WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS // http://www.brasil247.com/
É falsa a tese de que o Judiciário se sobrepôs ao Executivo
e ao Legislativo. A verdade aterradora é que um grupo de procuradores e
juízes-bomba acuou as três instituições da ordem democrática usando a chantagem
de se auto explodir, instalando, no ato, o estado natural da desordem.
Utilizando um sistema estalinista de espionagem pública e
doméstica, sem exceção de pessoas, investigadas ou não, conseguiu a adesão de
corpos profissionais, agora sem pudor de promover farsas nazistas de
julgamentos prévios e sumários. Sentenças proferidas antes de exame processual,
degradação acusatória como substanciação das peças da promotoria, leviandades
jornalísticas arroladas como provas irrefutáveis, fatos consumados com apelos à
emoção popular, levaram associações profissionais e empresariais a aderir à
ilegalidade, tentativa de salvar a face da impotência e medo de seus anéis.
Com técnicas de bombardeio durante vinte e quatro horas por
dia, pânico psicológico e duplo discurso afirmando fazer o oposto do que
efetivamente faz, o grupo de fanáticos já defende sem disfarce a doutrina
tirânica de que os fins justificam os meios, subscrita pelos órgãos de
comunicação, crônicos sócios das aventuras ditatoriais do País.
É verdadeira a tese de que parte considerável da sociedade
brasileira e das autoridades de que depende a integridade democrática tem se
mostrado conivente com medidas de duvidoso fundamento jurídico, buscando
apaziguar as bestas, tal como os primeiros ministros europeus diante do nazismo
e fascismo ascendentes.
As redes sociais festejam a próxima caça às bruxas do meio
artístico, intelectual, sindical e de profissionais liberais, sem que sejam
denunciadas e punidas, sim, punidas, porque convidam à violência e à
destruição. Não é recente a revelação das sementes fascistas de parte da opinião
pública brasileira. O fenômeno é consubstancial às sociedades capitalistas, e
só contido por condições econômicas favoráveis e instituições democráticas
vigilantes. À intolerância do irracionalismo sucumbem todos os países, se a
oportunidade se lhe oferece, como o provam os péssimos espetáculos
contemporâneos das civilizadas sociedades nórdicas, pós-crise de 2008.
A dignidade conquistada pelos pobres e miseráveis, negros,
mulheres e minorias discriminadas, não seria esquecida pelo reacionarismo
nacional, cultivador de ressentimento e ódio, semeador de ameaças, à espreita
da primeira ocasião para vingança. Ela veio de contrabando em investigação
pertinente e fundamentada, substituindo personagens e acrescentando ao
contingente de comprovados vilões os responsáveis políticos pelo combate à
miséria e à discriminação.
A sanha vingativa repudia a legalidade e dispensa os ritos
jurídicos, certa do silêncio cúmplice dos liberais brasileiros. Estes, outra
vez, consomem a ilusão de que não é com eles. Pois a eles chegarão todos os
excessos cometidos em nome da purificação política. A vingança conservadora
promete cobrar enorme preço pela ousadia de quem a ignorou. Prometem fogo e
prometem sangue. Os liberais serão corresponsáveis pela insanidade coletiva,
programada pelo grupo de arruaceiros judiciários e inflamada pela imprensa
totalitária.
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