Desde o episódio de Congonhas, há um mês exatamente, o ministro Marco Aurélio Mello se tornou uma pedra no sapato golpista. O puxão de orelhas no juiz Sérgio Moro, por causa da condução coercitiva sem justificativa, o posicionou como um escudo contra os disparates jurídicos ocorridos.
Marco Aurélio Mello expôs a crueza do estado de exceção imposto pela Mani Pulite tupiniquim.
Ainda obscuro, o referido episódio ainda renderá muitas possíveis versões para explicar a trapalhada da PF na tentativa espúria de levar Lula para Curitiba. Uma delas é justamente a presença do ministro do supremo no aeroporto naquela manhã. Foi isso um acaso?
Sua crítica não deixou dúvidas quanto ao método utilizado, “atropelando regras” e, muito menos, sobre a desculpa, pra lá de esfarrapada, do juiz Moro. Que o motivo seria a proteção do próprio ex-presidente.
Marco Aurélio Mello disse que não queria ter tido esse tipo de “proteção”.
Em novo momento de exposição e demarcação, Mello expõe as razões que caracterizam o impeachment como golpe disfarçado. Adverte que impeachment sem crime de responsabilidade transparece golpe.
E vai além, se refere ao impasse que ocorre no país e que está paralisando a economia, quem sofre com isso, é o trabalhador. Ao fim, roga por temperança.
Na noite de segunda-feira, foi entrevistado no Programa Roda Viva. A equipe escalada tinha trabalho encomendado. Fazer Mello vomitar alguma expressão qualquer que pudesse se tornar a manchete salvadora para legitimar o ilegítimo.
Durante os quatro blocos do programa, fica evidente a alcateia alucinada em busca de uma contradição. Evidencia também (basta ver quais os órgãos de imprensa ali representados) o ódio propalado em forma de notícia pelos deformadores de opinião.
O que se ouviu ali se ouve nas ruas. As mentiras repetidas a esmo e sem constrangimento.
Augusto Nunes, cínico mor, estava atento para passar a bola imediatamente para um ou para outro a fim de desestruturar o ministro. (ingenuidade, desfaçatez ou falta de limites?)
Mello precisou responder mais de uma vez sobre o foro privilegiado de Lula, mas não deixou barato.
Para ele, a ida de Lula ao governo seria a tábua de salvação do governo, não de Lula. E ponderou que seu desprendimento para a tarefa era tal que podia, inclusive, deixar sua própria família desprotegida e, portanto, nas garras de Moro.
Nesse momento (aqui o ponto exato do vídeo) ouve-se o uivo do jornalista José Neumane.
Ainda haveria duas cartadas para tentar desestabilizar o ministro e, de quebra, desqualificá-lo:
Se ele não se sentia constrangido pelo fato de sua filha ter assumido um cargo como desembargadora do TRF-2.
E se ele não temia ser visto como alguém que defende um governo corrupto ou como alguém tenha se convertido ao petismo.
Marco Aurélio Mello, com absoluta maestria, rebateu todas as ilações e desmascarou as distorções. A importância estava na disputa da versão apregoada pela imprensa contra a análise técnico-jurídica de um ministro do supremo.
Mello se destaca como o fiel da balança e representa o mediador confiável que há tempos tem faltado. A grande imprensa se afoga nas próprias mentiras, pois, como disse Mello, “fora da lei não há salvação”.
O golpe caiu do telhado e Lula irá para o governo. E eles sabem disso.
Marco Aurélio Mello trouxe confiança e esperança ao Judiciário e ao Brasil. “A quadra, a meu ver, é alvissareira, porque não se esconde mais essas mazelas”.
Ele pode ter sido o fator da virada (do estado de exceção ao estado de direito). Uma voz dissonante ou, possivelmente, um porta-voz do STF.
Por que ele? Por não ter sido – além de Gilmar Mendes e Celso de Mello, que obviamente têm outro lado – escolhido por Lula ou por Dilma.
Os tribunais também sabem falar por linhas tortas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12