JOÃO DOS SANTOS GOMES FILHO // http://www.brasil247.com/
Vivemos, disse Carlos Drumond de Andrade, uma época de merda
e de maus poemas. A condução coercitiva de Lula, ordenada pelo Juiz Moro, eleva
o debate de nossa época (de merda) a um patamar ideológico que, sob a batuta da
sociedade midiático/familiar do espetáculo, potencializa a própria merda...
Neste contexto, a operação lava jato e seu combustível
midiático (familiar), para além de sequer equiparar-se a um mau poema, já exala
um fedor inimaginável em um Estado que pretenda se sustentar, democraticamente,
no Direito.
Assim é que a aposta na perpetuação de prisões preventivas
absolutamente ilegais (do ponto de vista dogmático) e que não se coactam nas instâncias
superiores (pressão das mídias familiares ou aparelhamento ideológico das
Cortes superiores?) veio somar-se a antecipação do início da execução, logo
após o julgamento dos recursos de apelação.
Tanto na manutenção das prisões preventivas, quanto na
decisão que desliga o início da execução do trânsito em julgado, a atuação das
mídias familiares revelou-se decisiva.
A condução coercitiva de Lula hoje ordenada e ultimada é a
cereja deste bolo fecal... Deveras, o dia de hoje não começou à zero hora. Seu
marco temporal coincide com o instante em que o Supremo, traçando um ‘ponto
fora da curva’, cedeu ao projeto de poder (sobrevivência) das famílias
midiáticas do Brasil, fazendo uma releitura da teoria nazista do domínio do
fato.
Repaginado o modelo nazista de persecução e alocado Aires
Brito Presidente do INOVARE, a direita brasileira enfim alcança o pasto fértil
que tanto buscou.
Assim, autorizada pelo Supremo, o uso da ferramenta
judicante nazista passa a abastecer uma parte (ínfima) do judiciário federal
que sempre dançou neste ritmo...
Este combustível vem perpetuando a jurisdição quase eterna
do Tribunal monocrático de Curitiba, sem que vozes dissonantes se levantem. Sem
que a comunidade jurídica se manifeste (indignada) pelo contexto da obra e não
por situações pontuais...
Deveras, as ordenações curitibanas que já haviam
estabelecido um modelo processual inédito, determinando conduções coercitivas
absolutamente afastadas do texto legal (suposto que padecem de sua condição de
viabilidade), se superaram ao suscitar justificativa fascista por ocasião da
condução de Lula, quando um procurador teria justificado o movimento na
necessidade de proteção do Presidente.
O que impressiona, entretanto, não é o aparelhamento
ideológico do modelo fascista, mas sim a ausência de controle judicante de seus
excessos, suposto que nem os Juízes que colaboraram com o Dulce ousaram
legislar...
Assim, a divulgação pelo twiter madrugador (02:00h) de
jornalista da Folha de São Paulo, antecipando o que estaria por vir, faz as
vezes do uivo solitário que anuncia, para a alcateia, a hora do encontro com
a presa mais cobiçada..
Aqui, a arte imita a vida, na medida em que a marcha
nazifascista recepciona enquanto fato histórico a ação por etapas, à conta
gotas...
Primeiro os arianos se livraram dos judeus (para lhes
roubarem), depois dos homossexuais (para com eles não se deitarem?), na
sequencia dos negros (mito do tamanho?) e, durante o processo, tiveram tempo
para celebrar decretos de esterilização dos portadores de necessidades
especiais – bobos, idiotas, aleijões...
A esquerda foi a última a ser alcançada. O resto é história
– triste, mas história...
Aqui, alcançada a esquerda, assistimos em tempo real a
conjugação dos esforços das mídias familiares, emparelhada com as decisões do
Tribunal monocrático de Curitiba, sem qualquer delay, na tentativa de
desconstruir o Mito Lula, à custa do sangue do cidadão Luiz Inácio...
É dizer: As famílias midiáticas já iniciaram a corrida ao
palácio do planalto que, pelas mãos do calendário eleitoral, deveria acontecer
em 2018...
O que há de novo nisso? Afinal a mais antiga das histórias
da humanidade é, justamente, a de manter o poder...
A novidade é a ausência de indignação da comunidade jurídica
como um todo, na medida em que o modelo antidemocrático e ilegal de condução do
processo, cunhado em conduções coercitivas ilegais, prisões preventivas
abusivas, ordenadas apenas para produzir delações, não recebeu (no tempo
devido) as devidas críticas ou cortes do Poder judiciário, tal qual na Alemanha
dos nazistas, onde os decretos de esterilização não mereceram o combate do
Poder Judiciário de época...
Em Alemanha nazista os vizinhos que não diziam nada
justificaram o seu silêncio no medo da máquina de guerra do füher, enquanto os
doutores da Suprema Corte Alemã que aderiam aos decretos de esterilização
jamais se justificaram...
Quando perguntados, no julgamento de Nuremberg, sobre a
própria conduta, assentiram que deram a jurisdição devida, na medida em que os
decretos de esterilização eram a expressão da lei de época.
Contornaram, assim, a própria história com o uso da retórica
que, lá como cá, abençoa o desuso do estado de direito...
Registre-se: A retórica foi a mais aguda colaboração dos
Juízes da Suprema Corte nazista ao esforço de guerra do terceiro reich...
De toda sorte, passada a estupidez midiática de sua condução
coercitiva, Lula já se manifestou e, enquanto líder maior da esquerda latino
americana, caminha de encontro ao próprio legado – que já o abraçou.
E nós outros, seus legítimos seguidores políticos, o que
fazemos? Vamos às ruas? Saímos no braço? Falamos mal do juiz Moro e de seu
Tribunal monocrático de Curitiba?
Penso que nada disso importa.
Passado o instante da condução coercitiva de Lula, o que
está em disputa imediata é a desmistificação de nossa Corte Suprema, suposto
que a luta das famílias midiáticas para salvar o próprio rabo não é assunto
relevante ao judiciário, nem há qualquer esforço de guerra que justifique o
exercício da retórica, tampouco imbecis e idiotas à espera de serem
esterilizados...
O que existe é o instante e o direito, cujo reclamo foi
posto às mãos da ministra que, um dia, convocou o Juiz Moro para lhe auxiliar
no Supremo. A ela cabe dizer se o seu antigo assessor tem competência para
investigar o cidadão Luiz Inácio.
Com a Ministra Rosa a palavra!
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