdade das mais dolorosas que carrega em si: a estrutura social do Estado, que deveria ser montada na direção dos cidadãos, atende prioritariamente a busca destrutiva do lucro do capital.

Sabemos, ainda que não nos conformemos, que todos os poderes operam, em maior ou menor nível, a partir dessa lógica.

Porém, nada é mais desastroso para o nosso país do que uma mídia tão golpista e “leão de chácara” do poder econômico como essa. Porque cabe a ela o “serviço sujo” de desinformar a parcela da população que vai influir nas decisões das demais instâncias definidoras dos rumos que afetam diretamente a vida de todos nós.

A mídia empresarial dá porrada sem piedade nas estatais, enquanto faz defesa cega das empresas privadas. Apóia greve infundada de caminhoneiros e “revoltados on-line” e desce a lenha no lombo dos grevistas da Petrobrás e nos professores.

Foram essas mesmas organizações que, nos anos 90, fizeram de bom grado a propaganda privatista que ajudaria a entregar a Vale a preço de banana. A Globo, que teve decisiva participação no desmonte do Estado promovido nessa época, não é de se estranhar que agora mova mundos e fundos para desviar o foco da responsabilidade da empresa que fez de tudo pra ajudar a vender.

Os desdobramentos disso são os piores possíveis. Após um desastre dessa proporção que ceifou a vida de tanta gente, pessoas da mesma carne e do mesmo osso criam um movimento chamado “Somos Todos Samarco”. Que morram quantos tiverem que morrer soterrados na lama, a cabeça da Dilma vale qualquer gesto de desumanidade. E, infelizmente, não para por aí, esse é o fundo do poço civilizatório cujo o enfrentamento já rotinizamos . Mas o que dizer desses que se aproveitam de tragédias humanas para, de forma dissimulada, fazer política, atacando pesadamente o governo e se escondendo atrás da agenda ambientalista?

Gente ligada à grandes empresas da área de cosméticos, a bancos privados, gente que mobiliza jovens antenados para irem às ruas lutar suas causas, gente que sabe fazer o jogo duplo como ninguém, ilusionistas que proliferaram no Brasil de 2013 pra cá, estão aí mostrando suas garras daquele mesmo jeito: batendo e se fazendo de vítima.

Nada é por acaso, tudo é parte do jogo, não à toa, Marina que andava sumida, tem tido palanque farto essa semana na Rede Globo. A turma da Rede sabe a hora de avançar na jugular da Dilma; estão vendo a brecha, o vácuo deixado pela crise da representação e se apresentam como alternativa, mas dessa vez em cima de um palanque de lamas e corpos que deveria os envergonhar.

Um deles, após uma série de ataques à presidente muito bem calculados pela manhã que, por coincidência, culminariam com a ida de Marina Silva, à noite, a Globo News, não conseguiu mais disfarçar. Minutos depois de externar na rede social sua “preocupação” com a tragédia, diz de forma bem descontraída: “uma pausa no plantão de desgraças”.

Sim, qualquer semelhança com José Luis Datena não é mera coincidência para os que te habilidade dissimuladora de um ‘ninja’. Quando a nossa tão castigada democracia assume ares de “ditadura midiático-empresarial”, com representantes patrocinados por aqueles que deveriam fiscalizar, com “plantonistas da desgraça” pintados de verde fazendo a cabeça da moçada por aí, com a gente gastando energia que poderia tá sendo empregada ainda mais no bom combate eu fico me perguntando: onde foi parar o horizonte?


O jogo é muito pesado; poucas vezes na vida me senti assim, com a certeza de que preferia não ver nada disso que está diante dos meus olhos. Uma certeza covarde que é muito difícil lidar. Mas a gente levanta de novo, e de novo. A desesperança pode até bater sem trégua, mas num país com tantos contrastes, contradições e desafios, trégua pra uma direita desse nível de perversidade e mascaramento, jamais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário