por Adilson Filho, especial para o Viomundo // http://www.viomundo.com.br/
Esse é um daqueles raros momentos em que a nação é
forçada a se deparar com uma verdade das mais dolorosas que carrega em si: a
estrutura social do Estado, que deveria ser montada na direção dos cidadãos,
atende prioritariamente a busca destrutiva do lucro do capital.
Sabemos, ainda que não nos conformemos, que todos
os poderes operam, em maior ou menor nível, a partir dessa lógica.
Porém, nada é mais desastroso para o nosso país do
que uma mídia tão golpista e “leão de chácara” do poder econômico como essa.
Porque cabe a ela o “serviço sujo” de desinformar a parcela da população que
vai influir nas decisões das demais instâncias definidoras dos rumos que afetam
diretamente a vida de todos nós.
A mídia empresarial dá porrada sem piedade nas
estatais, enquanto faz defesa cega das empresas privadas. Apóia greve infundada
de caminhoneiros e “revoltados on-line” e desce a lenha no lombo dos grevistas
da Petrobrás e nos professores.
Foram essas mesmas organizações que, nos anos 90,
fizeram de bom grado a propaganda privatista que ajudaria a entregar a Vale a
preço de banana. A Globo, que teve decisiva participação no desmonte do Estado
promovido nessa época, não é de se estranhar que agora mova mundos e fundos
para desviar o foco da responsabilidade da empresa que fez de tudo pra ajudar a
vender.
Os desdobramentos disso são os piores possíveis.
Após um desastre dessa proporção que ceifou a vida de tanta gente, pessoas da
mesma carne e do mesmo osso criam um movimento chamado “Somos Todos Samarco”.
Que morram quantos tiverem que morrer soterrados na lama, a cabeça da Dilma
vale qualquer gesto de desumanidade. E, infelizmente, não para por aí, esse é o
fundo do poço civilizatório cujo o enfrentamento já rotinizamos . Mas o que
dizer desses que se aproveitam de tragédias humanas para, de forma dissimulada,
fazer política, atacando pesadamente o governo e se escondendo atrás da agenda
ambientalista?
Gente ligada à grandes empresas da área de
cosméticos, a bancos privados, gente que mobiliza jovens antenados para irem às
ruas lutar suas causas, gente que sabe fazer o jogo duplo como ninguém,
ilusionistas que proliferaram no Brasil de 2013 pra cá, estão aí mostrando suas
garras daquele mesmo jeito: batendo e se fazendo de vítima.
Nada é por acaso, tudo é parte do jogo, não à toa,
Marina que andava sumida, tem tido palanque farto essa semana na Rede Globo. A
turma da Rede sabe a hora de avançar na jugular da Dilma; estão vendo a brecha,
o vácuo deixado pela crise da representação e se apresentam como alternativa,
mas dessa vez em cima de um palanque de lamas e corpos que deveria os
envergonhar.
Um deles, após uma série de ataques à presidente
muito bem calculados pela manhã que, por coincidência, culminariam com a ida de
Marina Silva, à noite, a Globo News, não conseguiu mais disfarçar. Minutos
depois de externar na rede social sua “preocupação” com a tragédia, diz de
forma bem descontraída: “uma pausa no plantão de desgraças”.
Sim, qualquer semelhança com José Luis Datena não é
mera coincidência para os que te habilidade dissimuladora de um ‘ninja’. Quando
a nossa tão castigada democracia assume ares de “ditadura
midiático-empresarial”, com representantes patrocinados por aqueles que deveriam
fiscalizar, com “plantonistas da desgraça” pintados de verde fazendo a cabeça
da moçada por aí, com a gente gastando energia que poderia tá sendo empregada
ainda mais no bom combate eu fico me perguntando: onde foi parar o horizonte?
O jogo é muito pesado; poucas vezes na vida me
senti assim, com a certeza de que preferia não ver nada disso que está diante
dos meus olhos. Uma certeza covarde que é muito difícil lidar. Mas a gente
levanta de novo, e de novo. A desesperança pode até bater sem trégua, mas num
país com tantos contrastes, contradições e desafios, trégua pra uma direita
desse nível de perversidade e mascaramento, jamais!
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